O tutor.

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Vejo ela dormir, ela está ao meu lado de costas, por baixo do lençol não há uma roupa se quer, o pano branco cria contraste com sua pele escura e seus longos cabelos, a respiração suave traz paz ao meu coração, me alegra pensar que posso ter ela... E nunca paro para pensar que muitos diriam que deveria ser um homem, e eu não paro por que não quero, o que eu quero é fazer ela feliz.

Me levanto da cama e coloco as roupas que tinha pegado antes, ela não se mexe em nenhum momento. Caminho até a cozinha, pego um copo de água e resolvo sair e ver se está tudo bem. Abro a porta e logo em seguida tranco de novo, ela ainda não pode ir, não sem mim, pego o revolver que fica escondido por baixo de ramos e coloco no cós do short, aperto o botão e o buraco lá em cima abre, subo a escada e quando saio de dentro do esconderijo, me alongo, e quando estou prestes a andar um pouco, escuto um barulho, instintivamente tiro o revolver, e aponto para o barulho, caminho lentamente, e abro os arbustos... Como algo clichê um coelho sai correndo, suspiro e quando me viro...

-AAAAAAAAAAAAAAAH

-Olá Victoria.

Alfredy me encara firme, ele esta com uma roupa estilo do exercito e me olha com cara brava.

-Oi... O que faz aqui? Gosta de me perseguir não é mesmo?

-Agradeça que eu cheguei, assim escondi seu carro, e impedi que policiais ou viajantes estranhassem um carro parado no meio do nada.

-Tá okay, pode ir, vou voltar tomar um banho e vou indo. -Arrumo a postura e suspiro de dor.

-O que aconteceu? Ele vem para cima de mim e ergue minha blusa mostrando o roxo que se espalha por minhas costelas...

-Devia imaginar, bom vamos eu vou te ajudar com a cura, vou no meu jipe buscar os remédios e ataduras, para concertamos essa costela quebrada.

-Não!! Quer dizer, não se preocupe eu estou bem...

-Está escondendo algo né? Muito bem desça e me aguarde.

Ele vira as costas e não diz mais nada, acelero para a entrada que ainda estava aberta e desço por lá, ao destrancar a porta vou até Emma que dorme em minha cama ainda.

-Emma... Emma, acorde.

-Olá, dormiu bem?

-Olha dormi sim, mas agora meu tutor está ali fora e ele ainda não pode saber de você, portanto você vai se esconder...

-Mas onde? E por que não?

Puxo ela pela mão e pego chave que estava em cima da estante da sala, abro o quarto ao qual não deixei ela entrar.

-Entre ai, não mecha em nada, nem tranque a porta, aguarde e quando você puder aparecer, eu te chamo, okay?

-T-Ta, ok, ok.

Fecho a porta e me sento no sofá, espero que Alfredy apareça e tento não parecer estranha.

-Foi só ai que acertaram?

-Sim... Está tudo okay, menos minha costela.

Ele diz que sim e pede para que tire a blusa e que eu deite. Ao erguer os braços, urro de dor, ele olha o roxo quando se aproxima e tira uma seringa, nunca descobri como, mas sempre que me machucava tudo passava rápido, era só um remédio e uma pomada, e pronto tudo sarava. Mas assim que ele encosta em mim, sinto uma dor muito grande irradiar por todo o meu corpo, estou ficando fraca e escuto Alfredy dizer que estou com hemorragia interna, parece que o osso furou o meu pulmão, e minha visão fica turva, ele aperta dos lados, 2 costelas quebradas ao lado direito, quando percebo ele pega uma faixa branca na mochila, parece saber o que fazer, mas sabe? Ao mesmo tempo não parece, ele coloca a mão no ferimento, olho em seus olhos, não escuto direito, ele recita algo em latim, e fogo preenche meu corpo, a dor é tanta...

Emma Fields.

Ela me pede pra ficar em um quarto escuro sem me mover, ela é completamente louca, olho pela fresta da chave, e observo suas pernas, ela está sentada, passos pesados chegam, e escuto uma voz grossa e levemente nasalada, o tal tutor deve ter chegado. Ela esta deitada e solta sons de dor, meu coração aperta, se passam minutos e estou agoniada, ele começa a sussurrar algo estranho e ela grita, um grito de dor que invade todo o lugar. Abro a porta

-Que porra é essa?!

O homem para de falar coisas estranhas e olha para mim, ele é negro, deve ter uns 2 metros de altura, os olhos confusos são escuros e não vejo a pupila, ele não sorri e sua voz está cansada.

-Quem é você? Ah depois você me diz estou ocupado.

-Em... Emma...

Me aproximo dela, o homem encosta em mim e tenta me tirar dali, mas o empurro, okay ele nem se mexe mas dá um espaço, e olho para o rosto de Vic, estampa a dor em seus olhos, e ela sorri para mim.

-Relaxa gata é só uma costela quebrada...

-você precisa ir ao medico.

-não posso, meu medico está aqui, agora só segure a minha mão e aguarde okay?

Quando ela diz isso o homem retorna a falar coisas estranhas e posiciona a mão sobre a área machucada. Aperto sua mão e ela olha para mim, enquanto uma luz sai da mão daquele homem.

A maldição tem asasOnde histórias criam vida. Descubra agora