A maldição tem asas

A descoberta

-Como que... Como você entrou aqui!?

-Você deixou a porta da frente destrancada, tome mais cuidado com isso.

Ela se levanta e se vira pra mim, notando que estou semi-nua, um sorriso envergonhado estampa seu rosto, enquanto ela observa meu corpo, fico estressada e acelero o passo até ela, ela não se mexe, nenhum músculo se quer, pego minha blusa, e a visto e depois coloco minha calça, enquanto fecho o zíper ela fala.

-Olha, se acalma, você fica bem de qualquer jeito.

-Sai do meu quarto, AGORA!

Ela se levanta e caminha em direção a sala, o meu caderno fica aberto, em um desenho onde um cara de asas luta com um animal verde e gosmento, fecho ele e o arremesso dentro do guarda roupa. A minha sorte é que eu havia tirado o quadro dela de meu quarto e havia colocado em meu guarda-roupa.

-Tá o que você está fazendo aqui? Por que não bateu? Sabia que invasão de propriedade é crime né?!

-não foi invasão se a porta estava destrancada, não bati por que sabia que não me atenderia e vim te conhecer, trouxe até uns biscoitinhos, sei lá se ficou bom, sou um desastre na cozinha.

Olho para os biscoitos perto do envelope misterioso, eles realmente parece bons, mas isso não explica a invasão.

-Mas okay, se não quer conversar, eu vou embora. -Ela revira os olhos e se levanta.

-Não! Espera Emma, dá um desconto, você me pegou de surpresa, eu estava só de roupa de baixo, tenho direito de ficar assustada.

Ela sorri pra mim, pega os biscoitos coloca na mesa de centro e senta em um dos pufes, me acomodo em outro ao seu lado, tentando manter distancia para que nossas peles não acabem se tocando.

Ela nota isso e diz. -Não irei te morder, olha não sei se você é estranha ou tem algum trauma, ou até mesmo nojo de mim, mas não faça com que eu me sinta suja fedida ou até mesmo uma lesma. -Ela resmunga e pega um biscoito.

Mas não tenho nojo dela, tenho vontade de beijar ela, passar minha boca por todo seu corpo, mas logico que não conto a ela, afinal... Eu nem saberia fazer isso.

-Não é isso, só estou...

-Tá não me conta, mas e então, o que você faz da sua vida?

-Nada, tá eu tenho uns lance de vendas pela internet, e vendo quadros, mas tirando isso não faço nada, meu pai que é policial me sustenta.

-Olha bancada pelo papai, eu fiz faculdade por 2 anos, dai larguei, agora me mudei pra cá pra começar a faculdade novamente, mas dessa vez de musica, e na verdade, meus pais me ajudam com os gastos.

-Olha só, duas mimadinhas, e quantos anos você tem Emma?

-Vou fazer 22 anos mês que vem, e você?

-Tenho 19 anos

O silencio constrangedor toma conta do ambiente, ela olha pro nada enquanto morde um biscoito. Como eu deveria prosseguir? Nunca conversei tanto com alguém, o máximo de sempre era oi tudo bem?

-Sabe Vic, você não tem muitas relações né? Você é toda caladona, vamos lá se solta. -Ela se vira para mim e segura minha mão, foi tão rápido que não me mexo, olho espantada para ela esperando novamente algum vestígio de dor, mas só sinto a eletricidade percorrer nossos corpos, ela parece sentir, olha para nossas mãos e sorri, se aproxima levemente de mim, como se quisesse me contar um segredo e eu me aproximo também, o que acontece agora não tem nada ver com um segredo, ela me beija na boca, um beijo que mal encosta direito em meus lábios, ela sorri timidamente e se levanta.

-Bom preciso ir, se cuida e até mais, ah não esqueça, tranque a porta.

Eu não me levanto só olho para onde ela estava sentada, esse foi o meu 1º beijo... Escuto a porta bater e fico me questionando, não deveria ter sido com um homem? Não é assim que funciona? Garotas com homens e homens com garotas? Tudo bem que nesse mundo atual tudo esta uma bagunça, tanto de sentimentos, quanto de prazeres e emoções. Nem sei se fiz algo certo ou errado, só sei que meu coração bate acelerado por ela, é como se um imã nos atraísse, e isso me deixa agitada, um calor percorre todo meu corpo quando aquela eletricidade se acaba lentamente, e eu fico horas sentada, naquela mesma posição sentindo diversas... Borboletas em meu estomago.

...

Quando é de madrugada resolvo abrir aquele envelope. Me aproximo dele, o envelope é preto e as escritas brancas dizem "Seu futuro depende da sua escolha".

Pego uma tesoura e o corto, abrindo ele, caem 3 papeis, um de caderno escrito em uma letra cursiva bonita, e assinada pelo nome de Clary Ângelo, o nome de minha mãe, a vontade é ignorar os outros mas preciso saber o que tem neles. O 2º é uma certidão de nascimento, de 3 anos antes de meu nascimento, ou seja de 1995, a garota se chama Rebecca, e o sobrenome esta meio apagado, forço a vista para ler, o que aparece, me deixa chocada, como pode acontecer isso?! Rebecca Ângelo, WTF, eu tenho uma irmã? Agora sim tudo faz uma bagunça em minha mente, pego o 3º ele é bem menor, e só tem uns números escritos nele, coordenadas: 19°19'40.8"N 103°36'07.2"W .

Mas agora que vi todos os papeis, como assim uma irmã?