A verdade aparece.

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-o que você faz aqui?- Grito para ele enquanto coloco um sutiã.

-precisamos conversar Victoria, seu pai disse que está acontecendo coisas estranhas em seu meio de trabalho, e teme que você saia machucada... -Meu pai é meio que um agente da policia e por isso diz que não posso vê-lo, por que corro sérios 'perigos'. Às vezes acho questão de exagero, moro em um apartamento totalmente vigiado, meu bairro é o mais tranquilo da cidade e, além disso, o que iriam querer comigo?-Você vai precisar ir para o esconderijo, e ficar um tempo por lá. –Ele só pode estar de zoação!

-Você quer realmente que eu fique em um buraco por que meu pai esta com medinho? Se ele realmente se preocupasse ele viria falar comigo!

Ele se levanta e coloca a mão em sua nuca, quem escuta seu nome, deve imaginar que ele é meio... Afeminado, mas eu nunca vi um cara tão bruto e rabugento que nem ele, seus quase 2 metros intimidam mais até que seus bíceps. A primeira vez que vi ele eu tinha 6 anos, foi ele que me tirou de um orfanato de freiras, e me levou para o interior, em uma fazenda rodeada pela mata, lá ele me ensinou diversas lições traumáticas sobre minha... Maldição, que ele apelida de dom, não sei onde... Além dessas lições ele foi meu professor de diversas matérias que eu pudesse precisar no futuro e também me ensinou caratê para me proteger futuramente.

-Olha pode até ser um buraco, mas você precisa me obedecer, sairemos daqui uma semana, enquanto isso arrume roupas leves e algo para passar o tempo lá. - Ele diz isso e se levanta acena a cabeça deixa um envelope em cima da mesa, abre a porta e antes de sair me fala. – Dentro desse envelope há alguns segredos, saiba como descobri-los, e os procure, você tem apenas uma semana antes de irmos, não se esqueça. –Bate a porta, e me deixa lá parada sem saber o que fazer.

A raiva me consome, quem ele acha que é? Dou um grito de raiva, me esquecendo dos vizinhos, tudo bem que eles acham até comum, pelo fato de que Alfredy vem aqui 2 vezes por mês e sempre que ele sai eu dou um grito de ódio.

Porém, escuto uma batida na porta, não vou atender, e ela se repete.

-Oi? Vic? Você está bem?

Ah merda, essa voz doce de novo, não suporto e abro a porta.

-Sim estou bem, quer alguma coisa?-Pergunto rabugenta.

Ela me olha nos olhos e acena dizendo que sim. – Posso entrar?

Quero dizer que não, mas já é tarde ela entra em meu apartamento e começa a olhar pelos lados.

Não sei se o local a desagrada, mas ela observa as paredes escuras, diferente de seu ap, o meu é escuro, as paredes são azuis e o teto é detalhado por gesso, o piso lembra a madeira, meus moveis da cozinha são todos prateados e a mesa de jantar é de vidro, cadeiras com o estofo preto, no lugar do sofá tem 3 pufes com estrelas. Quando noto que ela olha os quadros, caminho até a porta de meu quarto e a fecho, como ela reagiria se visse uma tela com o rosto dela?

-Seu apartamento... É confuso. –Ela olha para mim, é como se desse para notar a fumacinha saindo por sua cabeça. –Ele é cheio, e transmite bagunça, parece até você... –Tá agora fiquei preocupada de verdade.

-Gosto da bagunça...

Ela se aproxima de mim, como se fosse uma criança me repara, e eu reparo nela, meus olhos notam que o castanho de seus olhos não é tão escuro assim, eles parecem pequenas avelãs. Sua boca carrega sempre um sorriso discreto, o lábio inferior bem mais grosso que o superior. Ela se aproxima mais um pouco, e eu sinto sua respiração acertando meu pescoço, ela é mais baixa que eu, deve ter 1,63 mais ou menos, ela me olha não como se me julgasse, mas sim, como se eu fosse algo novo, um pingo de suor escorre pela minha testa, estou ficando desconfortável e levemente assustada. Mas também estou gostando disso, ela mexe comigo.

-Bom, vou indo, desculpa te atrapalhar, e você pinta bem. -Ela se vira e vai até a porta, segura a maçaneta.

E antes dela sair, pergunto se ela fará algo hoje à noite, ela nega, logo em seguida fecha a porta e se vai, me jogo no pufe mais próximo e solto um suspiro alto, como ela pode mexer tanto assim comigo?

...

Depois de tanta coisa nova fui correr novamente, e quando chego olho para o envelope, prometendo para mim que iria dar uma olhada nele após o banho. Pego uma calça jeans escura e uma regata vermelha, deixo em cima da cama, escolho um sutiã qualquer e a primeira calcinha que vejo pela frente. Caminho até o banheiro, fecho a porta, ligo minha caixinha de musica, em uma musica calma, 2 corações do Melim começa a tocar, minha roupa vai ao chão, meu cabelo que estava preso com uma presilha cai roçando em meu pescoço, reparo nele, está grande novamente, como ninguém pode tocar em mim quem o corta sou eu mesmo, e quem sabe amanhã irei corta-lo. Entro de baixo do chuveiro e ligo a água gelada, que escorre por minhas costas aliviando toda a tensão que estou sentindo, fecho meus olhos, péssima ideia, sou invadida por uma tontura, me apoio na parede e quando abro os olhos não estou mais no banheiro, e sim naquela maldita mata

-Vamos Victoria, use sua força ao seu favor, firme os pés a força não esta somente no seu braço e sim em todo seu corpo. –Alfredy grita para mim

Estou lutando contra um boneco de palha que se meche, agora como? Não sei, tenho 15 anos dessa vez, o suor escorre por meu cabelo enquanto tento acertar a cara daquele negocio, ele se desvia e me ataca com uma joelhada na boca do estomago, me afasto para recuperar o folego, estou tão cansada, quero só desistir disso tudo.

-Se você desistir, nunca poderá salvar quem te ama ou já te amou. Saiba que sua mãe morreu por VOCÊ.

Quando ele diz isso ódio sai por mim, avanço contra o boneco, firmo minhas pernas e dou um gancho de direita, ele abaixa a cabeça e aproveito isso, dou uma joelhada bem no seu nariz, quando a cabeça dele vai com tudo pra cima, dou uma rasteira, ele vai ao chão e quando isso acontece choro enquanto quebro a face dele com tantos murros, quando meu tutor tenta me tirar de cima do boneco mandando eu me acalmar, me levanto e o encaro, seu semblante sempre serio mostra um medo estranho, ele esta assustado e eu avanço para cima dele, ele me manda parar e começa a tremer. Isso é isso que eu quero, tema a mim, com um só toque eu posso te matar, um empurrão e você cai em dores suplicando pela sua vida e é isso que eu quero ouvir, porém minhas pernas param de se mexer, e eu caio de joelho no chão.

meu joelho acerta o chão do banheiro, fiquei tão atormentada com isso, que termino o banho o mais rápido possível, após me enxaguar, me seco e coloco o sutiã e a calcinha, me observo no espelho, meu rosto pelo menos não carrega mais aquelas olheiras terríveis, penteio meu cabelo e desligo a caixinha, quando saio do banheiro, dou de cara com Emma sentada em minha cama, vendo meu caderno de desenhos.

Como foi que ela entrou?!

A maldição tem asasOnde histórias criam vida. Descubra agora