A maldição tem asas

sei que não parece, mas estamos juntas.

-Tá então você é a irmã que tecnicamente estava perdida? –Emma pergunta para Rebecca quando estamos todas reunidas na sala.

-É isso ai. E você é?

-Ah, uma amiga, prazer Emma Fields.

-Fields? Conheço esse sobrenome, antes de vir para São Paulo você morava onde? –Minha irmã pergunta.

-Morava em uma cidadezinha no interior de mato grosso do sul. Conhece meu sobrenome?

-Sim, tinha uma linha de queijos lá em minas com seu sobrenome, ela não era muito conhecida, mas era incrível.

A tarde passa enquanto falamos de coisas triviais, tomamos um terere e rimos quando descubro que minha irmã nunca havia tomado. Rebecca se deu muito bem com Emma, e isso me deixou muito feliz, será que Emma me chama de amiga, só por que tem vergonha de assumir que tem algo mais, ou por que somos só amigas? A verdade é que me magoa quando ela fala amiga para mim, queria era ser chamada de anjo, bebe ou neném ou amoreco, amorzinho, amorzão, sei lá, queria ser chamada de coisas bobas e fofas que nem em livros ou novelas. Mas quando ignoro isso, lembro que temos que falar de um assunto serio.

-Emm, preciso saber se você quer sabe... Seguir serio isso comigo, ou ir embora, por que... Pode ser digamos assim, perigoso.

Ella me olha e balança os ombros.

-Vic, seria certo levar ela?

Olho para minha irmã e balanço a cabeça.

-Não esconderei nada a ela, é a única pessoa que posso tocar sem temer, até com você tenho que tomar cuidado, por que você pode não aguentar, então sim, ela além de saber tudo, pode ir com a gente, se ela quiser.

-E eu vou.

Viro para olhar em seus olhos e ela segura minha mão sorrindo.

-Okay então, sabe as coordenadas já?

-Sim, eu sei mas não sei como iriamos até la ou quando, portanto vou esperar amanha a gente vai pro meu esconderijo arruma tudo e espera o Alfredy com novas ordens.

-Okay. Se é o que você acha certo, irei no mercado, aqui não tem whisky, só vodka ruim.

Ela se levanta pega a chave do seu carro e fecha a porta.

-Se você for com a gente não poderá mais sabe, fugir de mim. –Abaixo a cabeça e meus ombros estão encolhidos.

-Eu não fugiria de você, nem se você pedisse. –Ela se levanta e senta em meu colo, coloca a mão em minha nuca e me beija, bom aquilo não é amizade para mim, mas ficarei quieta.

-Então vamos até seu apartamento escolher suas roupas.

Caminhamos juntas, tranco a porta e entramos em seu ap.

-Escolha uma roupa leve para os treinos, um conjunto o mais escuro possível, pega também dois ou três shorts e blusas e uma calça jeans, sapatos confortáveis e sei lá o que você vai escolher.

-Dorme comigo hoje.

Paro de falar sobre as roupas e olho para ela, ela está de costas afagando os braços, vou até ela e enlaço sua cintura com meus braços, coloco seu cabelo para o outro lado e beijo sua nuca, ela se arrepia e vira-se para mim.

-Sim eu durmo com você hoje, e todos os outros dias que você pedir e quiser.

Ela me beija, e eu me perco naquele mundo, onde parecia existir só eu e ela.

Rebecca Ângelo

Não sei se acredito ou confio naquela Emma, amigas? Elas se comem com o olhar praticamente, eu esperava ver ela com um homem, sei la, alto de olhos pretos e cabelos cor de areia, não com uma baixinha, morena que nem sabe o que ela passa... Okay, nem eu sei, mas eu sou sua irmã.

Pego um whisky e aproveito e acabo pegando limões e uma coca-cola. Será que minha irmã gosta de sorvete de chocolate ou flocos? Morango? Ah decido levar napolitanos, por que se ela não gostar de algo tem outros 3 sabores.

Quando passo no caixa sinto um arrepio percorrer minha coluna e escuto a voz de minha mãe.

"eles estão chegando..."

Pego as compras entro no caixa e fecho a porta com tudo. O medo me penetra e nem sei do que estou com medo.

...

Quando entro no apartamento encontro minha irmã vendo tv.

-O que está assistindo?

-Orphan Black, puta serie foda, estou agora em um episodio muito dramático, quando Cosima descobre que Delphine foi baleada.

-Tá ne, olha chama a Emma hoje, comprei umas bebidas, vamos se divertir, por que sinto que algo ruim se aproxima...

-Ah okay, vou falar com ela, se eu demorar... ignora okay?

-Tá, vou ir tomar banho, depois me trocar, você tem aparelho de som?

Ela sai para fora do apartamento e eu vou até o chuveiro. "ignora okay?" aff o que elas vão fazer?

...

Emma Fields

A batida na porta me assusta, acabei de sair do banho, estou somente com meu roupão roxo, caminho até a porta e olho no olho magico, um sorriso instantemente solto um sorriso bobo e abro a porta, ela me olha e ergue uma sobrancelha.

Puxo ela para dentro do apartamento, e a encaro.

-E então?

Ela não diz nada, só me encara, seu rosto fica vermelho, resolvo me aproveitar de sua ingenuidade, quando estou bem perto dela, sinto que ela se agita, seguro sua mão, e coloco no cinto de meu roupão, ela arregala os olhos, mas não tira a mão dali, olho no fundo de seus olhos, e me afasto, com isso, sua mão puxa levemente o cinto, soltando o laço borboleta que fiz na frente dele. Quando percebe o que fez solta o laço e pede desculpas. Olho confusa para ela e pergunto.

-Pelo o que?

-Por te meter nisso, você nem sabe o que está acontecendo, na verdade, nem eu sei... mas não queria você em perigo.

Dou um sorriso de seu gesto bobo e me aproximo novamente, seguro sua mão e dou um beijo em sua palma.

-Você não está me colocando em perigo.

Ela sorri e me abraça, passo a mão por suas costas e ela se retraí, lembro que a chamei de monstro, sendo que o monstro foi eu de magoar ela assim.

-Me perdoa. -Ela me encara confusa. –Por ter te chamado de monstro.

-Tudo bem, eu sou um monstro mesmo.

-Não é, vem cá. Deixa eu te mostrar uma coisa.

Guio ela até meu quartinho de musica e obrigo que sente no puff no canto da sala, pego meu violão e do nada tremo de vergonha.

-Olha, essa musica, me lembra você. –Começo a cantar uma musica da Cynthia para ela.

"Me deixa te ver. Eu não seguro que penso. Sei que já passou do tempo e. Desenvolve quando a fumaça sobe, é som de mar eu reparei. Não quis ir embora."

Seus olhos brilham quando a musica passa por mim e chega nela, não sei se estou desafinada e continuo cantando, e quando vejo, ela fecha os olhos e se balança no ritmo da musica. A alegria me invade