uma batida na porta.

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Rebecca Ângelo

Cheguei em São Paulo, e paro para tomar um café em uma cafeteria pequena, perto do bairro onde minha irmã mora, o povo daqui é apressado, a correria me espanta, mulheres caminham com o celular no ouvido brigando com o marido que não consegue cuidar das crianças, adolescentes passam com uniformes de escola, rindo alto com colegas, uma mocinha de cabelo ruivo cheia de sardas, passa por mim, ela não era baixinha e tinha olhos verdes, quando nota que estou encarando ela, retribui com um sorriso, e eu aceno.

Quando termino o café, entro no carro, e me olho no espelhinho, não dormi em momento nenhum, vim desde Belo Horizonte, até aqui, sem fechar os olhos, estou vivendo a base de cafeína, meus olhos estão cansados e estou com horríveis olheiras, minha pele esta um caco, e meu cabelo, bom, precisando ser lavado.

Giro a chave, coloco na radio e vou até o endereço que recebi na carta.

...

Eu esperava uma casa, na verdade um casebre. Mas o que encontro é um enorme apartamento, de uns 18 andares, o porteiro é um senhor de idade e a entrada é toda feita com plantas e arvores e coqueiros, algo meio exagerado. Penso em esperar um pouco para me preparar para o que vai acontecer. Pego meu celular e vejo se Josh mandou algo, como eu esperava, nada, ele não deu noticia alguma, estou meio preocupada.

Vejo um carro se aproximar, e pela janela do motorista aberta vejo uma moça, de cabelos curtos e rebeldes, ela usa óculos de grau e tem a postura meio rígida naquela posição, ela fala com o porteiro e entra no prédio...

Preciso dar um jeito de entrar...

...

-Oi, tudo bem?

-Olá, sim, como posso ajuda-la? –O porteiro me pergunta, tem uma cara meio zangada.

-Eu quero entrar no meu prédio, sou nova aqui, mudei recentemente, na verdade hoje é meu primeiro dia...

-Ah, você deve ser a Carla, a nova residente do quarto 52, no 11º andar.

-Isso mesmo.

-Okay, passe na recepção e eles vão te entregar a chave do seu quarto.

-Ah deixe só eu te perguntar uma coisa, uma amiga minha se mudou pra cá a muito tempo, Victoria Ângelo, poderia me falar o andar dela? É que eu esqueci, sabe né, memoria ruim. –Dou uma risada, e vejo ele sorrir.

-É o quinto andar.

-Muito obrigada.

Entro na área e me dirijo ao hall de entrada após estacionar meu carro, não paro para falar com o moço e entro no elevador.

Quando o elevador chega no andar, meu coração acelera e não sei o que fazer, não podia perguntar o numero do apartamento e o andar, se não ele poderia, sei lá desconfiar.

Me aproximo do primeiro de que vejo. O 33 está bem na minha frente, toco a campainha.

Uma moça de cabelo escuro e pele meio morena aparece.

-Diga? –A voz dela é melodiosa e ela parece estar confusa e cansada.

-Oi, é... Poderia me dizer o numero do apartamento de Victori...

-Ali o 32. –Ela parece estressada e fecha a porta com tudo.

Muito bem, é agora, será que ela vai me receber bem? Será que ela sabe quem eu sou? Respiro. E aperto a campainha.

Alguém toca a campainha, estou estressada e triste, quero chorar. Caminho até a porta, e a abro.

Dou de cara com uma mulher mais baixa que eu, seu cabelo é repleto de dreads, e ela me encara com espanto.

-Victoria?

-Rebecca?

Eu não sei como reagir, uma irmã, uma baita de uma irmã linda na verdade, ela se aproxima de mim, e me abraça, e eu abismada a abraço também, sei que não se pode abusar mas ter alguém do mesmo sangue que eu, me abraçando, eu não queria afastar, lagrimas escorrem pelo meu rosto, e mesmo com a visão turva vejo Emma olhando pela porta, com um rosto triste e desacreditado, quando ela nota que estou encarando ela, a porta se fecha.

Afasto ela, e olho em seus olhos, castanhos com um toque esverdeado.

-Entre, eu te faço um café ou cha, ou agua, ou suco...

-Relaxa, na verdade, se não for pedir muito, eu ia perguntar se posso dormir um pouco estou muito exausta...

-Sim claro vem cá.

Ela me acompanha até meu quarto e para na porta ao ver o retrato de minha... Nossa mãe

-Uau, está idêntico a ela... Até mesmo o sorriso, está tudo igual...

-Ah obrigada, mas depois você nota isso, vem pode deitar ai, eu posso buscar suas coisas?

-Ah sim, pode... é um centra 2016 preto, e fala pro porteiro que a carla na verdade sou eu sua irmã, subi fingindo ser outra pessoa para que você não fosse avisada.

-Okay, pode deixar. –Dou uma risada desacreditada, minha irmã esta em minha cama dormindo.

Ao chegar no elevador escuto alguém se aproximar, e me viro, Emma está parada bem próxima a mim, eu não sei o que dizer, a porta do elevador abre e eu entro, ela vem junto, aperta o botão do térreo e quando a porta se fecha ela me beija, e sinto o gosto salgado de uma lagrima que escorreu quando vi que ela me desculpava por coisas horríveis que fiz.

Separo ela e seguro em sua mão

-Quem era ela?

-A moça é minha irmã que eu nunca tinha visto, vem comigo me faz companhia enquanto busco as coisas dela.

A maldição tem asasOnde histórias criam vida. Descubra agora