Rebecca Ângelo.
Meu namorado dorme enquanto leio essa correspondência estranha, 3 papeis, uma carta da minha mãe, uma certidão de nascimento de uma garota com o mesmo sobrenome que eu, Victoria Ângelo e junto um pequeno papel com coordenadas :19°19'40.8"N 103°36'07.2"W
Essa garota é 3 anos mais nova que eu, diferente dela, meu olho é verde e minha boca bem mais carnuda, meu cabelo é repleto de dreads, mas o loiro é evidente, o dela é rebelde e curto, um loiro quase castanho, enquanto eu tenho 1,65 ela é 5 cm mais alta que eu. Convivi com minha mãe até meus 3 anos, quando ela me deixou com meu pai, e 1 semana depois, descobri que tinha sofrido um acidente de carro e falecido. Meu pai Francisco, com cabelos pretos quase grisalhos amava muito minha mãe, ele tinha apenas 1,77, e seus olhos eram castanhos com um leve toque de verde, amava futebol e torcia para o flamengo cuidou de mim até meus 16 anos, quando fui morar com meu namorado. De inicio ele não gostou da ideia, mas não havia como me impedir, detestava minha madrasta ( Bethany, uma mulher de 40 anos, chata e mal educada, seu cabelo era castanhos escuro e ela era toda cheia das plásticas) e seus 2 filhos mais novos que eu (Carl, um mimadinho todo cheio dos brinquedos, mais pálido que porcelana com os olhos escuros que nem os da mãe, e Elizabeth uma marrentinha de cabelos cacheados tipo o de sua mãe, seus olhos eram levemente vesgos e de um castanho muito claro, ela era mais baixa e nova que seu irmão, e parecia uma bolita de tão redonda, também só comia besteiras), entrei em um acordo com ele e fui embora. Eu e o Joseph estamos juntos desde então, ele é ancora do jornal principal aqui de BH e eu sou dançarina de jazz, meu pai me colocou desde pequena, então agora sou professora e danço em eventos beneficentes ou até mesmo particulares, além do jazz danço também ballet, mas ainda assim, prefiro o jazz.
Levanto e abro a janela, moramos em um apartamento bem no centro da cidade, o vento bate em meu rosto, o certo seria eu ler aquela carta de minha mãe, mas minha mente está muito cheia, caminho até meu quarto e noto que Josh ainda dorme, seu cabelo ruivo cortado bem rente a cabeça o deixa com um ar intelectual, seu corpo é alto e esguio, desprovido de músculos, ele seria um belo exemplo de alguém que precisaria se alimentar mais, mas é isso que admiro nele, sento na cama ao seu lado e coloco minha mão em sua bochecha, seus olhos se abrem lentamente, e o verde mais puro de uma esmeralda me encara.
-Bom dia meu amor, caiu da cama?
-Não. –Dou-lhe um sorriso. –Vamos tenho que te mostrar algo.
Ele se levanta, está somente de cueca, na base de suas costas noto suas covinhas, ele caminha até o armário e sua bela traseira se meche conforme ele anda.
-Me diz o que foi. –Ele coloca uma blusa azul e um short preto.
-Se lembra de que te falei que minha mãe morreu 1 semana depois de ter me deixado né? 3 meses após meu aniversario? –Ele acena com a cabeça. –Então vem cá.
Ele me segue e eu mostro a certidão de nascimento com dados atualizados de uma possível irmã.
-WTF?
-Eu sei, não esperava por isso também, as datas batem, no mesmo dia que minha mãe morreu essa garota nasceu, dia 11 do mês de outubro em 1999... Eu não sei, estou muito curiosa, e estou com medo de ler a carta que minha mãe escreveu...
-Tá, mas como isso aconteceu? Como chegou aqui?
-Estava na correspondência, liguei pro porteiro e ele falou que um homem moreno alto pediu para me entregar, dizendo que era questão de vida ou morte uma baboseira mais ou menos assim, João ficou meio bolado, mas resolveu me entregar...
-Não pode ser... Deve ser uma brincadeira!
-É a letra da minha mãe Joseph!
-Eu entendo... Mas, tá deixa eu dar um fim nisso, anda me entrega.
Ele não era assim, tão estressado, tão mandão... Será que sabia de algo?
-Não, eu irei ler sim! –Saio correndo até o banheiro e me tranco, ele suspira e antes de me alcançar, fecho a porta com tudo, abro o envelope e vejo a carta.
Victoria Ângelo
Após todo aquele alvoroço, me sento no chão e olho a carta de minha mãe. Não sei se devo ler, e dou primeiro uma olhada na certidão de nascimento e na foto recente que estava grampeada, seus olhos diferentes do meu eram verdes, seu cabelo era repleto de dreads que chegavam até sua cintura, ela tinha uma fisionomia que parecia ter sido esculpida, toda esbelta e sorridente, diferente de mim, que era bruta, gordinha e desengonçada. Ela era dançarina e professora de danças em uma escola particular, namorava um cara 2 anos mais velho que ela, com cara de idiota, porém ancora de um jornal onde ela morava, procurei em toda sua lista e não achei seu endereço, somente dizia que nasceu em uma cidadezinha no interior de Minas.
Olho para a carta de minha mãe e a desdobro.
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A maldição tem asas
Fiction généraleImagine um mundo onde você não pode tocar em ninguém, imagine a tortura de querer sentir o primeiro beijo, ou até mesmo ter alguém para dividir o stress do dia-a-dia, poder ter um pet, já tentou imaginar uma vida assim? Victoria Ângelo não precisa i...