nem sei como reagir, não retribuo o sorriso e saio correndo, meu coração acelera enquanto vejo pessoas aos meus lados, casais de mão dada, pais levando as crianças para tomar sorvetes, moças com seus cachorros e garotos jogando bola.
como que a garota que eu sonho a 4 anos, é real? tá, talvez não seja ela a garota do sonho, mas aquele sorriso, é impossível de não se reconhecer...
esqueço tudo e começo a correr um pouco, para esquecer desse problema me lembro do meu passado, o que aconteceu, como descobri da pior maneira que não posso tocar em nenhum ser vivo, tinha apenas 10 anos quando o tutor Alfredy me abandonou no meio do mato, eu nao sabia o que fazer, chorei e pedi por ajuda durante horas não adiantou de nada, porém todo esse meu alvoroço trouxe até mim um filhote de cachorro ele era a coisa mais linda, todo peludinho, eu chamei ele e quando percebi estava bem a minha frente, era só eu esticar o braço.
não foi o melhor a se fazer, o cachorro chorou quando cocei a sua orelha, e pensando que faria passar aquela dor, o peguei no colo, ele agonizou, chorava e chorava cada vez mais forte antes de morrer me mordeu, e tenho ate hoje a cicatriz em meu braço, dois pequenos pontinhos, onde suas pequenas presas se fixaram, uma lembrança de que nunca, poderei tocar em ninguém.
o tempo passou rápido, quando me dou conta o sol já está lá em cima, olho para o meu relógio e noto que já passa das 11hr, corro até o mercado, e compro coisas básicas para o almoço de hoje, olho pro macarrão, ele olha pra mim, e pronto, meu almoço está comprado.
...
quando chego no prédio, o porteiro me cumprimenta
-bom dia senhorita Ângelo.
-Boa tarde Rogério, como anda a família?
-Melhor impossível... só pra te avisar, o quarto numero 31 do seu andar foi ocupado hoje, por uma moça de cabelo preto.
dou um aceno de cabeça e sigo a diante, mais alguém para aturar o som alto do trio da facul, tá eu assumo o de cabelo ruivo, acho que o nome dele é Eduardo, é bem atraente, com aquele sorriso safadinho, porém o encanto some sempre que vejo ele bêbado.
o elevador abre e noto uma moça com dificuldades de entrar no apartamento, ela esta com diversas caixas aos seus pés, sacolas pendem em seus braços.
-Olá? quer ajuda?
ela se assusta e deixa a chave cair, quando se abaixa para pegar em um só desastre bate a bunda no chão.
-Aii- Ela reclama e olha para mim, seu rosto está vermelho feito um tomate.
acelero o passo até ela, me ajoelho e pergunto se está tudo okay, ela diz que sim e recolho sua chave, abro a porta e quando me afasto ela me chama.
-Moça? você se importaria de me ajudar?
o certo seria eu ignorar ela e ir embora, dizer que estou muito ocupada ou algo do gênero, mas seria uma baita falta de educação, me viro e pego a maior caixa ela recolhe algumas sacolas e entra no ap.
-Posso colocar onde?- Pergunto a ela, aponta para mim uma mesa no canto, aonde seria a cozinha, seu apartamento é totalmente branco, porém as áreas rusticas dão um toque acolhedor, no canto da sala está um sofá azul escuro com uma mesinha de vidro repleta de revistas. tem uma estante repleta de livros, e ao seu lado, algo que me chama atenção, um adesivo gigante do universo, com diversas estrelas, os planetas e até alguns buracos negros.
-Meu pai era fã de astrologia... então mandei fazer esse adesivo para lembrar dele.
ela caminha la pra fora para pegar mais caixas e eu a sigo, recolho as caixas e quero muito saber sobre a sua vida.
-E então, como é seu nome?
-Emma, Emma Fields, e você moça?
-Victoria Ângelo.
-Vou te chamar de vic, em fim, obrigada pela ajuda, você está ocupada? ia perguntar se não aceitaria me fazer companhia enquanto desempacoto as caixas e me contar como é aqui sou lá do interior e nem sei o que conhecer primeiro.
eu não devia ficar aqui mas, quer saber, preciso me distrair e outra não irei mata-la só de falar com ela não é mesmo? aceito o convite e começo a tirar as coisas da caixa grande enquanto conto a ela todos os locais legais para ela conhecer.
o tempo passa tão rápido, e quando estou indo embora, ela me acompanha porém tromba na mesa, e um jarro de vidro que estava por cima da mesa cai, e quando cai ambas nos abaixamos, nossas mãos se tocam e ela não chora, não vejo uma dor em seu olhar, ao contraio, sinto um choque percorrer meu corpo, e escuto ela suspirar,largo sua mão, estou ficando louca? coloco o vaso sobre a mesa, me viro e saio correndo.
-VIIIIIC..... -escuto ela gritar e não me viro, chego ao meu apartamento recolho minha sacola do macarrão e entro, fecho a porta e me apoio , preciso de firmeza. ela bate na porta, uma, duas , três vezes, não digo nada, mas quando ela desiste eu me levanto, e olho no olho magico, ela ainda olha para minha porta, em seu rosto há confusão, mas duvido que esteja mais confusa que eu, viro as costas e vou para meu quarto preciso dormir.
O sonho continua, o vento está forte, olho de um lado para o outro, arvores aqui, arvores ali, está quase de noite, uma fogueira acesa, ao meu lado uma lança apoiada na arvore, ah sei onde estou. 2º desafio feito pelo meu tutor, uma noite, no meio do nada na mata amazônica, as vezes acho que ele é louco, quem colocaria uma criança de 13 anos no meio do nada pra sobreviver por uma noite?
escuto um barulho perto de mim, quero gritar, mas isso não irá adiantar de nada, seguro a lança que ele me deu e me agacho, de novo o barulho, um chiado, um ganido, algo pesado caminha em minha direção, um suor frio escorre por minhas costas. é o mesmo local do desafio, mas não é o mesmo dia, estou mais velha, temo por outras coisas, e o animal que se aproxima não é um coelho, ou até mesmo um pequeno veado. é algo maior, algo que eu deveria me preocupar, caso conseguisse enxergar. mesmo lugar, mas época diferente e medos mais complexos
caminho para me aproximar, sinto o ar bater contra mim, levando meu cheiro até a fera, um ganido mais alto, mais um passo, outro passo, estou firme na base, respiro, e ... o animal pula sobre mim.
-AAAAAAAAAAAAAH.- Acordo em um sobressalto, meu pescoço dói, estou tensa, olho para fora, não tem sol algum,busco meu relógio, 3 horas da manha, que otimo momento para acordar, levanto e vou lavar meu rosto, quando chego na cozinha, me assusto novamente.
-Olá Victoria.
-Alfredy!!!!-Coloco a mão sobre meus seios, a blusa branca fina deixa meus seios a mostra, a sorte é que estou com um short preto de malha que vai até o joelho, ele nem expressa um espanto, muito mesmo algum desconforto.
-Sente-se aqui, temos muito a conversar.
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A maldição tem asas
General FictionImagine um mundo onde você não pode tocar em ninguém, imagine a tortura de querer sentir o primeiro beijo, ou até mesmo ter alguém para dividir o stress do dia-a-dia, poder ter um pet, já tentou imaginar uma vida assim? Victoria Ângelo não precisa i...