O caminho

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Rebecca Ângelo

Não sabia se acreditava ou até mesmo se ignorava tudo, era muita coisa para assimilar, minha mãe realmente queria que eu ignora-se tudo e aceita-se o fato de ter uma irmã e não odiá-la por ter levado minha mãe? Anjo? Que o fruto de uma traição poderia mesmo ser alguém tão importante?

-Abre logo essa porta Rebecca!

Me levanto lavo meu rosto e coloco a carta no bolso de trás de meu jeans. Quando abro a porta vejo Josh me encarando com um olhar um tanto preocupado.

-Por que queria jogar fora?

-O que? Ah... A carta? Não queria te ver assim quando descobrisse tudo.

-Você sabia de algo? –Seu rosto não negava que sabia de coisas. Coisas que nem eu sabia.

Ele balançou a cabeça e foi até nosso quarto quando se sentou na cama e deu uma batidinha para que eu sentasse também.

-Três anos atrás quando fazia uma viagem para são Paulo para descobrir sobre aquele cara que roubou o banco daqui, o jornal me enviou até lá para entrevistar ele quando descobriram que ele havia sido capturado. Enquanto caminhava no parque após a entrevista vi uma moça de cabelos curtos caminhar para dentro de uma entrada em meio as arvores, meu intuito não deixou de ser enganado e a segui. As passadas dela eram firmes e decididas, ela parou no meio do nada e olhou para trás, me escondi atrás de uma arvore e ela seguiu com a caminhada, com um simples assovio um homem alto e negro apareceu, eu não escutava nada, mas tirei algumas fotos, quando percebi ela tinha desaparecido e esse homem veio até mim, não consegui sair do lugar, era como se ele me segurasse ali. Ele disse meu nome. "Joseph Arthur da Silva Amaragno, o que faz aqui?" eu fiquei com medo e ele repetiu a pergunta, só disse que achei interessante, ele pediu que eu me afastasse, se não o futuro de Victoria e Rebecca seria corrompido, fiquei confuso além de saber sobre mim disse seu nome? Ele segurou firme em meus ombros, arrancou a câmera de minha mão e a quebrou, com um simples aperto a câmera se partiu ao meio, com isso ele me fez jurar que iria te proteger acima de tudo, e que quando chegasse a hora eu teria que deixar você partir...

Ele chorava enquanto me contava isso, era como se algo se rompesse dentro dele.

-Por favor, só tome cuidado.

Quando ele diz isso, ele se levanta caminha até a saída do ap, e vai embora sem mais nem menos.

-Que saída mais clichê e sem nexo, cassete.

Me olho no espelho e decido seguir o que ele diz, o que a carta pede. Me arrumo e vou até o mercado mais próximo, não sei se vou de carro pra conseguir pensar bem no que farei, ou se vou de avião para adiantar o imprevisível

...

No dia seguinte, arrumo uma mochila com umas guloseimas, escolho algumas roupas e meus produtos de beleza que não vivo sem. Josh ainda não voltou, nem mandou uma mensagem se quer, simplesmente sumiu, penso se isso significa me proteger. Com tudo arrumado, escrevo uma breve carta para que quando volte ele perceba a merda que fez, tranco a porta e desço até a garagem, no meio do caminho trompo no meu "vizinho" do andar de baixo, detesto aquele cara.

-E ae gatinha, escutei que você e seu namorado brigaram, esta precisando de um ombro pra chorar? –Ele sorri de forma jocosa, tenho até vontade de, como meu pai diria, chamar o Hugo.

-Não brigamos e não eu não preciso, e se eu precisasse não seria você!

Viro as costas e escuto ele dizer "Adoro gente difícil"

Desde que nos mudamos para cá ele insiste em chegar a mim, mas isso nunca funcionou, ele não era feio, alto e musculoso, seu braço era repleto de tatuagens tribais, e seu cabelo todo cacheado tinha seu charme, mas aquele sorriso, e a forma como ele se aproximava, tudo se juntava e dizia com uma só frase, "quero te comer".

Subo no carro ligo o som e a viagem começa, irei agora atrás de minha irmã e também desse tal futuro.

A maldição tem asasOnde histórias criam vida. Descubra agora