31* Sim

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Lee Jong Suk

Saí do hospital (Sun vai ficar lá mais uns dias) pelos fundos e escondido da mídia que cerca o hospital como abutres. Não os culpo, é apenas o trabalho deles conseguir informações e um hospital com os dois atores principais de um dorama popular que foram atacados no mesmo dia é bem mais que promissor. É uma bomba prestes a explodir.

O pior é que estão certos. Tenho uma bomba nas mãos e sua explosão não me assusta mais.

"— Chul... — digo a Dae Chul depois que Sun foi expulso pelas enfermeiras de um jeito bem dramático e escandaloso. — Eu vou fazer. Vou denunciar o meu pai e vou contar tudo."

Ele ficou chocado, de verdade, mas depois um brilho de orgulho surgiu em seu olhar e ele sorriu e me abraçou mais uma vez. Então Nanla apareceu com a água que eu pedi e um pacote de biscoitos doces da lanchonete do hospital e eu, como um bom viciado em açúcar, comi tudo.

Observo a janela do carro a caminho da delegacia onde meu pai foi retido e preso e sinto que ainda há muito por vir.

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Demorou mais de dois dias pra Chang Sun ser liberado, de muletas e braço enfaixado. Os cortes menores estão se fechando já, no entanto os maiores e os pontos em seu braço ainda vão demorar pra cicatrizar. Sem contar a fratura na perna (em seu caso, o osso não se moveu, mas se partiu) que pode levar meses e meses até se curar por completo.

Esperei por ele na casa de Chul, afinal, não há chances de entrar novamente naquele apartamento. Vou sair de lá. Nanla trouxe Diva pra cá assim que cheguei, ela passou na veterinária, pois Diva se feriu enquanto tentava me defender do meu pai. Ela ainda é tão pequena para guardar tanta coragem e preguiça.

Fiz todo o procedimento na delegacia com a cabeça erguida e Dae Chul ao meu lado. Fiz a denúncia, dei meu depoimento, Chul deu o depoimento dele, fizemos o reconhecimento do culpado e etc. Meu pai está preso, prisão em flagrante, mas ainda pode conseguir um habeas corpus com um bom advogado, coisa que minha mãe consegue com facilidade pra ele. Afinal, mesmo estando divorciados, ela ainda come na palma da mão daquele verme.

Apenas não temo mais o que tudo vai causar. A lavagem cerebral deles não me afeta mais.

Sun apareceu a tarde, ainda com dificuldades pra andar com as muletas, amparado pelo seu mordomo/motorista Ji-Hoo. Ele me sorriu imediatamente ao me ver e me encheu de beijos em toda pele exposta do rosto, beijos doces e repletos de amor puro que me alegraram imensamente. Depois, mais "eu te amo"s foram ditos do que posso contar e eu não sabia se ria ou se chorava. Meu coração certamente era o mais feliz do mundo.

Naquele dia mesmo, fomos viver juntos na casa/mansão dele que, não sei por que me surpreendi, estava brilhando de limpa e arrumada. Nem parecia que ele não vivia lá há meses.

Agora estou aqui, no nosso novo quarto, fazendo carinho na diva e me mantendo longe da internet e tv, enquanto Chul e Iseul (ela é advogada) cuidam de tudo pra mim. Sun está ao meu lado dormindo tranquilamente em uma posição estranha devido ao gesso na perna. Iseul, Chul, a Cobra Mãe(Min-Hee) e eu escrevemos coisas nele como se Sun fosse uma criança. Bem, tenho que admitir que ele ficou muito feliz com o fato e que seu coração é infantil e adorável como de uma criança sim. Amo isso. Essa alegria natural que ele tem. Contagia-me. Faz-me novo diariamente. Nem mesmo uma perna fraturada o tira o otimismo. Na verdade, ele diz que adora o gesso por termos de tomar banho juntos. Não tenho certeza se ele realmente não consegue sozinho, mas quem se importa? É extremamente bom nós dois sob uma ducha completamente nus.

Acho que estou mais mudado que penso. Não sinto mais vontade de fugir das coisas.

Tem um julgamento próximo e isso tem tirado meu sono. É muito assustador e ao mesmo tempo tão empolgante. É como contar os segundos até minha queda e, ao mesmo tempo, o momento que serei livre. Porque a sociedade não vai enxergar bem nada disso e, com certeza, minha carreira vai ser afetada irreversivelmente. Antes, quando pensava nisso, sentia uma dor no peito, agora, sinto uma leveza que acho que posso flutuar. Não precisar atuar pra esconder as feridas, poder me ligar a alguém do fundo do coração sem medo de nada. Sem ter que me esconder de sombras do passado e, o melhor, não precisar me preocupar com essas sombras se infiltrando no presente.

— Suk... — olho para o lado pra encontrar os dois olhinhos de Sun abertos bem preguiçosamente. Ele se estica e acende o abajur no criado-mudo do seu lado da cama. A luz traz a visão seus cabelos bagunçados e uma preguiça linda de recém-acordado a seu rosto.

Ele se esforçou para sentar-se ao meu lado mantendo o cobertor sobre suas pernas. Me sinto um pouco triste com a visão dos pequenos machucados em seu torso e do curativo sobre os pontos em seu braço.

— Já vou dormir, Amor — a palavra escapa antes que eu possa impedir, me fazendo corar levemente.

Um sorriso se espalha pelo rosto de Chang Sun.

— Eu amei isso — ele diz e me "puxa" pra um selinho. — Não está descansando o suficiente e já é fraco pra doenças, me preocupo — com o braço nos mantém próximos ao falar e eu sei que vai me beijar de novo. Nós dificilmente nos beijamos só uma vez depois que um começa ultimamente. Admito que o motivo é eu ter parado de fugir, mesmo que a vontade venha às vezes. Velhos hábitos não morrem tão facilmente. — Ainda é estranho pra mim você retribuir tudo que eu faço em vez de me bater ou tentar me matar — ele sorri mais e beija minha bochecha antes de se afastar.

— Eu quase te perdi. Não vou desperdiçar um só segundo de agora pra frente, garanto.

— Seria esse o meu sonho? — pergunta fazendo graça. Esperto, só porque não pode apanhar fica se aproveitando. — Suk, o que pensa em fazer depois que tudo acabar?

— Eu não faço ideia. Vou ver como as coisas terminarão antes de decidir.

— Então... — ele segurou ambas as minhas mãos e me olhou tão profundamente que senti que enxergava minha alma. — Casa comigo?

Meus olhos se arregalam quase que instantaneamente.

— O... o quê? Enlouqueceu foi? — me exalto.

— Nunca estive tão sério. Eu te amo. Esse sentimento não vai sumir, eu sei que não vai. Nunca senti nada tão intenso e vasto como o que sinto por você. Eu quero estar contigo, te beijar, te abraçar, te ninar, te proteger, ser o pilar que te mantém forte, te elevar às estrelas. Nunca pensei que desejaria um pedaço de papel escrito que pertencemos um ao outro, mas, agora, parece tão mágico!

Quando ele coloca dessa maneira, não posso deixar de ver magia também.

— Mas...

— Podemos nos mudar pro Canadá depois do julgamento ou pra qualquer outro lugar que você quiser depois de nos casarmos. Podemos viajar o mundo! Podemos ser só nós dois em um lugar calmo e lindo como você gosta! Podemos adotar crianças! — o sorriso e a empolgação dele com seus planos estavam sendo transmitidos para mim e eu estava adorando tudo aquilo. Parecia irreal demais que pudéssemos ser assim, mas era real, era algo que podíamos alcançar se eu quisesse.

— Sun...

— Amor, pense e me diga: O que você quer? O que te faria feliz agora?

Então, eu penso. Com vontade.

Sabe o que me vem a mente? Belos lábios. Um sorriso. Uma casinha aconchegante coberta de neve. Assistir o pôr do sol de mãos dadas. Chocolate quente e suéteres bregas combinando. Uma vida simples com um calor que me faltou por longos e dolorosos anos.

— Eu quero casar com você.

Dorei DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora