2*Não sou stalker mas sei onde ele mora

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Lee Jong Suk

Volto pra meu apartamento rápido e ligo para Dae Chul, meu melhor amigo e empresário.

—Você sabia não é?

—Sobre?

—Sobre meu "par romântico".

—Oh...

Revirei os olhos.

—Eu pensei que...

—O quê? Que eu me divertiria horrores relembrando cada segundo dos piores anos da minha vida? Se foi isso errou feio —digo irritado.

Dae Chul é um dos poucos que sabe o que aconteceu no meu passado e o único dentre os conhecedores que não estava envolvido. Os acontecimentos daquela época ainda voltam para me assombrar durante meu sono.

—Não foi nada disso... Sabe que nunca te desejaria mal, né? Só pensei que te ajudaria a superar. Dizem que enfrentar ajuda. Além disso, o cachê é ótimo.

—Dinheiro não vai me convencer desta vez.

—O número está mensagem que te enviei uma hora atrás. Do jeito que é distraído nem deve ter lido.

Bingo. Não li mesmo. Desbloqueio meu telefone e olho as mensagens. Assusto-me.

—Certeza que não errou nisso Dae Chul?!

—Não, é isso aí mesmo —disse rindo.

Eu nunca recebi um trabalho com um cachê tão alto. Mesmo assim...

—Não dá. Mesmo assim, não consigo. Eu irei travar em cada uma das cenas românticas e se o foco da história é isso... Tenho muito apreço pelo diretor Vitório para estragar uma obra na qual ele trabalhou tanto.

—Faz um esforço vai! —Se fosse tão simples... —Pelo bem da nossa vida financeira. E outra, esse dorama será extremamente divulgado e se tiver sucesso você será idol! Pense nas vantagens que isso traria!

Não tenho como discordar que é tentador. Se não fosse a possibilidade de eu fazer isso seria nula sem "mas" ou "porém" na história. Parece que o diretor Vitório sabia como tentar me convencer.

—Não sei, Dae Chul. É demais pra mim. Já se passaram cinco anos e nada de eu esquecer ou superar, por que um ano gravando mudaria alguma coisa?

—Cinco anos fugindo, quer dizer. Talvez seja diferente se você enfrentar. Por que não faz um amigo gay?

Ah! Eu fiz mais que um amigo gay pode ter certeza e tenho a impressão de que ele não vai me dar paz.

—Não acho que funcionaria.

—Fazer as pazes com seu pai...

—Nunca. — Digo sério. Isso sim é algo incogitável. Da última vez que o vi não foi bonito e não quero repetir a dose —Não o verei nunca mais.

—Okay —entendeu que não conseguiria me convencer quanto a isso —, mas ainda acho que deveria aceitar o papel. Vai ser bom para sua carreira, bons profissionais devem fazer sacrifícios.

Ele têm razão, mas não quero me comprometer sem ter certeza se consigo ou não.

—Vou pensar.

—Tudo bem. Ligarei para diretor Vitório avisando sua decisão.

—Obrigado —desligo.

A campainha toca e me pergunto quem é. Não espero visitas hoje... Na verdade, eu nunca espero visitas. Tenho apenas um amigo e me isolei da minha própria família para evitar contato com meu pai. Deve ser algum vizinho pedindo algo.

—Quem é? -grito.

—Lee Chang Sun.

Ou talvez, mais um demônio pra me infernizar.


Lee Chang Sun

Diretor Vitório me deu o endereço de Jong Suk facilmente. Parece que ele já sabe que há algo mais entre nós, apenas não comenta.

As vezes acho que ele lê mentes.

Dirijo até lá e parece que até o trânsito resolveu ajudar.

O lugar é um edifício grande e metálico com vidros espelhados. Deve ser caro morar aqui. Saúdo o porteiro e ele me olha com cara de poucos amigos. Ofereço-lhe um de meus melhores sorrisos e ele ignora completamente.

—Posso ajudar? —pergunta sério.

—Vim ver Lee Jong Suk, apartamento 24.

—Verei se pode subir.

—Um segundo! —interrompo-o antes de tirar o telefone do gancho—É uma surpresa! Sou um amigo que ele não vê a um tempo e acabei de chegar na cidade então decidi fazer uma visita.

O homem visivelmente estranhou. Parece que Jong Suk não recebe muitas visitas. É... ele tem cara de antissocial mesmo.

—Está bem, sobe.

Chego ao andar dele voando e toco a campainha. Espero um pouco e escuto um:

—Quem é?

—Lee Chang Sun.

Um silêncio maior desta vez.

—Não estou!

Rio alto.

—Eu não mordo, quer dizer, a menos que você queira —sorrio malicioso.

—Como descobriu onde eu moro?

—Abre que eu te conto.

Ouço um suspiro irritado e logo as trancas se movimentam e a porta se abre revelando um Lee Jong Suk em roupas casuais. Não aguentei e acabei atacando seus lábios de forma voraz em um beijo quente e inesperado.

"Ele gosta" penso.

—Para com isso! —diz após se afastar, ainda ofegante —O que você quer?

—Você. De preferência sem roupas.

—Já disse que não vai rolar outra vez. Foi um momento de loucura.

—Um pouco de loucura de vez em quando faz bem —digo abraçando ele por trás e distribuindo beijos em qualquer pedaço de pele descoberta.

—Mas o quê...?! É um animal que não consegue controlar seus próprios instintos? —diz, mas seu corpo corresponde cada uma de minhas carícias.

Ele me deseja.

—A culpa é sua por ter um corpo tão sedutor —digo.

No mesmo instante Jong Suk salta pra longe de mim com uma expressão de pânico, respiração acelerada e corpo tremendo em choque. Me assusto com sua reação. Ele leva um segundo para se recuperar mas seu olhar transtornado é algo que não quero nem pretendo rever.

—Desculpe —digo. Sendo culpa minha ou não, sinto que devo desculpas, afinal, quem chegou como um predador no cio fui eu.

Ele pôs a mão no coração como se o mesmo estivesse a ponto de pular fora.

—Vá embora —ele declara.

—Sinto muito—digo. Não entendo o que aconteceu, mas vejo que Suk não está bem e também não quero ir agora.

—A culpa não é sua, está bem. Eu sou assim. Só não aconteceu da última vez porque eu não estava suficientemente sóbrio para lembrar.

—Lembrar do quê? —agora estou muito curioso em relação a Jong Suk não querer gostar de homens. Deve ter sido algum trauma forte pelo modo como ele reagiu.

—Apenas vá, Sun —ele abriu a porta e esperou que eu saísse para fechá-la novamente.

Parado no corredor do prédio apoio minha cabeça na porta.

Vou chegar fundo nessa história. Não desistirei até descobrir tudo.

Dorei DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora