Pecados - Escritos à sangue.

007#For you

INESPERADAMENTE SUA

Meu pecado não foi errar o caminho,
foi não querer mais voltar para o que pensei ser certo.

Quando crescemos juntos, tudo foi tão natural, meu primeiro beijo, meu primeiro namorado, meu primeiro sexo, meu primeiro gozo... Todos nossos sonhos aconteciam juntos. Tudo natural o suficiente para a minha mente, que o único amor da minha vida foi você.

Infelizmente nada é como o esperado e o destino tinha outra ideia para a gente. Selou o seu fim, num trágico acidente. A caminho do altar, aonde iria me encontrar, jurar diante de Deus a nossa união. No caminho, talvez uma curva errada não sei. Tudo que sei é que nunca chegou.

Meses se passaram... Até encontrar, um velho livro preto esquecido, ao folheia-lo, me fez pensar naqueles velhos grimórios que tanto falávamos na época da faculdade em jogos de RPG. Nostálgico e tão caloroso, mas é mais doloroso, lembrar de você e não o ter. Mais doloroso ainda é saber que você não está apenas aqui, como está aonde não posso alcança-lo. Ou posso? As respostas estão todas diante de mim?

Por impulso, folheio rapidamente em busca da resposta tão almejada. Mas não encontrei, em meio a lágrimas insistentes, encontro um ritual de invocação. De repente, numa invocação certa, poderia traze-lo para mim. Fora do meu juízo, sem qualquer medo ou pensar direito. Preparo cada passo e apenas e tão somente no meio do feitiço um medo aterrador me invade, se não desse certo, o que seria de mim?

Mas já era tarde e da invocação, surge um homem... As luzes se apagam, um cheiro forte invade todo o quarto e já não me sinto confortável em minha própria casa, sua presença muda tudo tomando tudo para sí. Seus olhos se destacam em meio a escuridão, a luz vinda da janela o ilumina, seus cabelos negros se perdem em meio a sala, sua pele translúcida lhe dá uma sensação fantasmagórica. Meu corpo teme, meu corpo anseia, se contradiz.

Ele era um demônio, seu chifres eram a prova. Mas quando dizem que o mal era feio, não poderiam estar mais errados, o demônio é lindo, sensual, extravagante, envolvente, ele se quer abriu a boca e já me tenho enfeitiçada pela sua aparência. Seu sorriso é naturalmente malicioso e libidinoso, me fazendo arfar sem sair do lugar.

- Você quem me invocou, diga-me a que se deve o fato? - Sua voz parecia um timbre rouco perdido em tesão, como um sussurro ao pé do meu ouvido mesmo sem sair do lugar. Fazendo-me arrepiar.

O olho perdida em seu encanto diabólico, quase esquecendo como falar. Mas antes que me desse conta, as palavras vinham até minha boca, sem pestanejar. - Quero ser amada. - Me assusto com as minhas próprias palavras, levando a mão a boca. não, não, não! Não era isso que queria falar. Minha boca se cala, e meu corpo se nega a contradizer as minhas palavras, excitado demais, pingando em desejo pelo demônio diante dos meus olhos.

- Pedido aceito. - Foi o que ele disse, meu peito dá um alto em felicidade enquanto grito em minha mente, no último suspiro do pensamento coerente. Seus passos são lentos em minha direção, meu arfar já se faz presente sem o seu toque.

Quando enfim chega em mim, com a ponta dos dedos, toca a minha pele e como brasa me incendeia, queimando apenas as minhas roupas, deixando-me nua para ser possuída. Quando sua boca alcança a minha embebedo-me com o gosto agridoce de sua boca, invadindo-me com volúpia. Me fazendo clamar em gemidos, coisas que nunca pensei ousar implorar.

Não tive outro homem se não aquele que jurei amar, aquele que era para estar aqui. Entretanto não consigo me arrepender de ter trazido este demônio por engano, não me arrependo de me entregar em abandono. Nos braços deste desconhecido sinto que não o amei tanto assim.

Tudo em minha mente, envolve aquele quer não me ama, devora-me com a boca, lingua, mão e seu pênis. Se todo "mal" é tão quente quanto este que me envolve, já não me surpreende quantas mulheres se entregaram ao pecado, sem a menor esperança de ser amada em retorno. Já me sinto incapaz de viver sem o seu toque e o seu tesão, pulsante, me descobri dependente deste prazer inebriante. Tão pouco me importo. Me descobri infeliz até a sua aparição, num amor confortável, sem muita complicação.

Tão diferente dessa paixão sem emoção, nesse sexo selvagem, de corpos que não tem nada alem de tesão. Para você, aquele que jurei amar. Um dia eu vou te encontrar, mas não posso te prometer que o velho coração que bateu por você ainda vai te amar. Pois já o sinto sendo roubado, por um demônio invocado por acidente que nunca irá me amar.

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