XIII - A biblioteca

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Clara, estava feliz, os seus dias fora muito amor. Enrico lhe proporcionava momentos de puro aconchego, o trabalho lhe rendia bons frutos. Para Enrico era o pessoal somado ao profissional que lhe trazia o bem-estar.

Mas os dias ficariam nebulosos, seu pai não passava bem, e sua mãe exigia sua presença. Fazia uma semana que Enrico partira para a capital, seu pai havia ficado internado, as esperanças de trazê-lo de volta a sua casa, iam se perdendo. Sua mãe estava calada:

— Mamãe, não fique triste, se ele se for, você vem morar comigo.

— Não vou deixar minha casa, mesmo sabendo que não há mais empecilho para voltar a nossa cidade.

— Sim, hoje eu trabalho lá, e nunca ninguém tocou no assunto do nosso passado.

— Filho, você precisa se casar, ser feliz com alguém. Logo serei eu a partir, não o quero só.

— Ah! Mãe! Não fale assim, você ainda é forte.

— Não filho, fui diagnosticada com câncer, estou em tratamento, e perdoe por não contar. Não queria te trazer dor.

— Mãe! Porquê? Escondeu de mim, poderia estar com você nesses momentos ruins com meu pai.

— Filho, estou bem, não tenho dores, mas sei que chegará a minha hora, por isso o quero te ver feliz. E conte sobre você, onde mora, sei apenas que se associou a uma jovem na cidade.

— Sim, mãe não quis te contar, pois, como ela é da cidade, pensei que não gostaria.

— Filho, o que importa é sua felicidade.

— Mãe, você lembra da nossa fazenda? Nunca soube porque vocês venderam, sai de lá era um adolescente, me conta o que houve? Fui visitar ela outro dia, desde que mudamos, nunca voltei lá.

— Ah! Esse assunto... Não quero falar sobre ele.

— Por quê? Estou vivendo com todos daquele lugar, gostaria muito de saber algumas coisas, acredito que conheça histórias daquele lugar.

— Não mexa com aquilo, garanto que virá tristezas.

— Não vou desistir, aquilo tudo está em mim, cresci lá, lembro de ir ao casarão de pedras com meu pai, ainda criança. São recordações muito vagas. Marta desconversou, e deu graças a Deus quando uma enfermeira os chamou, o pai de Enrico acabara de falecer. E assim, cuidaram de tudo e retornaram após o velório que decidiram fazer ali mesmo, já que havia poucos a serem convidados onde moravam. Nem convidados e nem sentimentos sobravam daquele relacionamento na mentira.

— Mamãe, vamos passar uns dias comigo?

— Está bem, apenas uma semana pode ser?

— Até que enfim você aceitou, estou feliz por isso. Após colocarem algumas roupas em uma pequena mala, os dois seguiram ao hotel. A mãe de Enrico, Marta, foi ficando assombrada devido ao caminho que o filho seguia. Seu coração ficou acelerado, e as lembranças lhe vieram como um turbilhão na sua mente...

Ela lembrava do dia que às duas, Eunice e ela disseram que viajaram, Eunice estava de cinco meses de gravidez, elas ficariam fora do país, iriam para a Argentina. Marta alugou um chalé, levou o que iriam precisar para os quatro meses. Marta fingia ter uma gravidez de risco, barriga falsa, um médico amigo dela atestou que ela precisava de repouso e assim a boníssima amiga a acompanharia para ajudá-la.

Foram longos quatro meses, às duas estreitavam laços, e assim um lindo menino nasceu, o papel de mãe foi dado a Eunice nos primeiros dias, devido à amamentação, mas o marido preocupado logo chegou tirando o direito de Eunice, fazendo Marta fingir o papel imediato de mãe. À viagem de volta foi anunciada e o coração de Eunice sofria, a distância daquele seu filho a deixaria amarga, triste.

As Reencarnações de ClaraOnde histórias criam vida. Descubra agora