"Capítulo VI" - Em busca da verdade

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Às vezes partimos em busca de nossos objetivos, mesmo sem termos certeza de qual será o melhor caminho para lá chegarmos. Com fé no coração não existem medos; apenas vontade de triunfar. Não importa as circunstâncias. É provável que as dificuldades acabem por surgir, mas se nunca duvidar a determinação fará o resto.

Quando Clara era surpreendida com problemas difíceis de resolver ou situações um pouco mais complicadas de superar, era nessas horas que ela muitas vezes encontrava forças de onde nunca imaginava que houvesse. E foi num amigo, na música que ela relembrou bons momentos, ou até na boa leitura, o mais importante para ela era conseguir seguir e obter forças onde quer que elas estivessem. Evitava guardar maus sentimentos, pois eles não iriam sumir assim de repente, precisava libertá-los. Para ela, liberar aqueles sentimentos que causavam sofrimento, não era uma tarefa muito fácil, mas pensava na sensação de liberdade após tanto tempo relembrando tudo aquilo. Afinal era passado.

Muitas vezes precisamos de um tempo para processar tudo que está acontecendo à nossa volta, mas nunca permita que a dor e a infelicidade superem os bons sentimentos, expulse-os da sua vida encontrando forças para seguir.

Na segunda-feira Clara e o senhor Willian resolveram que iriam em busca de toda história dos moradores daquelas terras. Enrico havia ido até à capital, logo retornaria, ficaria por uma semana para vender coisas e o apartamento, e se estabeleceria ali mesmo naquela cidade, onde fora proibido viver, caminharia pelas ruas. Ele acreditava que toda situação mal resolvida do passado, uma hora ela voltaria, para que pudesse se ajustar com a lei divina que não pode ter falhas. Podemos dar voltas, mas uma hora chegaria ao ponto onde deveria ficar.

Na cidade de Clara, o jornal tinha os arquivos de tudo que havia acontecido na cidade, e foi por lá que começaram. Passaram o dia buscando notícias que os levassem há 50 anos ou mais... As notícias da época eram de mortes violentas, roubos e assassinatos. Uma notícia chamou a atenção de Clara, que chamou de imediato o senhor Willian.

Aquela imagem, aquele vestido, era como ela vira na sua visão. Era uma foto em preto e branco do busto de sua mãe, a visão que ela teve, o texto dizia;

"Família, entra em desgraça.

A Família Alencar, poderosa na região, por vários séculos, entra em desgraça, após a mãe da família ter caso com o genro. A esposa do senhor Alencar, foi descoberto pelo marido que fazia tempo, ela vinha se encontrando com homens de todas as idades da região, há quem diga que ela teve caso com todos os homens desta cidade. Após a própria filha descobrir que a mãe estava tendo caso com o seu marido que no caso seu genro, entrou em trabalho de parto, vindo a óbito ela e a criança. Agora o (casal) sogra e genro fugiram, deixando a família na vergonha. O senhor Alencar não suportando tal vergonha, se fez sucumbir diante da verdade. Acharam seu corpo enforcado numa árvore, no alto da colina, uma semana depois da morte de sua filha e do tão falado sumiço da casa"

Clara via aquele jornal com a figura ilustrativa à sua frente, queria sumir. Mas se segurou, viu sentado a uma mesa um senhor de uns oitenta anos aproximadamente.

— Senhor, bom dia, desculpe a intromissão, o senhor ao que parece trabalha aqui.

— Sim, há muitos anos, desde meus nove anos, este jornal era escrito a mão, tipo um folheto, espalhando notícias de morte nos arredores, uns passavam para os outros, era artesanal. Foi do meu Bisavô, avô, meu filho e netos tomarão conta, estou passando para eles.

— Entendo, então o senhor mora aqui há muitos anos também, não é?

— Sim, toda minha vida. O senhor William se postou ao lado de Clara.

— Senhor, estou interessada nesta história, apontando para o jornal na sua mão, aqui não fala mais nada. O homem pegou os óculos que estava sobre a mesa e nos olhos, logo em seguida pegou o jornal, onde via o artigo que Clara havia mostrado-lhe. Leu e franziu as sobrancelhas, ficando sério.

— O que houve, o senhor não lembra?

— Não é da minha época, como pode ver a data, mas meu pai falava muito disso. Foi um escândalo. Pelo que entendi foi famoso porque essa mulher da foto era uma grande benfeitora da cidade, ela mantinha um asilo e um lar de crianças com doenças.

— O que sabe dessa história?

— Bem, o que sei é o que todos sabem, a geração do meu pai contava que ela traia o marido com qualquer um, o genro foi só mais um. Era muito linda, rica, toda fortuna era dela, da família dela. O marido era um fantoche dela. Isso uma hora ia acontecer. Todos pensavam que haveria um crime, como o marido descobrir e matá-la, mas no fim, ela se safou, indo embora, e seu marido se enforcou, depois que filha e neto morreram.

— Ela nunca voltou para a cidade? Perguntou o senhor William.

— O que todos comentavam é que ela mantinha tudo, nunca deixou de ajudar, mandava dinheiro de onde estava. Além dessa história tem outra, da fazenda vizinha, mas no momento não posso contar-lhes, é hora de voltar para minha casa, minha esposa está muito doente, este horário é sagrado para mim, mas podemos continuar esta conversa, depende de vocês... Os dois se entreolharam e aceitaram. Marcaram.

— Então, que tal amanhã, o senhor pode almoçar conosco?

— Não posso, como disse, tenho minha esposa... Bem o que podemos fazer, venham amanhã, por volta das 14:00 horas, tomamos um lanche na cafeteria do outro lado da rua, aceitam?

— Sim, claro, até amanhã. E assim se despediram e saíram rumo a rua, andavam devagar. Quando um vulto passou por Clara de raspão, ela sentiu tonturas e encostou na parede.

— Que foi clara? Está bem?

— Só uma leve tontura.

— Clara, desde o seu acidente naquela casa, tens tonturas, algo está acontecendo, tudo isso está vindo em ondas. Precisa se apegar com Jesus, sinto que vem mais coisa forte por aí, esteja preparada.

— Eu sei, estou me preparando, creio que ouvirei mais coisas ruins. Senhor William, se fiz parte dessas coisas que agora vem, porque seria? Qual o fundamento?

— Lembre-se, que tiver enquanto um filho de Deus precisando de ajuda nesta terra, tudo irá de encontro para corrigir, para compreensão de quem se acha lesado de alguma forma. Você tem conhecimento espírita, para saber que existem espíritos que ficam presos no passado, a vida segue no material, mas no espiritual fica congelada no momento do erro.

As Reencarnações de ClaraOnde histórias criam vida. Descubra agora