XXVI - libertação

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Diante de Deus, perto dos olhos dos que creem na possibilidade de se ajudar no bem, a equipe trazia Emanuel adormecido. Não foi difícil pega-lo. Emanuel há muitos dias andava cambaleando pelos cantos e quando Clara entrou no centro, uma equipe de irmãos do plano espiritual que atua na região  sombria, os aguardavam. A equipe com experiências de resgate nas regiões mais densas, eram os soldados, que tinham a coragem e a sabedoria da hora que deve resgatar aqueles que fora deixado, para depurar sentimentos ainda cravejados  da sensação terrena.

Emanuel deitado numa espécie de maca, dessas  que se usam em hospital, mas diferente pelos acessórios nela acoplados. Adormecido, acordava gradualmente ao som de uma voz, ele quase a reconheceu, mas acreditava estar ficando louco:

—"Meu filho, Deus nunca dá um serviço sem conceder a graça correspondente para bem executá-lo. Isso quer dizer que, se sobre mim pesa uma autoridade espiritual sobre você meu filho. São derramadas as graças espirituais para executar sua tarefa e ser canal da bênção de Deus. "Deus o abençoe!" O Senhor mesmo se coloca como o Pai que dá sempre e continuamente, buscando incansavelmente o melhor para seus filhos.

  Como autoridade espiritual, devo, portanto, abençoar continuamente meu filho com palavras e orações, e viver na prática o que aprendemos com o próprio Deus uno e trino, paternidade, autoridade e amor incondicional. A busca da conversão pessoal é fundamental, pois, o exercício da autoridade do "faço o que eu digo, não faça o que eu faço", deforma terrivelmente quem no nosso  comando. Finalmente, no campo espiritual, não importa a idade dos filhos, o pai deve ser aquele que convida, auxilia, conduz, perdoa e intercede continuamente, incansavelmente.  

Não é fácil gerar filhos. Como a geração de filhos faz parte da mentalidade de um novo tempo, do despertar para a necessidade de paternidade da parte de Deus na terra, essencialmente, a geração de filhos é parte de um período de transição e todas as transições são muito difíceis. Quando Deus faz algo novo e somos obrigados a entrar em territórios desconhecidos, sentimo-nos desorientados, desgastados e pressionados e entramos em conflito muito facilmente.

Uma das primeiras dificuldades que enfrentamos é o fato de que a paternidade exige muito de nós. A chegada de um filho transforma completamente as nossas vidas, não apenas nos inserindo em uma nova rotina, mas mudando o enfoque das nossas prioridades. Aquele que deseja gerar filhos deve pensar menos e concentrar-se no que Deus está realizando através de sua vida.

  Há também que se superar dois sentimentos antagônicos: por um lado, a tristeza pela possibilidade de incompreensão por parte dos filhos (uma vez que, ao crescerem, eles geralmente se rebelam, os pais passam de heróis a retrógrados e existe sempre muita ingratidão); e, por outro lado, o ciúme que se possa nutrir intimamente por eles. 

Há que se vencer o próprio medo de envelhecer. Se gerar filhos significa tornar-se patriarca de gerações (ou seja, não apenas pai, mas avô, bisavô, e assim por diante), o que fatalmente implica em envelhecimento, há que se ter em mente, que nos assegura que "Na velhice os que geram darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor".

Filho, abra seus olhos, conheça a verdade, liberte-se, livra-te das amarras da terra, liberte quem um dia lhe foi caro. Anseie uma vida de glória, de bem-estar. Não se prenda a carne."

Emanuel enquanto ouvia e sabia de quem era aquela voz, seu pai. Sentou naquela espécie de maca, e uma imensa luz lhe cobriu, ele se desligava da terra, seu corpo e sua mente ia sumindo para acordar, na casa intermediaria. Ficou ali em tratamento, fez amizades, depurou seus sentimentos mais baixos, pediu perdão a  Henriette, por fazer ela prisioneira por tanto tempo. Partiu depois de algum tempo para a colônia destinada a ele, e depois para uma nova encarnação. A evolução diante dele o levava ao futuro. O amor o transformou.

Para Clara, depois desse dia, abriam-se possibilidades, ela começava a murmurar palavras, e com ajuda de profissionais pode falar, mas com limitações. Os movimentos das pernas e braços ainda muito lentos, continuava na cadeira de rodas.

A recuperação de Clara, era lenta e gradativa, saia de uma terapia a outra. Seu  irmão Enrico e o senhor William, lhe dava toda  ajuda. Viajaram o mundo em busca de novas possibilidades.

Clara, tinha pesadelos, aqueles que a atormentaram quando criança e que se prolongaram quando adulta. Acordava suada, e os dois decidiram, e acharam melhor que mudasse de ares, de casa, de país.

Enrico agora, se dedicava a irmã, que um dia amou como mulher, agora transformava o amor em dedicação, e renunciava ao amor carnal. Via nela  uma irmã e cuidava dela. Moravam numa vila de casas antigas em Zurique, ali ela tratava suas limitações. Devido ao tempo que tomou muitos remédios que afetaram algumas partes de seu cérebro. Clara jamais voltaria a ser o que foi, dependeria de seu irmão.  Enrico se sentia culpado, se sua mãe não tivesse contado tudo aquilo no carro, ele não teria ficado nervoso, tentava tirar isso da cabeça, afinal sua mãe havia morrido, ela não merceia isso agora.

Os dois irmãos, viviam felizes naquela casa, os pesadelos de Clara sumiram. Por isso não quis voltar para o Brasil. Um fato extraordinário, trouxe os dois para o Brasil, os negócios. Mas ele tomou providências, e o senhor William cuidava de tudo na sua ausência.

As duas fazendas, não mais pareciam as mesmas, o casarão de janelas azuis, agora se transformara em um grande centro de crianças, jovens e idoso, que recebiam o que necessitavam, muitos que ali chegavam não tinham um pedaço de pão para comer, ali eram alimentados, tratados. Muitos por não ter para aonde ir, era dado trabalho na colheita de verduras e frutos. 

Ao redor foi construído centro comercial que geravam fundos para todo o investimento da família de Clara.

Enrico, numa noite teve um sonho... era casado com Clara, ele sabia ser ela, mas um pouco diferente. Reconheceu ela logo de início, mas sentiu uma dor no peito, quando se viu traindo ela com a própria mãe, acordou todo suado, foi ate o banheiro, lavou o rosto, voltou para o quarto. Lembrou de sua esposa do passado e de Clara, será? Seria possível. Mas ele estudava a doutrina espirita, sabia que aquele sonho não fora em vão.

Os dias passavam rápido desde que deixaram em Zurique, as idas e vindas as clínicas onde Clara se tratava, lhes ocupava o tempo. Num desses tratamentos um médico conversou com Enrico:

— Senhor Enrico, tenho um tratamento que muitos não querem fazer, pois, tem riscos, que gostaria de fazer com sua irmã, se for bem-sucedido ela pode voltar a falar, do contrário ela permanece ao que está, o que acha?

— Preciso conversar com ela, afinal é ela  maior interessada. Sei que não responde, mas preciso falar entende.

— Esta bem, se aceitar começaremos na próxima semana.

— Como falei, vou conversar com ela, depois nos falamos.  E mais uma semana o tratamento iniciou. Clara saia exausta da sala de tratamento, mas Enrico percebia que sua linguagem começava a melhorar, sem contar que seus movimentos não estavam tão truncados. Enrico se entusiasmava, via ali a possibilidade de cura para Clara.


As Reencarnações de ClaraOnde histórias criam vida. Descubra agora