X - Negociação

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GRIFF subiu os degraus para a porta da frente dos Anastagios como um prisioneiro a caminho da forca. O ar estava mais frio e as árvores esparsas do quarteirão estavam derramando folhas.

Desde que “O Monte” foi postado no site Hothead, Griff o havia assistido cerca de quinze, talvez vinte, vezes. Ele tinha finalmente parado de resistir e comprado mais uma semana de filiação. E nem sequer estava tentando não assistir mais.

Agora ele estava apenas tentando não pensar sobre isso fora de seu fechado quarto do porão. Não estava evitando Dante, mas para sua própria sanidade, ele estava tentando se certificar de que não estivessem sozinhos por muito tempo. A última coisa de que precisava.

Griff tocou a campainha, abriu a porta e entrou. Debaixo do seu braço esquerdo segurava uma garrafa de vermute doce como uma oferta de paz. Estivera ausente os últimos dois domingos por causa do trabalho, e sabia que seria criticado sobre isso.

Os jantares de domingo nos Anastagios não exigia um convite para Griff. Sua ausência por qualquer motivo, envolvia um pedido de desculpas. Eles o esperavam as 05h00pm com o restante das crianças e ficavam chateados quando ele não aparecia.

O Sr. Anastagio adorava ter a “tropa” por perto quando ele cozinhava, e a Sra. Anastagio nunca parecia saber o que estava acontecendo com a sua ninhada, a menos que a fofoca viesse da boca deles. Esta mulher cuidava dele desde que ele estava no colégio, tinha lavado seus shorts e ido com ele ao médico e conversado com seus professores.

A Sra. Anastagio tirava folga aos domingos e deixava seu marido e os filhos cozinharem, enquanto ela recepcionava na sala de visitas da frente. Essa era uma maneira educada de fazer interrogatórios, e com certeza, no minuto que Griff entrou em casa, ele a ouviu chamar de lá.

- Olá?

Por causa da estranheza com Dante, Griff tinha ficado longe por muito tempo, e ele sabia disso. E ele sabia que ela sabia disso, mesmo que ela não soubesse a razão. No hall da frente, Griff pendurou seu cachecol e jaqueta num cabide. Primeira parada: sala de estar.

Havia vozes da cozinha, mas ele sabia que precisava pedir desculpas a Sra. A. primeiro. Domingos eram os dias em que ela se arrumava para visitantes e hoje não foi exceção. Ela estava
sentada no banco da janela em um terninho verde-claro, que exibiu suas curvas, esperando por ele com um sorriso suave e uma sobrancelha severa.

- Eu pensei que íamos ter que lhe incluir na lista de busca por pessoas desaparecidas do seu quartel.

O puxou para um abraço, ela era uns cinquenta centímetro mais baixa que Griff, e ele teve de se inclinar para ela. Quando ele se endireitou, ela lhe examinou e apalpou seu peito musculoso.

- Você está muito magro, Griffin.

- Magro!? - Ele fez uma careta.

- Que diabos está acontecendo com você?

Agora era uma pergunta difícil. Como responder a isso? Griff se remexeu na bronca carinhosa e empurrou o vinho vermelho para ela. Carpano Antica era o favorito dela e não barato. Ela sorriu em aprovação, mas seu rosto sisudo se manteve firme.

- Obrigado. Mas não acho que você pode me comprar com uma garrafa de bebida, senhor.

Ela acenou para o rótulo bege e colocou a garrafa sobre a mesa do café. Gritos abafados vinham da cozinha. Parecia que o Sr. A. tinha se queimado ou alguma parte do jantar. Então eles puderam ouvir Loretta tentando manter sua paciência enquanto ela o acalmava, seguido de passos no corredor.

- Cerelia! - O marido da Sra. A estava descendo o corredor.

Em alguma parte de sua mente adulta, Griff sabia que o nome dela era Cerelia, mas ele nunca a chamou de qualquer coisa exceto Sra. Anastagio ou Sra. A. O Sr. Anastagio inclinou sua cabeça careca para a sala, enxugando as mãos em uma toalha jogada sobre o ombro. Ele era mais alto que sua esposa, mas não muito, e roliço como um barril peludo. Ele levantou uma mão quadrada em saudação superficial.

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