Right Now

284 33 63
                                    


"E nós não vamos estar indo para casa
Por muito tempo, por muito tempo
Mas eu sei que eu não vou ficar por mim mesmo, por mim mesmo"

(One Direction - Right Now)

CHARLOTTE

Minha respiração ficou presa na garganta quando nossos olhos se encontraram. O azul agora gélido fitando a forma com que estava sentada naquela cadeira. As feridas causadas pelas amarras e a dor infernal na minha cabeça por causa da pancada não se compararam a forma com que meu coração reagiu ao vê-lo.

Os dois anos sem ele pareceram me sufocar agora que estava na minha frente, fechei as mãos em punhos para controlar meus dedos que surpreendentemente estavam tremendo e Louis notou isso, mas, se aquilo o afetou de alguma forma, não demonstrou.

- O pescoço dela – acusou sem emoção alguma na voz, apenas declarava um fato enquanto desviava o olhar para o agente Philips.

Foi só quando falou isso que percebi que a força com que o barman havia colocado noite passada para sufocar-me havia deixado marcas.

- Já estava assim quando a pegamos – ele respondeu – Não a machucamos, como pediram.

Louis assentiu e voltou o olhar para mim. Apesar do que disse, não havia preocupação em sua expressão, continuou a me encarar por alguns segundos antes de pigarrear e tirar uma pasta debaixo do braço.

Foi como se tivéssemos saído de um transe.

- Esses são Brian Maxwell, Derek O'Maley, Marc Heinrich e Crystal Donovan – Louis disse abrindo a pasta e colocando a ficha dos quatro na minha frente – Eles fugiram de prisões altamente fortificadas há três semanas.

Não olhei para o que ele apresentava a mim, continuei encarando seu rosto, observando o que os últimos anos mudaram nele. Estava claramente mais magro, mas exibia uma expressão madura demais para o rosto de menino que me lembrava.

Ele sabia que eu não estava prestando atenção, a forma com que respirou fundo mostrava isso. Porém, continuou a falar, o agente ao seu lado observava tudo – Brian Maxwell tem 19 anos, foi preso faz alguns meses por roubo – a curiosidade começou a tomar conta de mim, o que um garoto condenado por roubo estava fazendo em uma prisão de segurança máxima? Louis me conhecia bem e reconheceu o que significava aquele levantar da minha sobrancelha, por isso explicou a pergunta implícita naquele gesto – Ele tentou estuprar a filha do governador, nada provado até então, mas a declaração da garota foi o suficiente para que ele mexesse os pauzinhos com o diretor do presídio.

Ele continuou a falar, a voz parecia automática, como se tivesse repetido aquela história várias vezes – Derek O'Maley, todos vão falar dele apenas usando o sobrenome, era um milionário. Tem 40 anos e foi preso quando descobriram a origem do seu dinheiro. Ele tentou fugir várias vezes por isso o colocaram em um presídio de segurança máxima.

- Nada disso me interessa – não olhei para ele enquanto falava pela primeira vez desde que ele apareceu. Encarei o agente Philips na tentativa de parar com tudo aquilo, pois, só a forma com que Louis falava fazia meu estômago se revirar. Ele nem perguntou como eu estava e mostrava indiferença para comigo, como se eu fosse alguém que ele conheceu agora.

- Marc Heinrich, o Meirinch, tem 36 anos. Foi preso 04 anos atrás, o FBI montou uma grande rede de investigação para colocá-lo atrás das grades, recebeu investimentos de fora do país para que ele fosse detido porque foi acusado de estuprar 13 garotas entre 05-10 anos.

A voz dele era mais grave agora, ele sabia que aquilo mexeria comigo. Minha cabeça voou automaticamente para a foto que me estendia, a imagem de um homem sorrindo sarcasticamente, o rosto oleoso e o cabelo penteado para trás enquanto fitava a câmera como se não tivesse nada a perder.

Good Enough - This TownWhere stories live. Discover now