First Pardon

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Notas Iniciais:

NÃO É FLASHBACK!  


"E eu tentei te odiar mas a raiva foi embora
As boas memórias superam
O ódio e o rancor"

(Je Te Pardonne - Sia feat. Maitre Gims)

CHARLOTTE

- Antes de ir até lá... – Harry se desprendeu de mim ao dizer isso, naquele breve instante que estive em seus braços pude sentir meu coração querendo estar inteiro novamente – Quero que saiba que não poderá dizer a ela quem você é – meus olhos não conseguiam parar de encarar a menininha de cabelos lisos e sorriso largo, porém aquela sua última frase chamou minha atenção – Não posso deixar que faça isso agora.

- Ela é minha filha – argumentei, mas minha voz não passou de um sussurro.

- E o que você quer? Ir até ela e dizer isso? Eu sei que é difícil de ouvir isso, mas ela tem uma família – suavizou a voz nas ultimas palavras – Aquela ao seu lado é a babá.

- Ela foi adotada com quantos anos? – perguntei sentindo o baque de vê-la puxar a mão da mulher de uniforme para que a empurrasse no balanço – Como é a família?

- Não se preocupe com isso agora – tentou desviar minha atenção daquela pergunta, mas suspirou quando o encarei sem hesitar – São boas pessoas, Charlotte.

- Ela é linda – percebi que um sorriso se abria em meu rosto aos poucos, o chapéu cor de rosa que usava combinava com a cor do batom em seus lábios e o azul do vestido fazia um belo contraste com a pele branca e ali estava o detalhe que sempre me faria lembrar de Jesse.

- Ela se parece com você – Harry sorriu e rolou os olhos, como que reprimindo aquela reação – O formato do rosto é muito parecido.

- Os olhos também – eu parecia estar flutuando com aquela constatação. Coloquei a mão na testa e abaixei a cabeça quando ele riu de mim.

- Pode ficar orgulhosa mesmo – disse – Ainda assim, prefiro o sorriso – nos encaramos por alguns segundos, deixando que aqueles breves instantes de paz nos encontrasse.

- Pode conversar com sua filha, mas não pode dizer quem você é – continuou – Eu sei que quer fazer isso, saber o seu nome ou o que mais gosta de fazer nessa praça.

Então, após ouvir suas palavras, fiquei com medo. Medo de não conseguir dizer nada e assustá-la. Temi não ser o tipo de pessoa que alguém gostaria de ver conversando com uma criança, vestida daquele jeito eu poderia levantar qualquer tipo de suspeita.

- Eu não sei...

Harry ergueu a sobrancelha quando não consegui terminar a frase – Não quer falar com ela?

Soltei um riso irônico – É tudo que mais quero nesse mundo, Harry. Mas olhe para mim, eu... – balancei a cabeça e, enquanto pensava no fato da minha filha merecer conhecer alguém melhor do que eu sou, me lembrei das palavras de Miranda dias atrás.

- Você perde as oportunidades e as pessoas ao seu redor por achar que não é suficiente – ele completou o que não consegui dizer – Você... – engoliu em seco – É a sua filha quem está ali e está me dizendo que não vai conhecê-la porque não é boa o suficiente?

- Ela merece mais – foi a única coisa que eu disse por que explicar o que eu queria, as coisas que eu estava sentindo e o que eu precisava, era mais do que Harry poderia entender naquele momento. Então, com meu coração parecendo pesar uma tonelada, dei a volta no carro e fechei a porta atrás de mim. Ele ainda permaneceu alguns segundos parado, tentando entender o motivo que me levou a fazer aquilo, mas como explicar que eu precisava de ajuda? Como colocar aquilo em palavras se o simples pensamento me fazia embrulhar o estomago? Admitir tudo aquilo era deixar meu orgulho de lado e eu não iria conseguir fazer isso em voz alta.

Good Enough - This TownWhere stories live. Discover now