Capítulo 2

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Brock

Continuo correndo como se minhas pernas não fossem parar, como se eu não sentisse nenhuma fadiga por estar correndo por horas sem rumo, sendo simplesmente o animal que fui alterado para ser. Uma pantera.
Começo a me lembrar do meu tempo na instalação IMC (Instalation Mercile Corporation) e o ódio se apossa mais ainda da minha mente. Eu odeio aqueles filhos da puta. Quero encontrar cada desgraçado e arrancar seus membros um por um, numa tortura agonizante deliciosa. Eu era conhecido como "768, o Monstro dos Olhos Esverdeados" pois aterrorizava todos que chegavam perto de minha cela. Já matei vários enfermeiros e guardas e fui torturado inúmeras vezes por isso, eu realmente não me importava de ser torturado se em minha mente eu tivesse a consciência de que tinha matado mais um desgraçado da Mercile.
Paro a corrida quando vejo que estou sendo seguido por Valiant

- Uau, quanto fôlego, está fugindo de alguém? - Ele me alcança com facilidade

- Fugindo dos meus pensamentos - Olho para o macho em minha frente e percebo que ele me entende. Valiant é um grande amigo, somos bem parecidos em personalidade.

- Entendo. Minha Tammy fez o jantar e está te convidando para se juntar a nós. Não faça essa cara de desgosto, minha fêmea faz questão de sua presença e você não irá decepcionar ela. - Valiant diz me ameaçando, pronto pra atacar. Ele faz tudo por sua Tammy, vive e morre por ela. Coisa que eu farei se um dia tiver uma companheira, a farei imensamente feliz e provarei que não sou um macho ruim, que eu posso ser um bom companheiro e todas as necessidades dela estarão na frente das minhas. Ela será minha prioridade número um.

- Agradeço pelo convite mas estou sem fome, Valiant - Tento inventar alguma desculpa para não ter que ir. A questão é que não consigo ficar na casa de Valiant sem querer a mesma felicidade para mim, uma fêmea que me ame e um filhote com meu rosto. Dói.

- Brock, eu não quero lutar com você agora se não a minha Tammy ficará brava por eu ter chegado em nossa casa cheio de mato e sangrando, consequentemente, se ela ficar brava comigo, eu vou ficar mais bravo ainda com você e iremos lutar novamente. Então seja um bom homem e venha para o jantar. Sem desculpas. - Rosno em sua direção e ele rosna de volta. Aceito ir para o lar dele - não de total bom grado - e me preparo emocionalmente.

Tammy é uma boa mulher para Valiant. Nunca gostei de humanos mas sou obrigado a aturar as fêmeas humanas que são as companheiras de meus amigos. Nunca machucaria uma fêmea humana pois tenho honra, mas é algo que não quero. Elas são pequenas e sentimentais. São loucas, uma hora estão chorando e na outra estão rindo. Não consigo acompanhar a mudança de humor.
Já fiz sexo com fêmeas espécie mas nenhuma quis se acasalar, elas são um espírito livre e não gostam de ser domadas. Eu quero uma para chamar de MINHA e ter o meu cheiro em si.
Afasto o pensamento e entro na casa de Valiant sentindo o cheiro de bifes e tortas. Sempre estou com fome.
- Brock, você veio - Tammy tenta me abraçar mas Valiant rosna e a pega no caminho. Agradeço mentalmente

- Não, Tammy. Ele é um macho. - Diz justificando e a aperta mais entre os braços como se eu fosse tentar roubar-la dele.

- Eu estava sendo gentil, seja educado Valiant, ele é seu amigo. Relaxe um pouco.

- Ele é meu amigo mas você é minha mulher. Minha fêmea. Minha. O mataria se ele olhasse pra você de outra forma - Beija ela apaixonadamente mas sei que está marcando território

- Brock sabe muito bem disso, e não é como se Brock fosse querer fêmeas humanas. Sentem-se no sofá e vou buscar as cervejas. Me perdoe pela cena Brock - Ela sai andando e some pela porta da cozinha e escuto o rosnado de Valiant

- Você é louco - Digo

- Espere até você ter a sua própria fêmea - Sigo até o sofá e continuamos conversando, esquecendo da cena anterior.

O jantar foi muito bom e Tammy fez uma sobremesa de chocolate incrível.
Depois que sai de Mercile, chocolate foi algo que experimentei e me viciei completamente. Alguns felinos não se sentem bem e até vomitam comendo chocolate, mas comigo o efeito é contrário, como mais ainda.

- Fiquei sabendo que Justice está afim de construir novas casas em Homeland e até mesmo aqui na reserva. Com tantos Novas Espécies sendo encontrados, as casas estão sendo ocupadas rápido demais - Diz Tammy puxando assunto a mesa

- É uma boa idéia mas não quero que a reserva fique muito cheia, gosto da minha liberdade e de correr entre as florestas quando quero - Digo, levando mais uma colher de chocolate a boca

- Você sabe que aqui só ficam os mais selvagens e antissociais - Ela olha pra Valiant levantando apenas uma sobrancelha

- Você sabia disso quando aceitou ser minha companheira - Ele dá de ombros

- Não tive muitas escolhas. Eu estava e estou apaixonada - Valiant dá um beijo em sua fêmea e começo a me sentir desconfortável

- Obrigado a vocês pelo jantar, tenho que ir. - Me levanto e saio. Acho que eles nem perceberam minha ausência.

Chegando em minha casa, subo as escadas pro meu quarto e tomo um banho relaxante.
Não posso evitar de tocar meu membro já excitado e começo a me masturbar pela milésima vez esse mês, pensando seriamente em montar alguma fêmea logo. Alguma fêmea quente, apertada e receptível. Com esse pensamento, chego a minha libertação e solto um alto rosnado.

Termino o banho e me olho no espelho, encarando a minha própria imagem; Meus cabelos são curtos, totalmente diferente dos NEs, que normalmente possuem longos cabelos. Meu corpo é 60% composto por tatuagens; braços, coxas, costas, abdome e até mesmo pescoço foram alvos das agulhas torturantes da Mercile. Aqueles bastardos adoravam saber os meus limites corporais para a dor e aparentemente fazer tatuagens sem nexo foi um ótimo jeito de me fazer sentir dor. A agulha picando minha pele milhares de vezes ainda ecoa na minha mente.
Meus olhos são de um verde intenso, com as pupilas sempre dilatadas. Olhos que já viram coisa demais na vida, já amedrontaram pessoas demais.
Quando humanos me veem, a primeira reação é de puro pânico. Não consigo evitar ser assim, é o instinto natural. Por isso os odeio, odeio o que me fizeram e o que fizeram com minha raça. Odeio que ainda tentam nos atacar e que ainda aprisionam muitos dos nossos.
Começo a me irritar e saio da frente do espelho, vestindo apenas um short deito na cama e começo a pensar no tudo e no nada.
Acordo num sobressalto, me assustando com o telefone tocando e atendo

- Brock falando - Rosno pra quem quer que seja

- Vejo que te acordei, me perdoe, foi a intenção - Diz Slade do outro lado da linha com humor em sua voz

- Acordou. Diga Slade - Curto e grosso

- Ok. Já deve estar sabendo que Justice pretende construir novos lares aqui em Homeland e pretende expandir o projeto para a Reserva também. Sendo assim, ele quer que esteja presente na reunião que teremos amanhã 10h da manhã. Mandarei um helicóptero te buscar. - Ir pra Homeland e estar perto de tantos humanos? Não é uma boa idéia - Eu sei o que está pensando Brock, nenhum humano aqui vai fazer mal à você. Eles são amigos e nos ajudam

- Humanos não são amigos, Slade - Foi o estopim pra me estressar

- Você só tem que conhecê-los para perceber que são amigáveis. Por favor Brock, não ataque ninguém. Seria uma dor de cabeça ter um espécie atacando os humanos e eu odiaria ter que te mandar pra Zona Selvagem.

- Farei o meu máximo para não atacar, mas não garanto nada Slade. Amanhã estarei aí. - Desligo e vejo que são 2h da madrugada. Maldito seja.

Agora que perdi o sono, me levanto e decido ir malhar para queimar tempo e criar paciência. Vou precisar de muita amanhã.

Brock - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora