Avassaladora

Capítulo 1

Dia 14 de junho de 2007, um domingo, entro em uma padaria qualquer em São Paulo, são 07:30 da manhã e tudo o que eu queria era um pão na chapa e um café amargo para curar uma bela ressaca.

Passei a noite numa balada muito louca, sem pé nem cabeça, na saída não sabia nem meu nome ou o que eu estava fazendo lá sentada em cima de um homem que estava de quatro no chão com roupas de látex e com uma bola na boca.

Assim que cheguei no "porão" por volta das 21:00 do dia 13, encontrei minha amiga Jane logo na entrada, com olhar desconfiado para as minhas roupas pois havia saído do trabalho (em pleno sábado de plantão) e ido direto, apenas um retoque na maquiagem e estava pronta, só não sabia o tipo de lugar que iriamos. Porém chegando lá me deparo com travestis enormes, um som eletrônico muito alto e várias pessoas vestidas "para matar".

Fiquei muito sem graça, eu estava com uma saia justa até o joelho com a cintura alta de cor creme, uma blusinha de alças finas na cor preta e meu scarpin da mesma cor.

Eu uma loira natural de 1,70 olhos verdes e curvas mais que definidas pela academia e com o nome de anjo - Angelina.

Com os olhos de Jane cravados nos meus fui me aproximando do hostess que estava na entrada da balada. O mesmo pediu meus dados (nome e telefone), avisou que teriam várias performances e que a noite era S.M. Eu não entendia muito desse tema, minha amiga carioca que era da pá virada mesmo que chamou. Era meu aniversário no dia seguinte e como eu não estava na minha cidade natal, resolvi sair com ela já que estamos morando juntas devido ao trabalho de auditoria que estamos desenvolvendo em SP.

Entrando no local e dava para ver muitas pessoas em beijos quentes, casais me olhando, um corredor muito escuro com uma placa "sensações", um queijo no meio da pista (pole dance), mulheres lindíssimas dançando e um ônibus dentro da balada próximo a parede do palco principal com o nome de SEXY BUS.

Jane estava se sentindo em casa com o som underground tocado pelo Dj, dançava de olhos fechados e uma cerveja long neck na mão, enquanto isso eu me servia de uma dose de uísque e uma pedra de gelo enquanto observava a movimentação local.

Foi quando Jane me deu um perdido e me senti deslocada, então fui me afastando da pista e indo sentar em uma das poltronas de colchoado vermelho com detalhes em branco (super retro), o garçom passou e pedi outra dose.

Eu estava achando que passava uma impressão bem perigosa para os homens, já que nenhum se aproximava de mim, e por incrível que pareça várias mulheres me olhando com aquela cara de sem vergonha quase me comendo com os olhos.

Meu uísque chegou e com ele um cartão onde continha um nome e telefone de um escritório de advocacia. O nome era de Isabella, o garçom disse que a madame havia me pago essa dose e que, para meu deleite, teria quantas outras eu quisesse por sua conta.

Comecei a procurar a dona dessa gentileza e não vi nenhum olhar cruzando o meu. Resolvi aceitar e esquecer. Eu não estava aproveitando meu aniversário, pois num lugar como esse é legal ir com amigos e não com uma maluca feito a Jane que se enrosca no primeiro homem que tenha gominhos na barriga.

Passados alguns longos minutos eis que chega minha amiga descompassada, muito louca mesmo e eu logo a peguei pelo braço e perguntei onde ela estava. A resposta não foi nem um pouco agradável, ela disse que conheceu um rapaz e estava transando no banheiro, usou cocaína e que me trouxe uma surpresinha – na maior cara de pau do universo -:

- Jane que porcaria é essa?

- Ai amiga, para de ser careta e coloca esse papelzinho logo na sua boca e esquece o dia de hoje, já que é seu aniversário daqui a pouco e ninguém melhor do que "eu" para te levar ao mundo da fantasia.