Capítulo 7

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Eu queria não me preocupar com aquilo, mas era impossível. A Jane era muito doida, fazia sempre o que dava na telha, chegava atrasada e com cheiro de álcool e eu me sentia responsável por ela, então sempre passava uns panos quando ela vacilava assim, mas depois de hoje, com tudo o que aconteceu, eu não poderia deixar ela sair assim. Meu medo era que tivesse acontecido algo com ela, meu Deus, fico desesperada só de imaginar. Eu preciso parar de me preocupar com as pessoas – falava comigo mesma – pois ninguém se preocupa comigo mesmo. Mas aquela era a Jane, minha melhor amiga.

Respirei fundo, parecia que havia prendido o ar por horas pois meu peito doía de alivio ao soltar pela boca.

Não tinha como não me preocupar com ela, um aborto – ainda mais com 3 meses – pode levar à morte.

Meu Deus, onde ela estava com a cabeça?

Não conseguia pensar em nada, a Paulista é enorme, não tinha endereço, enfim eu não sabia mais o que fazer.

Fui até a minha a minha bolsa, revirei ela tentando encontrar o cartão da delegada e nada de achar. Eu só pensava que poderia ter acontecido o pior com a Jane e eu não estava por perto.

Peguei meu celular, corri para o quarto da Jane e comecei a procurar o receituário que continha o telefone da médica, ela talvez saberia onde encontrar essa tal clínica. Na verdade, eu não sabia mais para quem ligar. Deus me livre a família da Jane descobrir essa atrocidade, me matariam e poderiam até jurar que o filho era meu. Mal sabem eles sobre o que a filhinha santa era capaz.

Achei o telefone da médica, liguei do meu celular e só chamou. Tentei mais duas vezes e nada. Agora eu estava sem opções, só me restava esperar e rezar para que nada de ruim aconteça com a minha amiga.

Levantei da cadeira que tinha em frente a escrivaninha com o notebook e fui até a cozinha pegar agua, estava muito nervosa, precisava me acalmar, abri a geladeira e peguei a jarra. Abri o armário superior onde guardávamos remédios e pegue um antialérgico, sabia que aquilo ia me ajudar.

Olhando melhor a caixa de medicamentos vi que várias cartelas estão acabando, lembrei que havia comprado na semana passada, não era possível acabar assim... fui tirada dos meus pensamentos com o meu celular tocando.

- Alô?

- Olá, quem fala? Haviam ligações desse número no meu celular, é a Alessandra.

Graças a Deus, minhas esperanças estavam começando.

- Ah, oi Alessandra, é a Angelina amiga da Jane. Desculpa ligar é que ... – fiz uma pausa – eu não sei mais quem procurar – minhas lagrimas começaram a cair – é que minha amiga sumiu e deixou um bilhete dizendo que ia pôr fim nos problemas e que iria abortar, eu não sei o que fazer, onde ir nem o que pensar.

- Primeiro fica calma, você fez bem em ligar, sua amiga está cometendo um crime e você como uma mulher formada sabe disso. Ela escreveu mais alguma coisa?

- Disse que ia numa clínica perto da avenida Paulista mas nem sei onde exista esse tipo de lugar que faz aborto e pensei que talvez você soubesse. Deve ouvir muito disso no seu dia a dia.

- Na verdade eu não conheço, mas posso passar na sua casa, te pegar e vamos procurar por ela, mas tente se acalmar, vamos acha-la. Vou ligar para a delegada Isabella ... – não deixei ela terminar.

- Não doutora, por favor. Minha amiga já está encrencada demais, não posso envolver a polícia nisso.

- Não precisa me chamar de doutora. – disse ela – Eu ia ligar para a Isabella pois ela é minha amiga e deve saber onde existam essas clinicas clandestinas.

AvassaladoraOnde histórias criam vida. Descubra agora