Capítulo 14

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Eu apenas apoiava a minha cabeça com as mãos enquanto Jane balançava os pés de forma com que o barulho me irritasse ainda mais. Estávamos esperando a um tempo já, até que a Alessandra entra na sala e nos pede para acompanha-la.

Fomos em direção a uma sala de ultrassom e chegando lá um técnico nos recebeu. Sem muitas delongas a Alessandra pediu que a Jane tirasse a blusa e deitasse na cama ao lado da máquina.

- Doutora não precisa, eu sei que não tem bebê nenhum aqui dentro.

- Apenas se deite para vermos se após a evacuação sobrou algum vestígio do corpo. Caso o tenha teremos que fazer uma curetagem.

Jane olhou pra mim e eu assenti com a cabeça em positivo. Ela estava com muito medo, cara assustada e as mãos suavam.

Relutante ela se deitou e apenas levantou a blusa, não quis tira-la. O enfermeiro começou passando um tipo de gel na barriga dela e ligou o aparelho iniciando o processo de averiguação com o ultrassom.

- Doutora, a senhora gostaria de examinar? – Perguntou o enfermeiro para a Alessandra.

- Sim, claro. – Respondeu rapidamente e se sentou onde antes ele estava.

Começou a passar uma máquina por toda a volta da barriga da Jane e pediu para que eu chegasse mais perto para olhar.

- Veja. – Disse ela apontando para a tela do monitor onde passavam vultos de cor branca e cinza. – Esse é o útero e realmente não existe nenhuma massa ou vestígio de partes do corpo, porém temos um coração sadio batendo e com os órgãos começando a se formar. Ou seja – se virou para a Jane – seu filho está crescendo e saldável.

Uma lagrima solitária caiu dos meus olhos e um sorriso se formou em meu rosto. Me virei para a minha amiga e a mesma me olhava com uma cara de terror. Eu não me importei com aquilo e fui logo abraçando a Jane fortemente. A mesma não retribuiu o abraço nem disse nenhuma palavra. Estava em choque.

- Então mocinha, agora podemos começar o pré-natal. – Alessandra disse isso e se levantou. Pegou um telefone colado na parede e interfonou para outro médico pedindo para que viesse até a sala de ultrassom.

Ficamos em silencio até que o médico chegou, pegou os dados da Jane comigo e disse: - "Começamos os exames no próximo mês e faremos o acompanhamento quinzenal. Te aguardo dia 5." – Então apenas agradeci á ele pois a Jane nesse momento estava muda e ainda em estado de choque.

Jane se levantou da cama e tirou aquele gel que estava em sua barriga com um pedaço de papel oferecido pela Alessandra. Ela tentou ajudar com a remoção do produto na barriga da Jane mas minha amiga logo o pegou de sua mão tirando sozinha.

- Enfim Alessandra, mais uma vez te devo uma. Posso me endividar em breve, mas nada pagaria o que tem feito por nós. Mil vezes obrigada. – Fui até a ela e dei um abraço. Pude sentir o cheiro de flores em seu cabelo e encostei seu rosto levemente no meu e a textura da pele era macia. Parecia que o tempo tinha parado e ele poderia parar pois eu não iria me importar. Algo aconteceu, pois, a Jane pigarreou forte para que eu ouvisse que algo a incomodava. Me desfiz do abraço de maneira envergonhada e apenas sorri para a Alessandra.

Jane por sua vez não ia se despedir apenas disse "tchau". Novamente eu dei um cutucão nela e só assim ela soltou um "obrigada".

Voltamos para casa em silencio, não comentamos sobre nada e ela apenas focou em dirigir. Eu percebi que seu pensamento estava distante quando teve que frear bruscamente no farol vermelho.

Enfim chegamos em casa. Jane jogou a chave na mesinha da cozinha e foi para o banheiro correndo. Eu abri a geladeira, peguei um copo de água e liguei a televisão. Poucos minutos depois eu ouço bem baixinho o meu nome vindo do banheiro – era quase uma suplica – corri para ver o que estava acontecendo e vi a Jane abraçada ao vaso sanitário vomitando horrores. Eu ri com aquela cena e a única coisa que fiz foi segurar seus cabelos para que não sujasse já que ela estava tremendo muito.

AvassaladoraOnde histórias criam vida. Descubra agora