Onde eu estava com a cabeça naquela hora eu não sei, mas que eu estava adorando isso sim, estava. Eu me rendi, dei entrada para que a língua dela invadisse a minha boca com tanta vontade que eu podia jurar que ela estava com sede de mim.
Aquela mulher me tirou do eixo, me descentralizou, me fez dobrar os joelhos para algo que eu nunca aceitei. Eu simplesmente deixei acontecer...
Eu percebi que estava ficando com falta de ar – porque aquela mulher não tirava os lábios dos meus – e tive que delicadamente afastar nossas bocas.
- Desculpa eu... – eu não conseguia olhar nos olhos dela de tanta vergonha que eu sentia.
- Angelina, eu que peço desculpas, foi mais forte que eu – disse se levantando e deixando a taça na mesa de centro – eu, eu preciso ir.
Levantei em seguida e me coloquei de frente á ela impedindo a passagem. Eu olhava pra ela com os olhos cheios de desejo, mas ela olhava fixa para o chão.
- Por favor não vá, a noite está tão agradável, e também eu quis aquele beijo.... desculpa ta? – Eu disse já sentindo meu rosto corar.
Ela me voltou aquele olhar e me deu seu melhor sorriso.
- Vamos voltar para o sofá, e se quiser pode dormir aqui. – Acho que falei sem pensar. – Minha cama não é tão grande, mas fique lá tranquila.
- Agradeço muito a oferta – disse ela – mas eu preciso resolver minha situação com o Cristian. A dias estamos nos tratando como amigos e as brigas estão mais frequentes. Chegamos a nos agredir esses dias, ele não tem mais paciência comigo e só quer transar se tivemos com mais pessoas ou nos observando. Eu não quero mais isso e espero que ele assine os papeis do divórcio logo.
Lembrei do meu passado e resolvi me abrir com ela, não sei o motivo, mas alguma coisa (além do beijo) me deixava completamente focada e necessitada da presença dela.
- Eu entendo você, mas quero que fique pois eu já passei por isso e por coisa bem pior. Se você ficar eu prometo abrir mais um vinho e te contar a minha história. – Eu disse isso com um sorriso nos lábios e os olhos que diziam desesperadamente para ela ficar.
- Acho que você me convenceu, mas não devo demorar, o dia logo amanhece e eu preciso descansar. Meu plantão amanhã começa ás 17:00 e queria acompanhar a sua amiga no tratamento dela.
Abri mais uma garrafa e servi nossas taças. Eu queria conhecer mais aquela mulher que por várias vezes me roubou os pensamentos e que agora eu a sentia como uma amiga. Me perguntei várias vezes se o que eu sentia era amizade ou algo a mais. É algo a mais, é desejo, mas além de eu ser hétero ela é casada e não vai passar de mais uma aventura para ela. Ainda assim eu queria conversar, passar o tempo e relaxar mais um pouco.
- Bom, me conte então a sua história. Quero saber mais sobre você! – Disse ela levando a taça até a boca e super empolgada. Mal sabe ela que a minha história não tem nada de empolgante e sim triste.
- Quando eu tinha 13 anos de idade e morava com meus pais eu era obrigada a fazer o que eles mandavam. Eram bem chatas as tarefas de casa então resolvi procurar emprego. Naquela época era fácil pois pagava-se pouco e não precisava registrar então o empregador adorava esse tipo de mão de obra. Então logo consegui emprego numa papelaria. Eu estudava de manhã, chegava em casa, almoçava e ia trabalhar até ás 19:00. Não pensava em outra coisa a não ser estudar e trabalhar para ajudar minha mãe já que ela trabalhava feito louca e meu pai era um bêbado que só sugava ela. Mas eu sabia que ela o amava, mas nunca entendi porque eles continuavam juntos, enfim, fui criada á moda antiga que mulher tem que cozinhar para o marido e satisfazer as vontades dele. Na verdade eu fui criada assim mas nunca seria igual a minha mãe. Eu não era uma revoltada, apenas não queria ter um marido como meu pai, então eu conheci um rapaz, ele era bem mais velho que eu, tinha 22 anos e eu 14 nessa época. Namoramos alguns anos até que quando eu fiz 18 ele me pediu em casamento, aceitei na hora pois queria mesmo era sair de casa. Sei que ia ser uma barra pra minha mãe, mas eu não aguentava mais ver meu pai fazendo ela de gato e sapato. Comecei a faculdade de direito e já estava trabalhando numa empresa como estagiaria comecei a guardar um dinheirinho para ajudar em casa pensando no futuro da minha mãe. Com o tempo eu descobri que meu namorado não era o único homem da face da terra, mas nosso casamento já tinha sido marcado para dali 1 ano, seria no meu aniversário de 20 anos. Minha mãe gostou muito da ideia pois ela era apaixonada pelo meu namorado, o tratava como filho, já meu pai odiava, pois, eu ficava fora de casa a maioria das vezes e muitas delas dormia fora. Ele nunca me bateu porque minha mãe entrava no meio das discussões e nos acalmava. Eu fui promovida nessa empresa que eu trabalhava e comecei a ganhar mais, eu intercalava com o estágio e a faculdade. Aos sábados eu ajudava a comunidade que eu morava com dúvidas sobre as leis trabalhistas e até ajudava os advogados em alguns casos. Meu novo chefe era muito bonito, loiro, alto com os olhos verdes como o meu e eu me rendi, o nome dele era Vítor e me apaixonei perdidamente mesmo sem nada ter acontecido entre nós. Meu casamento estava se aproximando e com ele os preparativos. Eu não gastei muito já que meu noivo era bem de vida. A família dele tinha uma rede de supermercados de bairro. Ele não era feio, tinha um coração bom, me protegia, me fazia carinhos, só era um pouco agressivo principalmente na cama, gostava de me tratar com uma vagabunda. Mas eu sempre pensei que isso mudaria depois que casássemos, poderia até me ver num futuro com filhos. Mas o futuro me preparou uma peça. Meu casamento foi muito bonito, vieram muitas pessoas, ganhamos muitos presentes, seria perfeito se eu não tivesse com a cabeça em outro homem. Eu sabia que iria me arrepender no futuro, mas pensava que ele seria o único homem que iria me amar já que nunca havia sido cortejada por nenhum outro e vivia esse amor platônico pelo meu chefe. Depois do casamento nos mudamos para o apartamento dele que ficava bem longe da comunidade que eu morava. Era num bairro mais afastado do centro e de difícil locomoção, logo pensei em comprar um carro, mas o Rodrigo (marido) não queria que eu tivesse essa liberdade. Ele chegou um dia em casa tão bêbado e disse uns absurdos do tipo "mulher não serve pra dirigir, uma velha bateu no meu carro", eu tinha certeza que era mentira, que ele mesmo deve ter batido em um poste já que amassou a frente do carro. Eu relevava tudo aquilo pois não queria ser aquela mulher separava, divorciada ou o que seja, queria apenas ser feliz, ter uma família. Enfim, eu me formei com 22 anos com honra ao mérito e comecei a trabalhar em outro departamento na mesma empresa. Não tinha muito contato com meu ex chefe, o que foi ótimo pois descobri que ele era casado e tinha 2 filhos. Nesse departamento eu cuidava de casos de fraude o que me tomava muito tempo. Por mais que a faculdade havia acabado, eu ficava até altas horas no trabalho. Por várias vezes brigamos em casa e o Rodrigo ficava cada dia mais bravo e agressivo. Um dia eu liguei para ele dizendo que teria um happy hour com o pessoal da empresa, ele não gostou da ideia e disse que sairia com os amigos dele então. Ele sempre saia e voltava bêbado, tinha dias que nem voltava pra casa e eu sempre relevava. Eu era submissa e nunca me permitia esse tipo de conduta, pensava sempre nos padrões de esposa perfeita. Nesse dia estávamos todos do meu departamento e alguns juízes, até que meu ex chefe chegou. Na nossa rodinha só falávamos sobre trabalho e aquilo estava me enchendo até que o Vitor se aproximou de mim e começamos a conversar. Ele me levou para a área externa onde poderíamos fumar e lá não tinha muito barulho. Falamos sobre família, filhos e futuro. Ele parecia cansado e eu me preocupei com aquilo pois ele sempre foi ativo e sempre estava com um sorriso lindo no rosto. Aquela paixão antiga voltou com força total quando ele disse que estava pensando em se separar. Disse que a esposa estava gravida sendo que ele havia feito vasectomia, eu me coloquei no lugar dele imaginando o que aquela esposa dele havia aprontado. Conversamos bastante até que esfriou e voltamos para a parte interna do bar. Lá, já com os demais da empresa ele voltou a ficar calado. Estava ficando tarde então me despedi de todos e me encaminhei para a saída. Assim que paguei minha comanda e sai do bar, logo atrás de mim estava o Vitor correndo ao meu encontro, ele me ofereceu uma carona e eu disse que não podia aceitar já que meu marido era muito ciumento então ele insistiu me convencendo que iria me deixar próximo e não em frente a minha casa. Fomos o caminho conversamos sobre os relacionamentos e confidenciei sobre o meu casamento. Ele me encorajou a me separar já que ele não via futuro na minha relação. Eu disse que estava tentando engravidar, mas que não conseguia e que esse poderia ser um motivo para continuarmos juntos e melhorar o nosso casamento. Ele logo me cortou e disse que filho não sustenta nada e que se fosse para não dar certo seria com ou sem filhos. Eu entendi que ele estava apenas preocupado e que ele tomaria a decisão de se separar mesmo já tendo dois filhos com a esposa. Estávamos chegando e eu o alertei de que poderia me deixar ali, então ele se virou pra mim e agradeceu pela companhia e por eu ter deixado que ele me trouxesse. Então eu o agradeci indo em direção ao seu rosto para beija-lo e foi aí que ele segurou dos dois lados da minha cabeça e me deu um beijo. Eu me assustei com aquilo e logo nos separamos, eu disse que o que ele havia feito era apenas por carência e que não tinha mais contato com a esposa, porém eu não poderia trair meu marido, Deus me livre se ele soubesse disso. Ele então me pediu desculpas e voltou a olhar para a frente. Desci do carro e agradeci pela carona indo em direção ao meu apartamento. Chegando lá tudo estava escuro e nenhum barulho. Deixei a bolsa na bancada e tirei os sapatos com o intuito de não acordar o Rodrigo. Fui em direção ao quarto e chegando lá ele estava com outra mulher na minha cama, os dois transando loucamente e só repararam que eu estava ali porque dei um grito. O Rodrigo ficou louco na hora que me viu e a moça tentou cobrir o corpo nu. Ele veio em minha direção dizendo que não era nada daquilo que eu estava pensando (típico) e que era para eu me acalmar. Nossa eu estava muito nervosa com aquilo e tremia demais então o Rodrigo me apertou em seus braços me levando para fora do quarto. Antes de sairmos ele se virou para a mulher e pediu que ela fosse embora. Então a vi pegar as roupas que estavam no chão e dizer "você não disse que era casado", percebi então que esse caso era de longa data. Ele me empurrou até o quarto de hospedes e logo ouvi bater a porta da entrada de casa. Eu estava fora de mim, não controlava meu corpo, eu tremia muito e ele não conseguia me acalmar. Até que me jogou na cama e começou a tirar minha roupa dizendo que ele foi procurar o que não tinha em casa. Eu fiquei petrificada com aquilo e não me mexia mais. Ele tirou a minha roupa e entrou em mim sem pedir licença. Fez vários movimentos variando com a brutalidade e a covardia. Apenas tapou minha boca com uma das mãos enquanto eu o olhava assustada. Então depois que ele saiu de cima de mim disse "isso é pra você aprender a como se faz sexo". Eu continuei ali deitada enquanto ele ia para o nosso quarto. Não tive reação, eu estava em choque. Foi então que eu ouvi ele trancar a porta de onde eu estava e em seguida dar passos pesados pelo corredor em direção á saída. Eu não conseguia me mover, nem mesmo a boca. Então ele saiu e eu fiquei. O dia amanheceu, era um sábado e ele chegou batendo a porta cambaleando, ouvi o vaso que eu tinha na mesa de entrada cair no chão e se quebrar em mil pedaços, eu continuava intacta até que ele destrancou o quarto onde eu estava e acendeu a luz, eu estava do mesmo jeito que ele havia me deixado. Fez uma cara de satisfeito e foi para o outro quarto. Ouvi o chuveiro ligado e tentei de todas as forças sair daquele transe que eu estava. Não tive muito sucesso, mas consegui me sentar na cama depois de muito esforço. Coloquei os pés no chão e fui tentar me levantar. Nisso levei um empurrão que cai sobre o chão duro batendo com a cabeça. Ele estava atrás de mim com a camisa aberta e de cuecas. Dizia palavras sem sentido e que era pra eu me comportar. Fiquei ali no chão perdida e não sabia o que fazer, ele voltou para fora e trancou o quarto novamente. Pude chorar por todas as horas que fiquei ali, mas chorei baixinho até que me cansei e adormeci. O dia estava claro, não sei se ainda era sábado ou já era domingo, só sentia dores no corpo todo. Olhei meus braços e estavam roxos, na minha boca um corte profundo e minha cabeça doía demais. Resolvi bater na porta, mas nada, nenhum barulho se quer vinha da casa. Comecei a chutar, virar a maçaneta, gritar por socorro e nada. Até que eu cansei e fui até a janela a abrindo. Comecei a gritar por socorro até que a vizinha de baixo olhou para a minha janela me perguntando o que havia acontecido, então eu disse que estava trancada e que não me lembrava de nada. Foi aí que ela foi até a minha porta, mas não chegou a tempo de arromba-la pois Rodrigo estava logo atrás e a abriu. Minha vizinha muito preocupada já que o Rodrigo se mostrou "surpreso" com a situação correu em direção ao quarto destrancando. Eu apenas abri e antes que eu tomasse ar para contar o que havia acontecido, Rodrigo aparece por trás dela me abraçando e passando as mãos no meu cabelo me pedindo calma. Minha vizinha me olhava com espanto pois estava claro que ele havia me batido, ela só me perguntou se estava tudo bem e Rodrigo me interrompeu dizendo que agora ficaria tudo bem e que ela podia ir embora. Ela foi, mas ela era esperta, sabia o que havia acontecido, então caso ouvisse algum barulho ia chamar a polícia. Rodrigo então fechou a porta e a passos rápidos voltou á mim com cara de ódio e dizendo baixinho que eu ia me arrepender daquilo. Me pediu pra tomar banho pois iria me levar pra casa dos meus pais, me levar não era a palavra que ele disse e sim "devolver". Foi aí que eu pensei em tudo o que me foi ensinado, pensei em cada detalhe e tentei arquitetar algo na minha cabeça. Então fui para o banho, passei uma maquiagem que cobrisse os machucados e coloquei uma camisa de mangas compridas. Sai do quarto indo em direção a sala e ele estava lá me esperando. Assim que me viu disse que havia mudado de ideia e começou a me pedir desculpas chorando, disse que estava muito bêbado e que não queria me perder. Eu apenas me mantive ali parada, imóvel. Ele me pegou no colo e me colocou no sofá, perguntou o que eu queria assistir, pegou o telefone e pediu pizza. Esse era o Rodrigo, sempre tentando consertar as coisas, mas dessa vez ele passou dos limites. Eu tentava ser fria e ceder á tudo já que tinha planos para o outro dia. A pizza chegou, comemos e fomos dormir. Ele roncava feito boi e eu não tinha sono algum. Peguei meu celular que estava na bolsa e olhei para o visor "uma mensagem não lida", era de Vitor dizendo que não conseguia me tirar da cabeça e que queria me ver de qualquer jeito no domingo. Eu estava desesperada, parecia que o Rodrigo havia transado com aquela mulher pois desconfiou que eu estivesse com outro homem. Não podia ter nenhum espasmo corporal porque ele dormia a centímetros de distância de mim e se eu me mexesse ele acordaria. Então eu apaguei a mensagem, bloqueei e coloquei o celular na cabeceira da cama. Consegui pegar no sono e assim que acordei não havia sinal do Rodrigo no quarto nem no banheiro. Levantei dolorida e fui em direção á sala. Ele me esperava na cozinha com a mesa posta. Eu me sentei e comecei a comer algo, mas eu precisava tomar uma atitude então eu disse "Rodrigo eu quero o divórcio" e essas foram minhas únicas palavras...-eu contava a história com lagrimas nos olhos- pois em seguida com um gesto violento ele me acertou um murro na boca que me derrubou da cabeira. Eu fiquei ali no chão tentando ouvir o que ele dizia, mas era em vão, logo em seguida apaguei. Devo ter dormido por uns 20 minutos, tempo suficiente para eu acordar no sofá sozinha e atordoada. Ele não estava em casa foi então que comecei a procurar minha chave, não achei, estava trancada novamente. Fui até meu celular e não o encontrei, olhei em volta percebendo que ele havia levado e também minha carteira. Eu estava presa de novo então peguei o interfone e liguei para a minha vizinha. Ela já esperava por isso pois deve ter ouvido minha queda, ela só disse que a polícia estava á caminho. Não demorou muito para a polícia arrombar a porta do meu apartamento e entrar lá, falei tudo o que havia acontecido e eles me conduziram para a delegacia. Antes de sair eu tirei todas as minhas coisas do apartamento e a televisão que havia ganhado da minha mãe de presente e deixei na casa da vizinha. Eu voltaria ali para pegar, mas não sozinha. Já na delegacia eu fiz um boletim de ocorrência e liguei para a minha mãe contando tudo. Ainda bem que eu tinha dinheiro para passar a noite em um hotel pois pra casa dos meus pais eu jurei que não voltaria. Voltei no outro dia para pegar minhas coisas e ir conversar com o Rodrigo, eu estava acompanhada por um policial que havia conhecido no dia anterior e se preocupou comigo, ele foi sem farda para não dar alarde caso alguém pudesse avisar que eu havia chegado. Na porta do apartamento percebi que ele já tinha trocado a fechadura e mesmo assim conseguimos abrir. O apartamento que eu vivi por anos estava todo quebrado, não restava quase nada, acredito que o Rodrigo deve ter se enfurecido com a intimação que recebeu no mesmo dia. Fui pegar mais algumas coisas minhas e procurar meu celular, o achei todo quebrado, mas como o Rodrigo não foi tão bom nisso esqueceu de tirar o chip. Peguei o que eu queria e sai do apartamento. Fui na casa da vizinha e retirei minhas coisas, agradeci e jurei nunca mais voltar lá. Essa vizinha era Jane, hoje minha melhor e única amiga. Depois eu recebi várias ameaças por telefone de número desconhecido, eu sabia que era ele mas relevei. Meu ex chefe se mudou para SP e me pediu para vir trabalhar com ele, assim eu o fiz. Trouxe a Jane para trabalhar comigo e hoje dividimos os custos de tudo. Eu até me relacionei com o Vitor por algum tempo, mas percebemos que não passava de carência das duas partes, hoje somos colegas de trabalho. Essa é minha história de amor.
Como contar tudo isso demorou demais nós vimos o dia amanhecer e claro, bebemos mais 2 garrafas de vinho.
- Olha, a conversa foi maravilhosa, adorei te conhecer melhor, mas tenho poucas horas para tentar dormir, eu preciso ir. – Disse a Alessandra.
- Eu insisto agora para que fique, durma na minha cama, eu fico com a Jane no quarto dela sem problemas. Minhas roupas devem servir em você, temos o mesmo corpo agora vamos logo.
Ela consentiu e eu a acompanhei até o banheiro. Deixei que ela escolhesse as roupas, eu tinha duas calcinhas novas ainda na embalagem e resolvi a presentear já que é a única peça que eu não emprestaria. Enquanto ela tomava banho eu fui até o quarto da Jane para ver se ela estava bem. Devia estar bem cansada pois roncava alto. Ela teria que trabalhar dentro de 2 horas, mas não quis acorda-la.
Então voltei para o quarto, peguei um travesseiro e um edredom e fui para o quarto da Jane. Enquanto eu escolhia a minha roupa de dormir a Alessandra chega no quarto enrolada em uma toalha de cabelos molhados e me olhando com vergonha. Logo entendi e peguei meu pijama rapidinho. Disse que a deixaria á vontade e que o controle da tv estava na gaveta do criado mudo.
Fui tomar meu banho e com aquela agua quente sobre o meu corpo eu não resisti, minha imaginação foi além das paredes imaginando e lembrando de como aquela mulher era maravilhosa. O sabonete deslizava enquanto minhas mãos acariciavam a minha pele. Senti um desejo incontrolável e comecei a me tocar fazendo movimentos rápidos e abafando os meus gemidos. Eu não queria demorar e sabia que seria rápido pois estava á flor da pele. Minhas pernas tremeram antes que eu pudesse contar o tempo.
Ainda tremula pelo orgasmo forte no chuveiro, sai do box e me enxuguei. Havia levado o pijama e uma calcinha para o banheiro. Saindo de lá dou de cara com a Jane que estava escorada na porta querendo entrar com uma cara de sono horrível.
- Oi amiga, você está se sentindo melhor? – Perguntei já imaginando a resposta.
- Estaria melhor se você não tivesse me atrapalhado, agora sai da minha frente. – Disse isso quase que me empurrando banheiro á fora.
- Nossa garota – tentei falar baixo para não acordar a Alessandra – eu impedi você de cometer um crime ou quase morrer e é assim que você me agradece?
- Eu vou voltar para o Rio – disse isso e bateu a porta.
Minhas lagrimas começaram a cair e eu não me mantive em pé, escorreguei até o chão com as costas coladas na parede.
Enquanto eu chorava baixinho devo ter acordado a Alessandra. Ela se pôs do meu lado, me pegou pelos braços e me serviu um abraço. Pediu para que eu entrasse no quarto e disse que tinha escutado tudo. Apenas aceitei aquilo e deitei junto á ela na cama.
Me perdi no tempo encostada nos braços dela, mas sabia que eu não podia estar ali, ela precisava descansar pois teria o tal plantão. Eu me sentia tão mal por estar ali recebendo aqueles carinhos, mas ao mesmo tempo estava tão serena e protegida nos braços dela.
O tempo passou e eu viajava nos seus carinhos até que me dei conta de que ela está de camiseta e calcinha apenas. Me virei e fiquei de frente a ela. Ficamos a poucos centímetros de distância entre nossos rostos e eu podia sentir o vapor quente saindo de sua boca. A luz estava apagada e eu sabia que estávamos perto sem ao menos enxergar um palmo a minha frente. Eu estava de olhos abertos, mas não sabia se ela ainda estava acordada pois seus carinhos haviam cessado.
Ouvi a Jane sair do banheiro e resmungar algo que eu não consegui entender direito, mas era algo do tipo "estou atrasada, que merda" e mais alguma coisa. Estava tão quentinho e gostoso ali que não quis me mexer para ir confrontar ela naquele momento. Eu apenas não me mexi. Me permiti ficar ali e sentir bem nos braços daquela mulher. Em minutos adormeci um sono profundo.
O mundo poderia acabar que eu não me preocupava com mais nada.
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Avassaladora
RomanceMeu primeiro conto, é uma mescla de sentimentos indomáveis e conta a história de Angelina. Uma mulher que veio do Rio de Janeiro para São Paulo com muitos planos, sendo o principal deles alavancar a sua carreira como auditora de uma das maiores rede...