Capítulo 4

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Ainda em choque pelas palavras da Jane, eu me afastei da sua cama já que o calmante que recebera estava fazendo efeito e a mesma entrava num relaxamento profundo.

Me retirei da sala e fui procurar por agua, parei numa lanchonete dentro do hospital mesmo e fiz o pedido para a atendente. Já com a agua em mãos, sinto um toque em meu ombro e me viro automaticamente. Para minha sorte era aquele colírio de médico maravilhoso.

- Oi, desculpa te assustar – nessa eu já tinha cuspido metade da agua que estava na minha boca e aquilo me fez parecer a pessoa mais retardada do mundo – só queria saber se estava tudo em ordem no apartamento de vocês, a delegada me contou que... (ele não teve a chance de terminar a frase quando eu o atravessei)

- Sim, estava tudo em ordem - menti (falei secando minha boca e a camiseta, que só naquele momento reparei que era a blusa do pijama, nessa hora agradeci minha mãe por me obrigar a dormir de sutiã ou estaria com os seios marcados). – Obrigada por perguntar.

- Imagina, como andam as coisas, é melhor prevenir. Aliás, os resultados dos exames da sua amiga estão prontos. Em alguns minutos eu levo até o quarto dela e conversamos melhor. – Disse e saiu me dando as costas.

Terminei minha agua e corri para o quarto. Chegando lá minha amiga já tinha voltado da soneca e estava conversando com o médico. Acredito que ainda não haviam comentado sobre os resultados pois ambos flertavam um com o outro...não, espera...

- Oi Jane, você está melhor? – Coitada da minha amiga, quase caiu da cama quando me viu entrando.

- O o oi anjo, estou ótima, apenas com uma leve dor de cabeça.

- Que bom então, acredito que o doutor ainda não falou sobre os resultados. Vamos doutor, sou toda a ouvidos.

Ele se recompôs e pegou alguns papeis que ainda estavam nos envelopes.

- Eu ainda não os abri, deixei para analisar junto de vocês. – Ele fez uma pausa, olhou a primeira folha, coçou a barba rala e abriu o próximo envelope. – é, eu tenho uma boa e uma má notícia, qual vocês preferem primeiro.

- Boa, claro - disse eu.

- A má primeira doutor – disse minha amiga – e como eu que sou a favorecida ou desfavorecida mereço saber.

Virei os olhos para cima em sinal de reprovação.

- Então, a má notícia é que você infelizmente contraiu HIV, não sabemos a quanto tempo ou se foi essa noite. Preciso que mantenha a calma e saiba que existe um controle da doença e a vida pode seguir apenas com alguns cuidados.

Jane chorando desesperadamente se agarrava ao meu braço e eu atônica com a notícia quase não tive reação a não ser ficar com a boca aberta e imóvel.

- Ok, sei que existe o controle, não vamos nos preocupar com isso agora, mas e a boa notícia doutor? – Perguntei já chacoalhando a cabeça tentando fazer com que aqueles pensamentos horríveis saíssem, como se fosse possível, pelos ouvidos.

- A boa notícia é que o bebe está bem e não está infectado.

Fez-se um silencio ensurdecedor, Jane me olhava com as pupilas dilatadas, agora sem chorar como num passe de mágica, eu a olhava com uma cara de surpresa, mas mesmo assim chocada com a notícia.



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