Capítulo 15

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Comecei a andar sem rumo pela cidade até que passamos por um barzinho bem aconchegante e a Alessandra me pediu para parar. Ainda bem que eu estava com uma roupa adequada e por sorte não sai de chinelo.

- Se importa de entrarmos? – Ela me perguntou.

- Vamos lá. – Eu disse saindo do carro e entregando a chave para o manobrista.

O bar era realmente lindo, romântico e com um toque vintage. Logo nos direcionamos para uma mesa mais ao fundo.

Eu estava curiosa pra saber o que tinha acontecido, mas ela não demonstrava preocupação nenhuma. Seu semblante já era mais calmo e ela olhava o cardápio com muita atenção.

- Posso pedir um vinho? – Perguntou ela.

- Sim, pode, mas queria conversar com você.

- Agora não, vamos beber um pouco, preciso esquecer o que aconteceu. Me desculpa, mas só pensei em você naquele momento, por isso te liguei, fiz mal? – Perguntou ela agora voltando a atenção toda para mim. Mesmo assim pediu um vinho.

- Fez certíssimo. Eu viria a hora que fosse e por qualquer motivo. – Eu simplesmente vomitei aquelas palavras sem pensar. Porque eu disse isso? Eu faria isso mesmo?

- Obrigada mesmo. Eu briguei com o Cristian, ele não quer me dar o divórcio, eu disse a ele que não suportava ficar ao lado de alguém que eu não amava mais, e outra, eu estou apaixonada por alguém...- ela olhou para baixo e nisso o vinho chega acompanhado por duas taças e então ela parou de falar.

- Aceitam algo para comer senhoritas?

- Por enquanto não, obrigada. – Disse isso para o garçom que logo se retirou e voltou a atenção para mim.

- Então, eu estou meio perdida e não tenho amigos aqui em SP, vim com o Cristian para trabalharmos juntos pois havíamos nos casado e a família dele é daqui. Então me vi presa e ele, mas ele sempre foi muito liberal comigo, principalmente em relação aos meus desejos sexuais – fiquei vermelha me lembrando de quando a conheci – mas isso se tornou um vício para ele, porém eu não me sentia mais amada, não sentia que eu tinha um marido ou um homem do meu lado e sim um pedaço de carne que só queria transar comigo e mais alguém. Fora isso não fazemos nada! Nenhuma diversão, nenhum passeio, nada mesmo. Por esse motivo eu troquei o meu plantão para a noite, só pra não ter que chegar em casa e fazer a "linha cala boca" que chega, faz janta e vai dormir. Eu me cansei disso.

- Eu imagino o que esteja passando, mas ele agrediu você?

- Não, ele só me segurou pelos braços, mas logo me soltou, e foi nessa hora que te liguei achando que ele faria o mesmo que seu ex fez pra você. Eu tive muito medo, muito medo mesmo. Eu nunca vi o Cristian daquele jeito. Ele havia bebido, coisa que não fazemos em casa.... – Ela parou e voltou a olhar para mim – Como você entendeu? Eu não imaginava...

- Eu entendi na hora, tenho certeza que você faria o mesmo por mim.

- É bom poder contar com alguém, – ela colocou a mão sobre a minha na mesa – e com você eu acho que posso fazer isso. Não me pergunte como aconteceu, mas é muito mais forte que eu e sinto que você também enxerga dessa forma.

Minha boca secou e acredito que minhas mãos estavam molhadas, eu não entendi muito bem o que ela quis dizer com tudo aquilo, mas me sentia na obrigação de corresponder á altura já que ela tinha sido maravilhosa comigo.

- Ale, eu tenho uma dívida eterna contigo. Pode ter certeza que seremos ótimas amigas e conte comigo sempre.

Ela tirou a mão de cima da minha, já com um olhar sem aquele fogo de antes dizendo que poderia contar comigo. Parecia agora que ela tinha se expressado de uma forma errada, de que não era aquilo o que queria dizer. Incrível como eu conseguia ler os trejeitos dela. Muito louco o que estava acontecendo.

Eu estendi a mão e coloquei novamente por cima da mão dela a segurando.

- Olha pra mim, - eu disse isso pois com o toque da minha mão sobre a dela, ela focou apenas na mão e se esqueceu do resto – eu quero e vou fazer parte da sua vida. Eu também acho que temos uma ligação forte, até de outras vidas, não sei. Mas saiba que sempre estarei do seu lado. Temos um trato? – Eu disse isso levantando a taça para um brinde.

Ela então pegou a sua taça e brindamos.

- Trato feito.



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