Can't Fight It

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-Lolo? -Camila chamou depois de alguns segundos em silêncio entre as três. -Você quer que eu fique? -ela perguntou e aquilo foi suficiente para que as outras duas garotas se dessem conta de sua presença.

-Não. -a morena disse se virando para olhar em seus olhos. -Tá tudo bem.

-Tem certeza? -a cubana precisava da confirmação verbal da outra mais uma vez.

-Tenho. -ela sorriu de lado. -Eu te vejo a noite, certo? -ela perguntou e Camila assentiu.

-Me liga se você precisar de alguma coisa. -a cubana pediu e foi a vez de Lauren assentir. -Eu te vejo em algumas horas. -ela sorriu e a morena depositou um beijo na sua testa. Camila aproveitou o momento envolvendo a cintura da maior rapidamente para que pudesse falar algo em seu ouvido sem que a outra garota escutasse. -Não seja tão dura com ela. -ela pediu e Lauren assentiu novamente depois delas se afastarem.

Camila sorriu ao passar por Veronica na porta e a garota fez o mesmo.

-Entra. -Lauren pediu assim que a cubana desapareceu no corredor. Ela guiou a outra até o sofá e as duas sentaram sob o peso de um silêncio constrangedor e recheado de culpa. As duas nunca mais haviam conversado desde a morte de Alexa, mesmo que a garota na sua frente tivesse feito questão de tentar alcança-la. Para Lauren, Veronica sempre seria um lembrete doloroso da garota que havia perdido, ela e a Alexa eram basicamente inseparáveis desde que se conheceram em um projeto em grupo para a faculdade. -O que você tem pra falar, Veronica?

A garota respirou fundo antes de responder e ter coragem de olhar em seus olhos.

-Há alguns dias uma advogada me procurou. -ela começou e Lauren franziu o cenho. -Aparentemente eles descobriram os culpados por abusar a Alexa naquela noite.

-Como eles podem saber isso? A gente nunca procurou a polícia.

-Eu sei. -Veronica começou dessa vez com mais confiança. -Foi exatamente o que eu pensei. Aparentemente, um dos garotos que fazia parte do grupo era forçado a assistir os estupros e ele mesmo sofria abusos constantemente porque ele é gay. Ele nunca fazia parte, mas era sempre quem tinha que abordar as vítimas.

-Vero, com calma. Você tá dizendo que foi mais de uma pessoa? -ela perguntou e Veronica assentiu. -Eu preciso beber alguma coisa porque não vai dar pra fazer isso sobrea. -ela disse antes de se levantar e ir até a geladeira pegar duas cervejas. Ela já sentia as ondas de tremores atingindo suas mãos e seu pulmão colapsar por uma falta de ar que sabia ser ilusória. -Continua. -ela pediu antes de dar um gole, enquanto Veronica apenas segurava a garrafa de vidro em suas mãos.

-A Alexa não foi a única garota que eles abusaram. -Veronica continuou. -A essa altura esse garoto estava começando a filmar os eventos escondido para que ele pudesse entregar as provas para a polícia. E na noite da festa... -ela limpou a garganta. -Ele filmou o abuso dela.

As duas ficaram em silêncio por um tempo. Para Lauren, descobrir o responsável pelo estupro de Alexa nunca pareceu uma opção. Ela sempre torcera para que ele sofresse a mesma dor que sua namorada sentiu e depois de sua morte, desejou que ele sentisse o ódio que de alguma maneira ela destinava àquele desconhecido, mas sob hipótese alguma esperou dar rosto ou rostos para quem cometeu aquele ato de crueldade.

Apesar disso, Lauren estaria mentindo se dissesse que ao andar pelo campus ela não procurava por algum sinal que indicasse o culpado, como se fosse possível que a maneira como alguém andava, falava ou mesmo respirava mostrasse para ela quem tornou seu paraíso particular em um inferno sem fim.

-Por que só agora? Faz mais de dois anos... -ela disse.

-Eu sei, eu também pensei a mesma coisa. Ele estava com medo que apesar das provas que tinha juntado contra os outros, eles pudessem se vingar, mas ele se formou esse ano e achou que era a hora de entregar os pontos. A advogada quer encontrar com nós duas para conversar sobre o que aconteceu. Na verdade, a Alexa é apenas mais um nome em um papel cheio de outras garotas que vão responder pelo que aconteceu no tribunal, mas ela não pode fazer isso, então cabe a nós duas fazer isso por ela. Eles basicamente já estão condenados porque as provas são muitas e nem por um milagre eles conseguiriam escapar, mas não se trata disso, Lauren. Se trata da gente fazer justiça por ela. É sobre a gente tentar colocar fim a esses atos mostrando o quanto pode custar para alguém.

I Like Me BetterOnde histórias criam vida. Descubra agora