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ele só sussurra eu te amo
quando desliza a mão
para abrir o botão
da sua calça

é aí que você tem
que entender a diferença
entre querer e precisar
você pode querer esse menino
mas você com toda a certeza
não precisa dele (Outros Jeitos de Usar a Boca)

Camila caminhava apressada pelo corredor movimentado do hospital, seu turno havia começado há apenas algumas horas e ela já se sentia exausta. Nos últimos minutos o local entrara em código preto por causa de um acidente envolvendo um caminhão de bebidas e um ônibus escolar carregado de crianças da terceira série que esperavam estar conhecendo o Museu de Arte Moderna e não a sala de emergências do hospital mais próximo.

Felizmente, a maior parte havia se ferido levemente durante o impacto e ganhado pequenas cicatrizes que se tornaram motivo de disputa entre alguns dos garotos mais velhos, mas Camila sabia que eles estavam apenas mais assustados do que poderiam pensar em assumir. Desde quando o falso objetivo de masculinidade se tornara mais brutal e dolorido do que enfrentar a própria morte? A cubana se perguntou triste, mas um sorriso brotou em seu lábios rapidamente ao se dar conta de que aquilo era muito parecido com algo que Lauren diria.

Ninguém sabia ao certo como o acidente havia acontecido, Camila ouvira quase cinco versões diferente do estudantes, mas ela ficara sabendo que a professora responsável pelo grupo estava em pé durante o impacto e fora mandada diretamente para sala de cirurgia, uma garota chamada Emma estava na sala de tomografia sob suspeita de hemorragia cerebral e o motorista estava em estado grave.

Seu nome foi chamado nos auto falantes mais uma vez, aquele seria um dia longo e pais preocupados e mães próximas a um colapso logo estariam ali para premiar ainda mais a manhã agitada.

A cubana sentiu dedos se fecharem ao redor do seu pulso e antes que ela pudesse se dar conta seu corpo estava sendo lançado contra a parede de um quarto vazio.

-O que você acha que está fazendo? -ela perguntou irritada ao encarar Matthew fechando a porta e se certificando de que ela estivesse trancada.

-Você não atendeu nenhuma das minhas ligações e não retorna minhas mensagens há quase uma semana, eu não sabia mais o que fazer pra chamar a sua atenção. -ele exasperou ao se virar para encarar a mulher.

-Que tal me chamar pra conversar como uma pessoa decente? -Camila exclamou sem se importar em ser ouvida por qualquer um que passasse pelo corredor, não era como se as pessoas não soubessem do que acontecia entre os dois.

-Eu pensei que você não fosse me ouvir-

A cubana riu de maneira irônica.

-E você decidiu que esse era o melhor jeito?

-Olha, -ele começou se aproximando lentamente da mulher alguns centímetros menor do que ele. -por que você não vai para a minha casa mais tarde? A Valerie está viajando e eu posso pedir o jantar, assim a gente pode conversar com mais calma e quem sabe-

Camila afastou a mão que Matthew tentava encaixar em seu rosto e saiu da armadilha em que ele a havia colocado.

O quarto tinha paredes bege e a maca em seu centro estava vazia e arrumada com aparelhos ao seu redor, a luz do sol parecia saber o que acontecia naquele lugar e iluminava por entre a copa da árvore mais próxima da janela o local exato em que alguém normalmente esperava a chance de poder senti-lo tocar sua pele diretamente mais uma vez.

A cubana se aproximou da cama de maneira a conseguir colocar alguma distância entre os dois e se virou para encará-lo antes que ele pudesse completar.

I Like Me BetterOnde histórias criam vida. Descubra agora