Hockey Ice

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Nessa semana em especial, acordar cedo e acompanhar as aulas acabou sendo mais difícil do que eu esperava. Eu sempre fui uma aluna estudiosa, minha tendência eram sempre de me esforçar, não apenas por estar preocupada com meu futuro, mas porque eu odiava que ficasse no meu pé, cobrando meus estudos, essas coisas bestas. De qualquer forma ser uma aluna exemplar sempre me deu uma certa vantagem sobre a média dos alunos de Lake View.

No entanto, nessa semana estava sendo diferente, eu havia brigado com Chad e não estava bem com isso, talvez fosse a TPM, não sei ao certo, mas naquela manhã de quarta-feira eu estava sem o menor animo e dessa forma passei a aula inteira de Trigonometria mexendo no meu celular, eu já não entendia o que o Sr. Stonem estava falando e não faria questão de entender, muito menos de copiar os rabiscos do quadro. 

No fim desse horário, arrumei minha mochila o mais rápido que pude, com o objetivo de ir direto para meu último horário o de esportes. Mas antes que eu pudesse sair da sala, o Sr. Stonem me barrou pedindo para esperar o restante dos alunos saírem da sala.

De pé diante dele, eu me dei conta, pela primeira vez, de quanto seus ombros eram curvados, e ele me pareceu, de repente, triste e mais velho do que tinha reparado antes.

— Você não desta aula, gosta? — Perguntou me olhando.

— Não muito, senhor. — Eu torci o nariz quando ele deu um passo a frente se aproximando.

— Você tem todas as tardes para ficar mexendo no seu celular, — Ele falava como se estivesse escrito e memorizado cada frase e, agora, estivesse lendo. — Porém, enquanto olhava para a tela dele, perdeu a oportunidade de explorar o saber que eu como um matemático tenho te passado, os ensinamentos a frente. Preste atenção na aula. E, depois, quando ela acabar, preste atenção no seu celular.— Ele terminou de dizer, meneando a cabeça na direção da porta como uma indicação para eu ir embora.

Não fiz questão de responder nada, apenas sai do prédio de matemática um pouco irritada em direção a pequena arena de gelo, na aula passada a treinadora Collins tinha avisado sobre o uso da arena nessa aula, para que praticássemos algum esporte semelhante ao Hóquei de Gelo, só que menos agressivo. Assim que adentrei o local, senti a brisa forte e gelada me atingir, a treinadora já estava dizendo algumas regras para as alunas  sentadas nos bancos da arquibancada, e então me apresei para ir até o vestiário.

Lá vesti o uniforme ridículo, que era obrigatório para essa aula, uma calça com um tecido grosso e folgada, uma blusa de mangas compridas igualmente grossa e folgada, branca e vermelha com um simbolo do internato bordado no peito.

Coloquei a proteção do joelho e cotovelo, saquei meu bastão e me dispus a caminhar até a parte dos reservas calçando meu patins em seguida que coloquei o capacete. As meninas estavam separando o time e assim que coloquei meu pés dentro da arena, Dinah gritou meu nome para que eu fosse do seu time, sorri satisfeita para minha amiga e patinei  um pouco desleixada até a loira, fazendo questão de esbarrar em Elizebeth que estava com cara de bunda.

Elizabeth montou seu time, de vez em quando lançando olhares um tanto maldosos para mim.

Revirei os olhos e me posicionei, eu era uma atacante e estava na frente, Vero ao meu lado sussurrando coisas do tipo:

- Eu juro que se Lia e Elizabeth continuarem eu esfrego a cara delas no gelo e faço o favor de pisar com o patins em cima. - Vero disse brincalhona, com uma leve pintada de indignação verdadeira. Eu ri e quando percebi alguém  até -então desconhecido- me acompanhava com a risada, parei e levantei o olhar encontrando a prima de Chad, Lauren. Nossos olhares se encontraram e eu desviei rapidamente.

Desde o fádico dia em que eu fui assistir ela cantar, tenho a evitado de todas as as formas, não me lembrava ao certo o que havia acontecido naquela noite, mas com certeza foi algo extremamente péssimo, já que Lauren mentiu para meu namorado dizendo que eu apenas havia dado carona e me mandado deixando ela sozinha lá no bar e omitiu toda a parte verdadeira da história, eu me sentia envergonhada só de imaginar o que poderia ter feito de tão trágico.

The Girl I've Never MetOnde histórias criam vida. Descubra agora