CAMILA P.O.V
Não sei quanto tempo vagamos pela cidade de Chigado, apenas quando Lauren parou a moto minhas lágrimas já estavam secando. Ela freiou bruscamente e eu fui pra frente de uma vez colando nas costas dela e a apertando. Lauren segurou nas minhas coxas me dando equilíbrio.
- Perdão.
A morena se virou e puxou minha mascara preta, que cobria metade do rosto para cima, ficando nos meus cabelos, ela esticou a mão passando pela minha bochecha.
- Não gates suas lágrimas. Chad é um bocó. - Eu sorri quem fala "bocó" hoje me dia? Minha avó deve falar.
Lauren me deu a mão e me guiou para a calçada.
- Onde nós estamos?
Não fazia ideia de onde poderíamos estar, nada a minha volta parecia familiar. Olhei para os lados, a rua misteriosa e sem nenhum movimento.
- Siga-me, Cabello. - Ela fez um gesto com a mão.
E foi o que eu fiz, demos a volta por trás de um prédio não terminado, ele era todo de cimento, com janelas de ferro enferrujadas. A morena se aproximou de uma porta no mesmo estado das janelas e deu um chute na fechadura. Com um estrondo ela se abriu.
- Eu não vou entrar ai dentro, sem chance. - Me antecipei.
- Tá, então fica aqui sozinha. - Sem dizer mais nada Lauren entrou para o interior do prédio.
- Merda... - Um barulho no lixo me fez correr para dentro.
Meu coração batia tão forte, passamos por algo que deveria ser uma recepção e em seguida paramos na frente de uma escadaria, Lauren me pegou pela mão e começou a subir as escadas correndo, não tanto para eu conseguir acompanhar. Tudo parecia feder a tinta fresca, as paredes tinham sido pichadas, com desenhos aleatórios e nomes estranhos com aquelas letras garrancho que ninguém entende.
Subimos cerca de doze lances de escadas, até pararmos na porta de emergência, ela empurrou a porta revelando um enorme terraço com vista para toda a cidade. Minha respiração estava em um estado crítico, me senti uma sedentária. O vapor que saia da minha boca fazia fumaça no ar, tinha esfriado, mas eu não estava com frio já que minha fantasia de mulher gato era de um tecido grosso, me preocupei
mesmo com Lauren que estava em um vestido de tecido fino, essa parecia não se importar e não demonstrar fraqueza.- Eu costumo vir aqui, quando me sento sozinha. - Ela comentou soltando minha mão. - É estranho como as estrelas parecem fazer companhia em uma noite como essas.
Ela carregava nas costas uma mochila pequena que até então não a havia notado, Lauren se sentou em pernas de índio e a abriu no seu colo. Me sentei ao seu lado esperando o próximo passo, ela tirou uma seda (papel) e de dentro de uma caixa vermelha, maconha dichavada, bolando o baseado em segundos.
Sempre soube que de santa Lauren não tinha nada, sabia que a vida dela tinha ido pra um mundo onde nada precisava fazer sentido, bem antes de saber a verdadeira história.
- Sabe, eu só não entendo o porquê dele ter feito isso, eu nunca fiz nada para isso acontecer, nem mesmo o deixei em greve de sexo. - Disse com aflição, negando com a cabeça. - Isso não faz sentido! Ele sempre me tratou bem e nunca se fez de insatisfeito, porquê me trair a esse ponto? Não era mais fácil apenas terminar tudo de uma vez?
- Se espera que eu ache uma resposta para isso, não espere. - Ela disse com um sorriso maroto.
- Ei, Jauregui. - A olhei da mesma forma, com o mesmo sorriso. - Quantas vezes você consegue não usar a ironia e o sarcasmo em uma mesma conversa?