Em lados opostos

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· Acordou finalmente?

Elisa olhou para o jovem que a encarava com tranqüilidade. Era o mesmo que a salvara e parecia menos intimidador agora que estava sem o elmo dourado.

· Você parece bem. Você dormiu enquanto eu te trazia para cá.

· Estou me sentindo bem melhor, obrigada. Que lugar é esse?

· Estamos no Santuário. Essa é a minha casa.

· O Santuário...

· Você parece uma garota comum e que nem é daqui, como veio parar nessa confusão toda?

Pacientemente, Regulus ouviu Elisa contar toda a história, desde quando chegara na vila atrás das salamandras até o dia em que a encontrara na floresta com aquele espectro.

· Bom, a situação é bastante delicada. No momento, pedirei que fique no Santuário, você ficará segura aqui. Depois que a guerra acabar, pedirei a você que venha comigo conversar com o mestre.

· Tudo bem. – ela assentiu.

· Ah, e tome cuidado com esse Kagaho. Não esqueça que ele é um espectro, não confie demais nele.

· Eu... vou tomar. – ele parecia tão jovem, pensou ela. E já agia como um adulto no meio daquela guerra.

· Bom, já passei o meu sermão. Você deve estar com fome, não é? Vou trazer algo para você comer. – ele disse enquanto se encaminhava para a cozinha – Depois o Hasgard... ou melhor, o Aldebaran quer falar com você.

· Comigo? - ela quase se levantou da cama para ir atrás dele, mas sentiu uma tontura e resolveu ficar ali mesmo – Ele é o cavaleiro que lutou contra o Kagaho, não é?

· É, mas não precisa ficar com medo. – ele colocou a cabeça na porta – O Has... Aldebaran não vai fazer nenhum interrogatório, pode ficar tranqüila.

· Não vou mesmo. – a voz profunda do Touro ecoou, fazendo-a sobressaltar-se.

· Aldebaran! – Regulus saudou o companheiro.

· Resolvi dar uma passada para ver como ela estava.

· Deu sorte, ela acabou de acordar.

· Ótimo! – ele a fitou com interesse.Ela olhou para o enorme cavaleiro com um temor que foi muito difícil disfarçar.

· É... – ela hesitou, olhando de um para o outro – Muito prazer.

· O prazer é todo meu, mocinha. – ele abriu um largo sorriso, que contrastava com a feia cicatriz em seu olho direito – Qual o seu nome?

· Elisa.

· Eu sou Aldebaran, como já deve ser percebido. Bom... Pelo que o Regulus me falou, você tem uma ligação importante com o espectro de Bennu.

· Ah... Eu...

· Não precisa ter medo de me dizer. – ele a encorajou.

· Eu acho que tenho sim... alguma ligação.

· Então quer dizer que aquele espectro mal-educado arrumou uma amiga?

· Sim. – ela achou curioso aquele cavaleiro enorme se referir a um inimigo mortal como "mal-educado".

· Hahaha! – ele explodiu numa sonora risada – Eu sabia! Sabia que ele não é como os outros espectros!

· Você... acha mesmo isso? – ela agora estava boquiaberta.

· Sim, desde a primeira vez que o vi. A verdade é que eu acabei até gostando daquele garoto.

· Então... – uma suspeita acabara de se formar em sua mente – Foi por isso que você poupou a vida dele?

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