O Devorador de Sonhos

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- Sabe, eu gostei muito de conhecer Atena. - Elisa comentou assim que entraram na casa.
- Ela é mesmo incrível. - Regulus concordou.

- Depois de vê-la eu entendi porque os cavaleiros dão a vida por ela.

- Parece que ela também gostou de você. – ele sorriu e sentou em uma das cadeiras de madeira – Eu fiquei bem surpreso quando você se ajoelhou e jurou lealdade a ela.

- Para ser sincera eu também fiquei – Elisa também sentou na cadeira ao lado. – Foi uma coisa tão estranha, a presença dela mexe com a gente.

- Foi a primeira vez que esteve frente a frente com uma deusa – ele sorriu. – Por isso ficou tão impressionada.

- Vocês cavaleiros convivem com deuses o tempo todo – ela segurou o queixo com uma das mãos. – E ainda tem poderes inimagináveis. Já estão acostumados, por isso não se impressionam mais. Agora eu, uma pobre mulher de 19 anos...

- Que saiu viajando para outro país caçando salamandras, muito comum mesmo – ele implicou.

- É, deve ser mesmo por isso que eu vim parar no meio dessa confusão toda – ela meneou a cabeça.

- Elisa... – mudou o tom.

- Sim.

- Você pretende se despedir de seus amigos do hospital?

- É verdade. Eu vou passar lá, sim. Sabe, Regulus, foi um deles que falou com Sísifo.

- Como sabe disso? – ele arregalou os olhos.

- O Petros... ele me viu com o Kagaho.

- O quê?! – Regulus quase saltou da cadeira.

- Ele já vinha desconfiando de mim. – ela retorceu aos mãos –E ele me seguiu e nos viu juntos.

- Elisa... – Regulus passou as mãos pelos cabelos.–Você poderia ter sido acusada de traição e... – ele parou subitamente. – Espera, esse espectro, ele também viu o Petros?

- Viu.

- E não atacou ele?

- Bom, ele ameaçou o Petros caso contasse que tinha me visto ali com ele – Elisa respondeu quase sem voz.

Regulus olhou consternado para ela, mas não respondeu nada.

- Espero que isso não te cause problemas – ela falou baixinho.

- Não para mim. – ele deu de ombros. – E eu ainda confio em você, mesmo depois de saber tudo isso.

Ao ouvir aquilo, Elisa sentiu sua respiração mais aliviada, porque a confiança dele era algo que ela realmente havia temido perder.

- E vou sentir sua falta. Já estava acostumado a ter você aqui no Santuário.

Havia um brilho de tristeza no olhar do menino que a fez levantar e abraçá-lo com força. Era fácil esquecer que ele tinha apenas 15 anos. Principalmente porque ele se esforçava para mostrar o quanto era maduro e responsável quando estava com ela.

- Rodorio é pertinho– ela falou antes de soltá-lo. – Mas eu também vou sentir sua falta, sei que não vai sobrar tempo para fazer visitas no meio da guerra.

- Não mesmo – ele sorriu. – Sísifo disse que agora eu vou ter muito mais participação na batalha. Eu vou mostrar que estou pronto pra derrotar qualquer espectro!

- Eu tenho certeza que vai!

Regulus saiu alguns momentos mais tarde e Elisa decidiu aceitar seu convite para acompanhá-la até o hospital.

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