Capítulo 1.

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Regina.

Conheci ela no ponto de ônibus. Posso dizer que não sou uma amante de ônibus, ou não era, pelo menos. Nunca gostei da opção de ter que esperar um transporte para poder ir para algum lugar e por isso que quando completei a idade adequada comprei um carro. E continuei apenas no carro desde então. Sim, eu reconheço os males que andar de carro faz pro meio ambiente, mas é realmente muito bom ter um transporte apenas pra você. Não tenho muito apreço por pessoas. Mas pela magia do destino e talvez uma obra de mãe Gaia, ele quebrou e eu tive que passar uns tempos andando de ônibus enquanto meu carro não chegava da oficina.

Em meu primeiro dia no ponto de ônibus já fui encontrando com a futura dona de meus pensamentos. Com os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, olhos verdes tão profundos que quando meu olhar se encontrou com o dela me senti exposta. Mas não foi por muito tempo. Ela logo desviou o olhar enquanto corava, e eu sorri enquanto olhava pra baixo e tentava não observá-la por muito tempo para não deixar a mesma desconfortável.

Me posicionei de uma forma em que pudesse visualizá-la sem ela perceber meus olhares e me permiti observar seus detalhes. Sou míope, e por essa e outras razões não pude observá-la direito, nem gravar todos os seus detalhes em minha memória. Talvez ela nem fosse tão bonita assim e meus olhos estavam me enganando. Ri internamente com meus pensamentos e por perceber que fazia tempo que ninguém me chamara atenção como a moça do ponto de ônibus. Não sabia seu nome mas sua cara de anjo ficaria nos meus pensamentos por um bom tempo. Até pensei em uma aproximação, mas o que falaria? "Olá moça bonita, casa comigo que te dou casa, comida, e roupa lavada"

Ok Regina, você já foi melhor.

Meu ônibus chegou, e eu fui logo entrando. Na verdade eu nem sabia se era o ônibus certo, pois não consegui visualizar direito o destino dele. Ainda bem que eu acordei adiantada se não minha mãe – vulgo minha chefe e associada – ia comer meus olhos se eu chegasse atrasada. Devo ser muito sortuda pois subi no ônibus certo e o ponto em que desci era muito perto do escritório da família, não precisei andar tanto.

Chegando lá fui logo para a minha sala e minha mãe estava sentada na minha mesa.

— Por que a senhora está na minha sala? — Perguntei enquanto cruzava os braços e arqueei uma sobrancelha esperando uma explicação para esse comportamento um tanto anormal.

— Você comprou?

— Não, mas...

— Tem seu nome aqui?

— Com certeza. — Respondi e apontei para a plaquinha escrito "Regina Mills" em cima da mesa, mais precisamente, do lado dela. Em um movimento rápido ela pegou a plaquinha e escondeu atrás de si.

— Não tem mais. — Dito isso, eu gargalhei alto jogando a cabeça pra trás e ela me acompanhou na risada.

— Você é uma graça, Dona Cora. Mas me diga, a que devo a sua ilustre aparição na minha sala? — Fui chegando mais perto dela devagar pra ela não perceber que eu estava tentando roubar a plaquinha da mão dela.

— Faz tempo que você e sua irmã não aparecem lá em casa... e eu sinto falta das minhas meninas. Estou intimando você e já fiz o mesmo com sua irmã para vocês jantarem hoje lá em casa. — Semicerrei os olhos em sua direção desconfiando um pouco de sua atitude, mas logo acreditei em suas intenções.

— Só vou se você cozinhar aquela lasanha deliciosa que você me ensinou a fazer anos atrás.

— Sua irmã disse a mesma coisa. Vocês combinaram? — Semicerrou os olhos em minha direção e eu a olhei séria.

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