Capítulo 2.

272 27 16
                                    

Emma.

Era mais um dia normal na rotina da minha vida. Vivendo em um apartamento no centro com Ruby, onde era perto de tudo, até da Floricultura da família, onde Granny, mamãe e eu cuidávamos de tudo com muito apreço. Minto. Não era tão perto assim, não para ir andando. Então eu pegava sempre um ônibus para ir mais rápido e poupar-me de uma caminhada. Ruby diz que sou uma preguiçosa e que eu poderia muito bem não gastar dinheiro com passagem, mas não gosto de caminhadas.

Como eu estava dizendo, era mais um dia normal na rotina da minha vida: acordava, pegava o ônibus para ir trabalhar, trabalhava e depois voltava pra casa. Ou ia pra casa de minha noiva cumprir com o papel de boa noiva, coisa que eu não fazia há alguns dias. Mas aquele dia minha rotina se dissipou em pó depois que encontrei com aquelas orbes castanhas que me observaram no ponto de ônibus.

Eu não pude observá-la minuciosamente, pois nossos olhares logo se encontraram e eu não consegui sustentar o olhar, corando violentamente. Era uma mulher linda, posso muito bem compará-la como uma deusa grega, tem olhos castanhos, cabelos curtos acima dos ombros também castanhos, lábios carnudos pintados de vermelho com uma cicatriz muito sexy. Sou comprometida mas não estou morta. Nunca tinha visto ela por essas bandas. Conheço quase todos que frequentam esse específico ponto de ônibus e ela era nova para mim. Uma novidade bem interessante, eu diria.

Quando o seu ônibus chegou, consegui olhar para a deusa do ponto de ônibus sem que fosse flagrada, já que ela apertava os olhos para conseguir enxergar o destino do mesmo. Eu achei a coisa mais adorável do mundo. Ela vestia roupas sociais, uma saia lápis com uma blusa vermelha colada no corpo, um blazer preto aberto e saltos altos também pretos. Enquanto ela subia no ônibus fiquei observando seu corpo e pude constatar: Deus é mulher e eu não sei seu nome. E que bunda, hein?

Logo depois meu ônibus chegou e eu fui o caminho inteiro me perguntando o que uma mulher com aparência tão rica e roupas tão sociais estava fazendo naquele ponto de ônibus. Não que eu esteja reclamando, queria vê-la mais vezes por aí. Será que morava no mesmo prédio onde eu dividia o apartamento com Ruby? Por que nunca a vira por aí? Tenho certeza que não deixaria de reparar em uma Deusa daquela. Fiquei tão absorta em meus pensamentos que quase perdi o ponto de descer, mas não consegui cometer uma proeza dessas.

Andei um pouco e logo cheguei na Floricultura onde trabalhava, fui logo entorpecida pelo cheiro que as flores exalavam e me senti muito melhor, não que tenha deixado de pensar na deusa do ponto de ônibus, ou até mesmo deixado de me sentir um tantinho culpada pois estava traindo Lilith em pensamento. Toda vez que ela tiver um dos ataques típicos de ciúmes não poderei mais dizer "Mas meu olhar só vai pra ti, meu amor" pois se eu deveria dizer a verdade eu deveria adicionar o "e pra moça do ponto de ônibus também, mas sem chances de te trair já que ela nem sabe quem eu sou" mas Lily iria me matar e jogar os restos no mar, sou muito nova pra morrer. Pensando bem... sou muito nova pra casar também.

Se me perguntassem há 2 anos o que eu achava da ideia de casar com Lilith, que foi na época que ela me propôs, eu acharia a ideia maravilhosa. Mas não consigo ter essa mesma mentalidade. A convivência com a mesma se tornara difícil. Meus amigos nunca gostaram dela, Ruby e August dizem que se sentem mal apenas por estar no mesmo lugar que ela, Granny não foi com a cara da pobrezinha desde o começo. Mamãe e papai concordaram em dar uma chance pra ela mas não gostam muito. Killian, meu irmão, tem um ódio profundo dela, e classifica nosso namoro como abusivo e sempre que pode diz que Lily se aproveita da minha inocência pra me tratar do jeito que ela acha melhor, já que não falo nada. Faz muito tempo que já não sinto muita coisa por ela, apenas carinho, e não sei como acabar com esse noivado que apenas agrada a ela.

Bus StopOnde histórias criam vida. Descubra agora