Capítulo 2

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A chuva caía torrencialmente quando o ônibus deixou Aline em Ponta Grossa, meia hora depois. Ela estava molhada, os sapatos encharcados.

Sentia um frio na espinha, onde seu casaquinho deixava a chuva vazar. Foi tolice não sair com um guarda-chuva de manhã. Em todo o caso contava com a carona de Adriano.

Hesitou por um momento quanto a entrar no Hotel daquele jeito, mas precisava conversar com Adriano.

O saguão do hotel se encontrava vazio. Aline olhou em volta, à procura do recepcionista, tremendo um pouco. Achou que talvez tivesse apanhado um resfriado, que talvez amanhecesse doente e não pudesse viajar. Não sabia se se alegrava ou se lamentava.

Um movimento à direita a fez virar-se para ver Adriano descendo a escada.

— Aline! — Ele veio em sua direção, parecendo hesitar um pouco antes de sorrir e perguntar: — De onde você surgiu?

Essa dificilmente poderia ser considerada uma boa acolhida, mas ele talvez não estivesse muito feliz naquele momento. Talvez se sentisse frustrado com a súbita mudança nos planos.

— De um ônibus. Como estava passando por aqui, resolvi entrar para lhe dizer que lamento muito por você não ir conosco amanhã.

— Então já soube?

— Sim, nós acabamos de ter uma reunião com Kwon Hyuk.

— Uma reunião com o deus todo-poderoso... Que bom para vocês!

Aline apenas sorriu. Ele pôs a mão em seu ombro e continuou:

— Mas você está ensopada, meu bem! Escute, vamos até meu quarto. Fica no primeiro andar, não precisamos nem tomar o elevador.

E conduziu-a para a escada, com o braço ainda em volta de seus ombros.
O quarto era um dos melhores do hotel, grande e confortavelmente mobiliado. As diárias deviam custar uma fábula; não era de admirar que ele procurasse um apartamento para morar! Aproximando-se por trás, Adriano tirou-lhe o casaquinho molhado e pendurou-o no espaldar de uma cadeira, ao lado do aquecedor.

Então, despejou um pouco de bebida num copo e entregou-lhe.

— Sente-se e beba isto. Vai aquecê-la.

Aline tomou um gole de conhaque.

— Você é muito gentil, Adriano. Eu não pretendia abusar de sua hospitalidade.

— Minha cara, estou encantado. O prazer é todo meu. — Tomou de sua própria bebida e recostou-se na poltrona. — Agora me diga: que história Kwon Hyuk lhes contou para justificar o fato de que vai viajar em meu lugar?

Os lábios dele tinham uma expressão magoada. Era óbvio que não gostava do tirânico sr. Kwon. Nem ela.

— Ele disse que a matriz o designou para outra missão.

— Humm... É uma boa história, mas não creio que a matriz tenha alguma coisa a ver com isso.

Aline franziu a testa, intrigada.

— Então... eu não entendo. Se ele quisesse ir, podia ter providenciado antes. Por que teve que mudar tudo no último momento?

Pensativo, Adriano olhou para o copo. Então sorriu e deu de ombros.

— Ah, não sei... talvez porque quisesse viajar. Quer tomar mais um pouco?

— Não, obrigada, já bebi bastante. Adriano, há alguma coisa que você não me contou, não há? Terei que trabalhar como assistente de Kwon Hyuk nesta viagem... Ele acabou de me dizer isso. Se houver alguma coisa sobre o homem que eu deva saber, me conte, por favor.

Chemistry || Kwon Hyuk (Dean) ||Onde histórias criam vida. Descubra agora