Capítulo 15

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Depois de Jacqui decretar que Aidan seria um cachorro difícil de manter na coleira, comunicou a ele: 

— Você foi aprovado. Gostamos do seu jeito. Pode sair conosco sempre que quiser. 

— Ahn... Obrigado. 

— Aliás, amanhã, à noite, é a festa de aniversário da amiga estranha de Nell. Vai ser no Outhouse, na Mulberry Street. Apareça lá. 

— Humm... Tá legal. — Ele olhou para mim. — Tudo bem? 

— Claro. 

O entrosamento entre Jacqui e Aidan continuou na noite seguinte, quando, na saída do bar, Jacqui apontou para um Adônis que estava encostado em uma parede. 

— Olha lá que cara lindo! E sozinho! Será que está esperando alguém? 

— Vá lá perguntar — sugeriu Aidan. 

— Não posso simplesmente ir até lá e perguntar isso a ele. 

— Quer que eu vá? 

Os olhos dela quase saltaram das órbitas e ela o agarrou pelo braço com força. 

— Você faria isso? 

— Claro. — Ela acompanhou com os olhos quando Aidan forçou passagem pela multidão, perguntou alguma coisa ao Adônis, viu quando Adônis respondeu e girou a cabeça para dar uma olhada no bolo de gente em meio ao qual nós duas estávamos. Mais algumas palavras foram trocadas entre os dois, e então Aidan se virou para vir na nossa direção... Seguido por Adônis. 

— Pelo Menino Jesus! — sibilou Jacqui. — Ele tá vindo aqui! 

Infelizmente, acabamos descobrindo que Adônis se chamava Burt e que, de perto, exibia um tipo de rosto peculiarmente imóvel; e não demonstrou interesse algum em Jacqui, mas, como resultado do lance, Jacqui passou a considerar Aidan o topo de linha entre os mortais.


Maravilha. Todo mundo estava se entendendo e se gostando. Porém, como Aidan já saíra com alguém do meu lado duas vezes, eu me vi na obrigação de reencontrar Leon e Dana, mas não estava muito empolgada com a possibilidade de eles me julgarem e encontrarem algum defeito. Só que — ao contrário da última vez em que os vira — eles não me trataram como uma mulher recortada em papelão, clone de dezenas de outras, e acabamos curtindo um encontro inesperadamente agradável (inesperadamente de minha parte, pelo menos). 

Depois, alguns dias mais tarde, os Homens-de-Verdade organizaram uma festa de Halloween. Eles (os Homens-de-Verdade) resolveram se fantasiar com roupas estranhas e apareceram vestidos como eles mesmos. Eu dava uma circulada, me perguntando se Aidan iria aparecer ou não quando, de repente, não mais que de repente, alguém se atirou na minha frente coberto por um lençol, como um fantasma e gritando: "Uahahahahaü!" 

— Desejo o mesmo pra você! 

Então o fantasma tirou o lençol da cabeça e falou, com voz de gente: 

— Qual é Anna? Sou eu! 

Era Aidan. Nós dois, ao mesmo tempo, demos um guincho de surpresa e alegria. (Não que fosse assim tão surpreendente vermos um ao outro, mas... Deixa pra lá.) Eu me lancei pra cima dele, que me agarrou com força, envolvendo minhas costas com os braços. Nossas pernas se embaralharam e uma fisgada de tesão me espetou por dentro. Ele também sentiu algo do tipo, porque seu olhar se modificou na mesma hora e ficou sério. Mantivemos os olhos um no outro por um instante interminável, até que a amiga estranha de Nell espetou a bunda de Aidan com um tridente e quebrou o encanto.

Tem Alguém Aí? - Família Walsh Vol 4Onde histórias criam vida. Descubra agora