Capítulo 22

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Menos de uma semana depois de me pedir em casamento, Aidan tornou a fazê-lo, dessa vez trazendo uma aliança que eu comentara uma vez que achara bonita. Era toda em ouro branco com sete diamantes incrustados, formando uma estrela. Era lindíssima e eu fiquei apavorada.

— Sai dessa! — reagi. — Menos, Aidan, menos. Nós tivemos um fim de semana ruim, só isso. Você está exagerando.

Corri para casa e contei a Jacqui o que tinha acontecido.

— Uma aliança? — exclamou ela. — Você vai se casar!

— Não, claro que não vou me casar.

— Por que não?

— Ora, por que deveria?

— Dããã... Porque ele propôs? —~ Com irritação na voz, ela disse: — Ok, essa parte foi de brincadeira. Mais ou menos. Agora conta: Por que você não quer se casar com o cara?

De forma incoerente, comecei a numerar meus motivos:

— Razão número 1: eu mal conheço o cara, e já fiz tanta coisa na vida sem raciocinar antes que perdi toda minha impulsividade. Razão número 2: Aidan tem um passado muito forte e eu não quero esse peso todo. Razão número 3: Como você mesma disse, Srta. Jacqui Staniforth — e eu aposto que tem razão —, ele provavelmente vai ser um cão difícil de manter na coleira. E se ele me chifrar?

— Para ser franca, acho que não é nenhuma dessas — afirmou Jacqui. — É a Razão número 4: você é meio lerda — continuou ela, elevando a voz. — Qualquer mulher da nossa idade adoraria a ideia de se casar com alguém, mesmo que fosse um anão com três olhos e cabelo no nariz, mas você é ingênua o bastante para achar que não deve se casar com o primeiro homem que lhe pede a mão. Sim, você mal o conhece! Sim, ele tem um passado forte! Sim, talvez não consiga manter o pinto dentro das calças! Porém, basicamente, Anna Walsh, você não faz a MÍNIMA IDÉIA da sorte que tem! Esperei até ela acabar de gritar.

— Desculpe — disse ela, enrubescida e respirando de forma mais ofegante do que o normal. — Eu acho que... Empolguei-me um pouquinho. Sinto muito, Anna, sinto de verdade. Só porque ele tem dois olhos, estatura normal e não tem muito cabelo no nariz para a idade, isso não é razão para casar com um homem. Não mesmo.

— Obrigada.

— Mas você ama o cara — acusou ela. — E ele ama você. Sei que a coisa aconteceu muito depressa, mas o sentimento é sério.


Quando ele colocou a aliança novamente na minha frente, eu disse:

— Por favor, pare com isso.

— Não consigo evitar.

— Por que você quer se casar comigo? Ele suspirou:

— Puxa Anna, posso listar os motivos, mas eles não vão transmitir nem de longe o que eu sinto: você tem um cheirinho bom, é corajosa, gosta de Dogly, é divertida, é inteligente, é muito bonita, bonita de verdade, eu adoro o jeito de você me chamar de "baby", gosto de ver como sua cabeça trabalha, gosto quando a gente está conversando na hora de mandar um presente de aniversário para minha mãe pelo correio e você diz, do nada: "Como é que alguém pode parecer tão sexy só por lamber um selo?..." — Ele abriu as mios, indefeso. — Há muito mais... Acredite, tem muitas outras coisas além dessas.

— Qual a diferença entre o que você sente por mim e o que sentia por Janie?

— Não vou menosprezar Janie, porque ela é uma ótima pessoa, mas não tem comparação... — Ele estalou os dedos. — Tudo bem, acho que achei um jeito de descrever! Você já teve uma dor de dente daquelas horríveis, imensas, inesquecíveis? Uma daquelas que dá vontade de gritar, como se a gente sentisse um choque elétrico que entra pelas orelhas, atinge o cérebro e é tão terrível que quase dá para enxergar a dor? Pois então... Imagine essa mesma intensidade para medir o meu amor e você vai entender como eu me sinto em relação a você,

Tem Alguém Aí? - Família Walsh Vol 4Onde histórias criam vida. Descubra agora