CAPÍTULO 02

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SEGUNDA FEIRA

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SEGUNDA FEIRA

"Algumas mudanças são necessárias para que não se vicie no comodismo."

Foco Anne!!!

Assim que me levantei bati o dedo mindinho do pé na cômoda que fica ao lado da minha cama, e meu Deus como isso dói. Meio mancando fui tomar meu banho espanta preguiça e, como já estava atrasada, saí de casa sem tomar café, o que me fez provavelmente ganhar minha primeira multa, mentira, só tive que chegar 10 minutos a mais que meu horário normal porque precisei parar numa padaria e comprar um suco de laranja e um sanduíche natural pra evitar passar mal até o meu horário de almoço.

Sabe aquele dia que você tem certeza que deveria ter continuado a dormir até o meio dia??? Esse dia com certeza está sendo hoje.

Na tentativa de evitar um maior numero de demissões, acabei pegando pra mim serviços que era de Max e só hoje em menos de meia hora trabalhando, já tinha dois pedidos em minhas mãos, um felizmente consegui reverter, porém vai exigir uma visitinha surpresa na filial.

Depois disso me afundei na rotina, até que Max chega pra gente ir almoçar e já passava das 13 horas. Enquanto comíamos a conversa fluía normal, ate que ele tocou no assunto da festa do fim de semana.

— E você vai me acompanhar de novo né? _Indaguei com a certeza que a resposta seria positiva como sempre.

Desculpa An, mas já tenho uma acompanhante. É que...

O interrompi antes que Max iniciasse seu monólogo.

— Sem problemas, somos amigos e você não me deve satisfações.

Mas até lá você consegue um acompanhante né?

— Eu não preciso.

Max começou a tentar me convencer e depois a dizer que iria cancelar com a moça. Eu ri e decidi que estava na hora de voltar ao meu escritório. Hoje decidi que precisava treinar mais, iria iniciar zumba além do que já fazia, então quando deu cinco da tarde em ponto, liguei no escritório de Max, mas como ele não atendeu resolvi perguntar pessoalmente se ele já ia.

Achei estranho a secretária dele não estar em seu posto. Iria falar com ela no dia seguinte. Quando eu levantei minha mão pra bater na porta, escutei o que não queria. Max chamava sua secretária de Lia, mas o nome dela é Liliana e os dois estavam falando de mim.

E então, você acha que ela não vai?

— Tenho quase certeza que sim. Se eu não vou com ela, nunca que ela vai ter coragem de ir sozinha.

E se ela arrumar alguém.

Eles riram como se isso fosse impossível.

— Estamos falando da Anne, se duvidar ela ainda é virgem.

Ok, então eu aposto $1000, o que é quase meu salário que ela não vai e nem acha um par.

— Tudo bem Lia, aceito pagar esses mil pra você no domingo.

E riram mais uma vez. Sai de frente da sala dele bufando de raiva. Que tipo de melhor amigo fala da amiga assim pelas costas? E ainda acha que não sou capaz de encontrar um acompanhante? Avistei meu i30 e me arrependi da minha teoria de tentar desapaixonar do meu Gol quadrado, que tanto me deu trabalho para chegar a minha visão de perfeição.

Enfim, entrei no carro que é impessoal e sem querer acabei chorando. O que Max fez na sala dele pra mim é como uma traição. Ele estava armando nas minhas costas e se Liliana não fosse uma boa funcionária, decidiria aumentar meu 'turnover' e despediria ela na primeira hora da manhã.

A cena daquele ordinário, cujo nome um dia chamei de pai, veio em minha cabeça e os gritos de uma adolescente de apenas 13 anos implorando por socorro veio em minha mente como um furacão.
Sem mais lágrimas para chorar decidi que estava na hora de sair dali.

Saí do estacionamento, encarando o caótico transito de São Paulo. Meu escritório era bem próximo à estação da Luz, mas como amo dirigir, enfrento todos os dias, a mesma rotina. De repente, senti tanta raiva que joguei ao vento...

— A primeira pessoa que aparecer na minha frente hoje, eu levo ao baile, mesmo que seja o porteiro idoso e eu tenha que subornar a mulher dele.

20 segundos após o fechamento do sinal, estou novamente a míseros 20 km seguindo o itinerário sentido ao Largo do Arouche, para ir à academia. Olho pra cima a uma pequena distância e, sinal vermelho de novo. Quando eu sentir que devo dormir mais, eu hiberno!!!!

Escuto 02 toques no vidro da minha janela e um saquinho com trufas e um bilhetinho está em meu retrovisor. Enquanto abaixo o vidro, observo um cara voltando correndo pegando dinheiro ou as trufas de volta. Observei que quem já está com o vidro aberto, ele tinha sua resposta imediata, e a todo momento, pelo sim ou pelo não, ele mantinha um sorriso em seus lábios perfeitos.

Mais que depressa, saquei uma nota de $50 da carteira. Promessa é dívida. Lembra? Primeira pessoa que aparecer na minha frente?
Ele já ia pegar a trufa de volta quando eu despertei do meu transe.

— Ei essa trufa é minha.

Ele voltou pacientemente, até meu carro e sorriu.

Eu não tenho troco.

— Isso é recompensa pelo seu excelente trabalho.

Ok meu tempo está esgotado. _Ele afirmou me apontando o semáforo que agora era verde.

— Preciso falar com você, posso parar meu carro ali perto da praça?

Ele me olhou com cara de interrogação e assentiu correndo.
Eu queria falar pra ele entrar no meu carro e a gente ia conversando, mas ele não pareceu impressionado como outros caras que me veem com um carrão foda e acham que esse é o passaporte para o paraíso.
Na verdade, ele sequer me viu como uma pessoa alem de uma futura cliente. Eu escuto as músicas, conforme meu estado emocional, mas hoje como a verdadeira segunda feia, meu próprio pendrive resolveu meter o pé na minha bunda, tocando a música de Ed Sheeran, photograph, enquanto eu ia lentamente estacionando na pracinha e destravando o carro para o vendedor de trufas entrar, enquanto eu forçava minha mente a parar de passar o filme nostálgico que aquela música me transmitia.

Photograph (tradução)

Ed Sheeran

"Amar pode doer.

Amar pode doer às vezes.

Mas é a única coisa que eu sei.

Quando fica difícil.

Você sabe que pode ficar difícil às vezes.

É a única coisa que nos mantém vivos".

Se essa música te faz tanto mal, porque a escuta?

— Porque nem tudo nessa vida, é o conto de fadas que fazem parecer.

— É eu sei como é afirmar todos os dias uma falsa verdade, mas você não me chamou aqui pra isso. Aliás, qual seu nome?

(Completo) SINAL VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora