DESCOBERTAS - POR JP
"Você só será impactado, se sair em busca de descobrir alguma coisa. Caso contrário, contente- se com a mesmice."
Tive um bom sinal quando Anne abriu os olhos, ou seja, ela está viva. Mas desmaiou de novo. Imagino que esteja desidratada entre outras coisas, seu corpo ainda está molhado como se tivesse tomado banho de roupa. A ambulância saiu em disparada, sempre dentro dos limites.
Assim que chegamos ao hospital, fomos atendidos imediatamente. Sim fomos, porque mesmo a bala tendo sido de raspão me obrigaram a ter atendimento, teve alguns pontos e blá, blá, blá. Eu estava bem, queria saber da Anne, mas tive que ficar do lado de fora. Aproveitei e liguei para mamãe que ficou aliviada por todos estarmos bem. Procurei a médica de Anne, que só conheci na ambulância.
— Drª e a Anne?
— Passando por exames, ela já acordou e também já tomou banho, estamos aguardando a liberação do clínico para alimenta-la.
— Não quero ser desrespeitoso, mais a senhora jogou uma bomba na minha cabeça e agora está enrolando.
— João Pedro, eu ainda não sei se Anne esta grávida ou não. Você deveria saber se o ciclo dela estava normal ou não.
— A senhora acha que eu vou ficar perguntando pra minha namorada se ela tá ou não menstruando?
— Você fez coisas piores.
— Olha Drª para de me enrolar, ao menos pediu o exame pra gente saber?
— Ora João Pedro, você esta pensando que eu sou que tipo de médica?
— Não sendo a do tipo que flerta com o namorado da sua paciente, está ótimo. — Em quanto tempo sai o resultado?
— Uma hora.
— Ok!Agora se me der licença, vou ver a Anne, que fiquei longe demais da minha mulher.
A Drª ficou enrubescida mais permitiu a minha entrada.
— Fiquei sabendo que levou um tiro JP.
— Ah nem foi nada demais.
— Você e meio louco.
— Por você. Eu morri mil vezes nessa última semana. Preciso que volte logo para que possamos rasgar aquele papel de procuração. Você é insubstituível.
— Ninguém é insubstituível JP, eu percebi isso nessa semana, eu fiquei com muito medo de te perder, mais mesmo assim pensei que se algo acontecesse comigo eu gostaria que você fosse feliz.
— Te amo Anne.
Eu sei que Anne não esta bem ainda, mas eu precisava saber que não era um sonho. Me aproximei para saber se o trauma voltou, mais Anne fechou os olhos aguardando o encontro de nossos lábios, me senti voltando a vida depois de uma semana no deserto.
— Eu te amo JP, e nunca vou me cansar disso.
Fomos interrompidos pela médica.
— Já temos alguns resultados dos seus exames Anne. Você teve uma grave desidratação e esta com uma forte anemia como já era de se esperar, mas o bebê não sofreu nenhum dano, claro que vamos ter que fazer um ultrassom para saber de quantas semanas.
— Não Drª espera.
Anne pareceu não acompanhar o que a Drª disse e eu só sabia pensar.
"Anne esta grávida, estamos grávidos, vamos ter um bebê."
— Você está grávida Anne.
— Claro que não, eu tomo injeção anticoncepcional.
— Anne faz 03 meses praticamente que a Maria tem me ligado toda semana para remarcar, porque não consegue te dar o recado, porque você sempre dizia que não está com cabeça para nada.
— Mas...
— Anne você só tomou uma injeção, os adesivos estavam te fazendo mal lembra?
— JP me desculpa, eu não planejei.
— Shiu meu amor, é fruto do nosso amor. Você mesmo disse para não nos preocuparmos com o pouco tempo que estamos juntos, somos intensos... Nascemos para nos amar e agora amar esse bebezinho mais lindo que está por vir e todos os outros depois desse.
E então Anne começou a chorar. Eu entendo que seja difícil para ela. Algumas horas atrás ela pensou que morreria. Anne precisou ficar uma semana no hospital até que melhorasse da desidratação e anemia e nesse meio tempo, só fazia tentar eu, um pobre coitado.
Dizem que enquanto você não sabe de uma gestação o bebê ajuda a esconder, mas quando se descobre o bebê respira. Estou amando a nova barriguinha de Anne, estou ansioso para o ultrassom que vai acontecer daqui dois dias.
Anésio, o padrasto de Anne e pai de Max, não resistiu ao tiro de Frank e agora ele está morto de verdade. Comprovado. Parece que Max assumiu toda a culpa e estão esperando o depoimento de Anne para coloca-lo em uma cela normal.
Eu não sei do futuro, mais estou tentando acreditar que o pesadelo acabou. Minha mãe vai voltar para nossa antiga casa, parece que o proprietário desistiu de vender e vai deixar que continuemos lá. Eu nunca fiz um pedido oficial, mais acho que está mais do que na hora.
Anne não é nem de longe uma granfina. Eu pensei, pensei e pensei, e como em nosso relacionamento nada é convencional, eu achei na praia o anel ideal... Sabe aqueles de coquinho? Me pareceu perfeito. Tínhamos duas horas ainda para chegar à clínica, então levei Anne até uma lanchonete próxima no shopping mesmo, no Mc Donalds onde foi nosso primeiro lanche que parece que foi a uma vida.
— Você está estranho JP.
— Estranho como?
— Seus olhos estão diferentes.
— Eu estou normal uai.
Eu pedi para Anne um Mac Lanche feliz e pedi para colocarem o anel no lugar do brinquedo.
— Só estou imaginando a gente trazendo nosso filho ou filha aqui e exigindo o brinquedo.
— Ai que hormônios desgraçados me fazem chorar por tudo.
Notei que nosso pedido era o próximo que fui buscar. Anne sorriu em satisfação ao ver o lanche que escolhi.
— Pelo menos a batata vai ajudar a encher. Mais JP cadê a coca-cola?
Eu ri pelo jeito manhoso de Anne quando quer algo.
— O bebê não pode com coca-cola e você também não.
— Que saco.
— Anne, antes de você dar a primeira mordida queria dizer algumas coisas.
— Eu disse que você estava estranho. Eu já sei. Você vai terminar comigo agora que fiquei gorda e feia.
— Você esta cada vez mais linda Anne, agora escuta. _Contei até 10 e comecei a falar. — Desde quando comecei a faculdade eu sempre pensava se quero o melhor tenho que lutar pra isso. Um tempo depois eu fui demitido da fabrica que trabalhava e ainda estava no primeiro ano de faculdade, confesso que xinguei até o papa, mas então eu vi na TV que várias pessoas trabalhavam como autônomo e não desistiram de seus sonhos. E então comecei a lutar ainda mais pelo meu. Eu sempre via você fazendo o mesmo trajeto, sempre linda e alheia a tudo aparentemente. Você nunca baixava os vidros e nunca sorria. Até o dia que você pediu para falar comigo. Seja jeito me cativava suas atitudes e ate mesmo suas fraquezas. Às vezes você e exagerada querendo o melhor para todo mundo, mas ainda assim eu te amo Anne, e não vejo porque pedir para namorar comigo já que pulamos esse estagio, eu sei que toda mulher espera diamantes, mas você pequena não ia querer sujar de graxa algo tão fino. Bem Anne, aceita se casar com esse menino feio, bobo e apaixonado que vai te honrar e te respeitar até o último dia de minha humilde existência?
— Claro que sim, meu lindo amável e gostoso futuro marido!
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(Completo) SINAL VERMELHO
Short StoryQual lição de moral um semáforo pode te trazer?? O sinal vermelho diz claramente que se deve parar, indica algo proibido, mas multas de trânsito e acidentes comprovam que nem todoseguem a risca o que o sinal vermelho pede. Ela está no final de um di...