CAPÍTULO 15

2.1K 345 17
                                    

O QUE ATRAI PESADELOS - POR ANNE

"Seria bom se tudo fosse sonhos, mas são os pesadelos que nos fazem mais fortes."

— Vamos a oficina hoje?

Era a primeira vez que o convidava a ir a oficina, mas realmente precisava de uma distração diferente hoje, ou ficarei louca. Na faculdade eu recebia alguns bilhetinhos maldosos, mas nunca dei importância, afinal de contas eu era uma 'Zé ninguém' bolsista, sozinha na vida que vendia o almoço pra comprar a janta.

Quando me formei eu foquei no que queria, abrir minha autopeças. Só que pensei que demoraria já que não tinha um tostão furado. Dois dias antes da minha formatura, que a turma, apesar de ninguém gostar de mim, tinha uma professora anja que faleceu um mês antes da formatura citada, tinha pago pra eu participar.

Ela sempre dizia que eu tinha futuro, sempre tirava as melhores notas, enfim meus olhos se enchem d'água só de lembrar. Faltando dois dias para minha formatura, veio um advogado até o cubiculo que eu alugava, uma espécie de kitnet, quarto/banheiro e me entregou um envelope com uma carta.

"Bom dia minha querida. Lembra da minha teoria né?

Durante as 24 horas do dia, você pode dizer bom dia.

Eu conheço seu sonho, e gostaria de patrocinar parte dele mesmo sabendo que não vou ver ele realizado.

Anne de todos os alunos que tive durante a minha carreira, você sempre me chamou a atenção, por sua docilidade, educação, esforço e mais ainda por sua garra. Você põe amor em suas palavras mesmo seus olhos sendo vazios. Eu não tenho muito querida, mas o pouco que tenho na poupança é todo seu.Viva sua vida e esqueça o passado.

Abração da tia Fã."

Eu ainda tenho a carta, no banco tinha um pouco mais de $50 mil reais, provavelmente a economia da vida toda dela. Iniciei com a oficina para ter retorno imediato, porque gastei apenas com ferramentas. O restante, fui comprando peças, no fim o meu quarto sala só tinha um sofá pra dormir ja que até a cama tinha peças para vender.

A minha primeira autopeças estava falindo quando comprei, então investi pesado abaixando primeiramente os preços, tendo sempre Max como braço direito. E então quando começou meu sucesso, as ameaças começaram a chegar com mais frequência, más nunca tive tanto por quem lutar quanto tenho agora. Antes eu nunca tinha dado importância.

Sai da mminha sala, quando uma movimentação na sala do Max me chama atenção. Ao quê parecia ele e sua secretaria estavam discutindo.

Você é um frouxo idiota Max, você prometeu me ajudar e até agora nada aconteceu.

— Tenha calma Lia.

Eu não tenho calma porra nenhuma seu babaca.

Nunca engoli Liliana, mas Max sempre dizia que ela era profissional e etc. Entrei na sala e enquanto Max assumia um semblante assustado, Liliana mantia um sorriso debochado.

— Liliana na minha sala agora.

Ela audaciosamente levanta os dedos do meio para Max.

— JP E Max voces também. Serão testemunhas.

JP sem dizer uma palavra sem saber o porque percebia que eu estava por um fio.

— Liliana, no seu contrato eu tenho certeza que em letras garrafais falava sobre respeito principalmente ao seu superior. Estou errada?

Não senhora.

— Pois bem, quando fez a aposta com Max preferi entender como uma brincadeira sem pe nem cabeça e deixei passar, mas desrespeito na minha empresa eu nao aceito. — Você como uma secretaria da diretoria deveria dar o exemplo. E por esse motivo e também falta de rendimento, você está demitida.

Liliana riu histericamente, como se eu falasse grego.

Sério Anne? E esse aí?

— Você deveria se preocupar com sua vida Liliana.

Você também é idiota, uma imbecil , um nada. Você pensa que só porque veste roupas de grife e carros de luxo muda a imundície que voce é? Eu sempre te odiei.

— Liliana saia nesse momento e passe no RH, antes perca também seus direitos.

Ela mostra os dedos do meio para mim também enquanto sai rebolando.

Posso te ajudar Anne? _Indaga Max.

— Saindo daqui por favor.

Assim que Max vira as costas, JP vem ao meu encontro me abraçando.

Ei pequena fica assim não. Tudo que ela disse e mentira.

Chorei nos braços de JP como se nao houvesse amanhã.

— Maria cancele os compromissos de hoje e amanhã. So volto na segunda. Boa tarde.

Mas Anne???

— Segunda Maria, hoje não tenho cabeça para mais nada.

Fomos para minha casa e entramos na banheira. JP respeitava o meu silêncio massageando meus ombros e depois me virou de frente para ele massageando meus pés. Senti JP esvaziando a banheira e me secando. Senti minha cama macia, seu corpo afundando ao meu lado e sua conchinha me levando ao sono profundo.

"— Por favor de novo não."

Eu mais uma vez em quase dois anos implorava para meu padrasto parar, mas era o que ele queria, então escuto o grito de mamãe.

"— Sua vagabunda.. Roubando meu homem de mim?? Por isso tenho ódio de você sua cadela imunda."

Meu padrasto me empurrou e foi até ela ainda com o pau pra fora.

"— Abelhinha.. Ela me obrigou eu te amo."

Cega de raiva, peguei um vaso que tinha ao lado da mesa e quebrei em sua cabeça, pegando um pedaço maior e ficando em sua costas já desmaiada.

"— Morre por favor.. Morre."

Com as mãos ensaguentadas, vou até mamãe que me expulsa de casa sem ao menos ouvir minha versão.

"— Para mamãe não faz isso não"

"— Para mamãe.. Por favor.. Alguém me ajuda? Socorro."

Acordo chorando e JP me abraça.

— Ei pequena o que houve?

(Completo) SINAL VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora