ATITUDES - POR ANNE
"Nem todos os sentimentos que habita em VOCE são bons, então cabe a você guardar bem escondido os sentimentos que não convém dentro de uma caixinha."
Eu já senti na vida, muita raiva, mas nada se comparou a que senti quando li o bilhete. Fui direto para o escritório, porque agora eu ia caçar. Pode me xingar, me bater, me prive de água, comida pode até me matar se quiser, MAS NÃO MEXA COM MEUS FILHOS.
Eu sabia que uma hora Liliana ia voltar a dar as caras, mas usou Antonella porque sabia que daria meu rim se fosse preciso para proteger meus filhos.
— Anne meu amor, não vamos agir precipitados.
— São os nossos filhos.
— Eu sei, mais vamos pensar num jeito, porque eles precisam do pai e da mãe vivos e bem.
— E o que você sugere?
— Primeiro que nós devemos chamar Antonella e perguntamos a ela o que aconteceu. Segundo vamos à escola e narramos o acontecido para que tomem mais precauções em relação a isso. E por último, vamos procurar localizá-lo. Esperar dessa vez, não é uma opção.
Respirei até 1.050, andei pelo cômodo e nada me acalmava, até que JP me abrigou em seus braços e seu perfume embriagou minhas narinas e um beijo que me fez esquecer a escuridão que sempre acabo trazendo para minha família.
— Ok. Já pode chamar Antonella.
JP saiu e fiquei perdida em pensamentos. Antonella deve estar pensando que fez algo errado e que vou recriminá-la. Preciso apenas terminar de montar esse quebra cabeça e atear fogo nele.
Minha bebê entra no colo do pai, enquanto Arthur disfarçadamente segue atrás como se nada tivesse acontecendo. Eu não sou o bicho papão, mas talvez estejam pensando isso nesse momento. Raramente entram no escritório, a não ser quando fazem algo realmente errado e eu sempre estou atrás da mesa e JP em pé atrás de mim, como se concordasse com todas as minhas palavras. Hoje, estou atrás da mesa sozinha, enquanto JP esta com Antonella no colo e Arthur atrás.
— Antonella, filha. Antes que pense que fez algo errado, gostaria que soubesse que mamãe ama vocês demais, são as minhas preciosidades e não gostaria de perdê-los por nada. Eu não estou brava com nenhum de vocês.
Respirei fundo tentando entender qual melhor vocabulário usar para que ela compreenda e siga meu conselho. Nesse momento me sinto sozinha nessa missão e as poucas forças estão começando a ruir.
— Como vocês sabem, papai e mamãe são pessoas muito importantes aqui na cidade, por causa das lojas e oficinas. Como na história das princesas e príncipes sempre tem alguém malvado tentando tirar algo de importante dos mocinhos. Aquele bilhete que te entregaram minha filha, era uma pessoa muita má que não gosta da mamãe e quer tirar vocês da gente. Eu não fiquei brava com você e nem com seu irmão, só estava tentando pensar em um jeito de proteger vocês, enquanto levam uma vida social normal. JP estava atento a todas as minhas palavras e tom de voz.
— Conta para mamãe como aconteceu hoje, sobre o bilhete que você recebeu.
Eu vi a mãozinha de Arthur por baixo do braço de JP alcançando a mãozinha de Antonella para dar coragem e apoio a irmã e isso cortou meu coração. Antonella respirou fundo e começou.
— Bem, teve uma vez que a gente que a gente estava no parquinho e ela veio conversar comigo, ai eu deixei ela me dar um abraço, porque ela tava chorando. Só que ela sumiu. Quando foi ontem ela disse que te conhecia e era para te entregar o papel. E só foi isso mamãe. Me perdoa mamãe.
Antonella voltou a chorar e veio para meu colo. E só parou quando dormiu. Tirei meu salto e fui colocá-la na cama, enquanto JP colocava Arthur. JP encheu a banheira enquanto tirava um pijama pra dormir. Sempre que eu estou triste, esse ritual se repete.
∞∞∞∞
Na quarta daquela semana, comecei meu plano, espero que infalível. Estacionava uma moto Cg150 a uma pequena distância da van escolar das crianças e observava o movimento. Pelo capacete, não dava para ver que era eu. Isso repetiu por uma semana até que eu vejo a cabeleira loira de Liliana passando por mim. Minha vontade era de arrastar a cara dela no asfalto. Mas me contive. Liliana foi até a van escolar e vi Antonella, fechar a cara e dizer, pela leitura labial que não queria papo.
Liliana fechou as mãos em punhos e seu rosto ficou vermelho de raiva.
Voltou pelo mesmo caminho passando por mim novamente. Quando alcançou a esquina, desci da moto e fui na direção dela. Vamos ver com quantos paus se faz uma canoa.
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(Completo) SINAL VERMELHO
Short StoryQual lição de moral um semáforo pode te trazer?? O sinal vermelho diz claramente que se deve parar, indica algo proibido, mas multas de trânsito e acidentes comprovam que nem todoseguem a risca o que o sinal vermelho pede. Ela está no final de um di...