O SINAL VERMELHO ATÉ TENTOU AVISAR
Olhei bem para o estranho ao meu lado e, de repente ele me pareceu muito igual ao bartender que me atendeu na balada na madrugada de sábado. E então sussurrei um..
— Anne.
Eu não sei se a realidade de já ter visto aquele cara antes que me deixou muda, ou o fato de ouvir dele um não. Após um silencio nada confortável, fiz a pergunta óbvia de deveria ter saído após o meu nome.
— E o seu?
— João Pedro. Olha se sua intenção é me sequestrar saiba que não tem a opção resgate. E outra, ainda tenho que ir pra faculdade.
Eu tinha muitas perguntas a fazer a ele, mas eu precisava ser rápida já que ele demonstrou ter pressa.
— Bem João Pedro, como seu tempo é curto eu vou ser breve. No sábado vai ter um baile da empresa e eu precisoque vá comigo.
— Você está louca? _Ele assumiu um tom vermelho vivo no rosto como se realmente acreditasse que eu fosse louca. — Como você para um desconhecido na rua assim e faz uma pergunta dessas? Eu não te conheço, VOCÊ... _Ele dizia alterado apontando pra mim. — Também não me conhece.
Com uma calma que parece ter saído do além, eu tentei convencê-lo.
— Sabe o que é? Meu "amigo" _Fiz aspas com os dedos. — Fez uma aposta com sua secretaria que eu não conseguiria um acompanhante e que não iria a esse baile, e eu ouvi a conversa por acaso.
— E o que tudo isso tem a ver comigo? Eu só estava trabalhando como faço todos os dias.
— Então, eu prometi que a primeira pessoa que aparecesse na minha frente eu levaria a esse maldito baile, o qual não gostaria de ir e que só vou por causa do discurso.
— E eu fui a primeira pessoa é isso? Aposto que você não olhou no retrovisor com medo de se ver no espelho ou avistar um cachorrinho e ter que levá-lo.
— Para de sarcasmo, estou falando sério. Ajuda-me que eu faço o que você quiser.
— Preciso pensar ok?
— Ok, agora me diz onde é sua faculdade que te deixo lá.
— Não é necessário.
Travei o carro e usei meu melhor olhar mal.
— Onde é sua faculdade, ou sua casa que te deixo lá. Isso não está em discussão aqui. _Afirmei apontando o espaço entre nós dois.
— Na Unip, mas tenho que ir a minha casa trocar de roupa primeiro.
Levei-o ate uma casa humilde, e fiquei aguardando já que não fui convidada a entrar. Notei uma senhora, olhando escondido na janela, enquanto provavelmente João tomava banho.
João Pedro, apesar de esquentadinho, é muito educado, procura medir suas palavras e, faz faculdade de engenharia mecânica... Já amo né?
Brincadeira
Enquanto aguardava João Pedro, eu ouvi musica, escutei '7 Years' de Lucas Graham que conta um pouco sobre mim, mas acontece que de uma forma ou de outra acabei sozinha do mesmo jeito. Depois de '7 Years', tocou 'Trem Bala' da Ana Vilela e mesmo sabendo que tudo passa rápido demais, às vezes é necessário esquecer aquele abraço que foi deixado de dar, porque não tenho meus pais para me pegar no colo e, antes mesmo que a música chegasse ao auge de seu refrão, pulei pra próxima e '93 Millions Miles' de Jason Mars e sim, eu tive uma vontade louca de jogar meu pendrive fora.
Escutei dois toques na janela do passageiro e ele estava lindo demais, com seu jeito sempre perfeito. Calça Jeans vermelho vinho e camisa estilo social colada ao corpo de manga curta e então vi a sua tatuagem. Ele se acomodou em seu lugar e sorriu vergonhoso.
— Acho que já podemos ir né?
Nesse momento, tenho certeza que meu rosto assumiu um tom de vermelho escarlate. Liguei o painel, dei seta, dei partida no carro e sai devagar enquanto tomava coragem de falar com ele.
— Você trabalha como bartender?
— Por quê?
— Se você não trabalha com certeza tem um irmão gêmeo.
— Sou filho único.
— Sorte a sua... _Sussurrei bem baixinho e liguei o som novamente.
— Coloca o endereço ai no GPS, por favor,
Após ele colocar o endereço, ficamos calados.
— Era eu sim tá?
— Você não queria me falar?
— Não é isso. Você do nada chega em minha vida, me levando na faculdade como se fôssemos velhos conhecidos como uma proposta no mínimo indecente, querendo saber onde moro, onde estudo, sabe dos meus dois serviços e de você só tenho seu nome e que dirige bem pra caramba e só escuta musicas tristes.
— Shiu, a próxima é minha preferida.
Amor para recomeçar (Frejat)
"Eu te desejo não parar tão cedo
Pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante
Que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom
Mas que rir de tudo é desespero"
Enquanto a música ia tocando, eu ia cantando, desafinada eu sei. João Pedro sorria timidamente diante a minha performance. Há muitos anos não me sinto tão bem, como estou com ele. De repente sou só uma garota curtindo a música com um garoto, sorrindo como se nada mais importasse.
Chegamos a Faculdade e João Pedro ficou nervoso. Ele fixou seus olhos verdes nos meus castanhos, desceu do carro e muito envergonhado, coçou a lateral da sua testa e tirou algo da mochila.
— Olha minha mãe mandou te entregar, não precisa pegar senão quiser, ela só queria que eu agradecesse _Ele deu uma pausa, respirou fundo e continuou. — Você sabe, pela carona e pela gorjeta.
— É óbvio que eu aceito e diga a ela que devolverei o Tupperware.
Observei ele caminhando, de um jeito clássico e calculado. João Pedro tem aproximadamente 1,75 m de estatura pelo que pude perceber um corpo malhado, humilde e um excelente amigo.
Espero sinceramente que ele aceite minha proposta. Eu não queria sair do carro e o pior que esqueci de pedir o numero dele. Eu sei que tem coisas que deve partir do homem, mas eu que estou interessada que ele aceite meu pedido certo? E se o destino nos fez encontrar duas vezes pode dar o jeito em uma terceira.
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(Completo) SINAL VERMELHO
Short StoryQual lição de moral um semáforo pode te trazer?? O sinal vermelho diz claramente que se deve parar, indica algo proibido, mas multas de trânsito e acidentes comprovam que nem todoseguem a risca o que o sinal vermelho pede. Ela está no final de um di...