[P O V P A R K J I M I N] - Quase um mês depois
Dizer que eu sentia os nervos à flor da pele era pouco.
Dizer que entraria em colapso era pouco.
Dizer que ultimamente era um martírio respirar era pouco.
Tudo era pouco, porque nada chegava.
Nada chegava para cessar a minha sede de terminar com aquela palhaçada.
Ouça... Estava doendo um pouco.
E, naquele momento, o mais distante que o meu olhar alcançava, era a espera infinita por Yang Mi, que estava demorando demais para deixar a escolinha. Não tinha problema, porque a minha vontade de voltar para casa também era pouca.
Mas já muitas crianças tinham saído, e apenas em e uns quantos pais estávamos ali.
E eu já tinha aprendido a lidar com o facto que dali a três dias eu estaria casado, sem volta, com Taemin para a minha vida toda, mas estava tudo bem, porque nós éramos os pais de Yang Mi e ela seria uma garotinha feliz, se tudo dependesse de mim.
''Jimin.''
E eu senti o toque leve no meu cotovelo, que ainda estava coberto pela camisa do trabalho, mas o que me arrepiou não foi o toque, foi o som, a voz, o tom, todo o momento. Eu girei, muito pouco, quase sem controle, não querendo encarar o meu maior medo naquele momento.
Mas ali estava ele, elegante como tudo, erguendo o canto do lábio num sorriso forçado, com um boné preto sobre os cabelos, cobrindo um pouco do seu rosto com os cabelos escapando. As suas roupas não eram as costumeiras, tudo era mais escuro. Porque Jungkook vestia calças pretas, e ténis também, e a tshirt era da mesma cor, a camisa aberta e dobrada até aos cotovelos estava na mesma categoria.
E eu não podia sorrir, não podia nada.
O meu olhar foi para trás de mim, verificando que Yang Mi não estava por perto, me virando então para ele.
''O que está fazendo aqui?'' Eu uni as sobrancelhas, sussurrei, porque o mundo não nos podia ver, e eu entendia o porquê do seu disfarce. ''O que pensa que está fazendo aqui, Jungkook?'' Eu insisti, em sussurros gritantes, sempre com olho na saída da escola.
''Eu preciso de falar com você.'' Ele disse-me, com o tom calmo, as mãos nos bolsos traseiros das jeans escuras, e eu ergui uma sobrancelha.
''Endoidou?'' Eu perguntei, completamente confuso, porque tínhamos chegado a um acordo da última vez. ''A minha filha vai aparecer a qualquer momento, por favor vá embora.'' Eu pedi, desesperado.
''Eu preciso de conversar com você, Jimin.'' Ele voltou a dizer, sem sinal de cedência. ''É só um pouco de tempo.''
''Eu estou com a minha filha, Jung-''
''Papai!''
Eu girei o corpo, completamente em reflexo, baixando-me até o chão e acolhendo a garota, que corria, em meus braços, abraçando-a pela cintura e sorrindo-lhe, ajeitando-lhe os cabelos.
''Hoje eu aprendi as síbalas!'' Ela exclamou, contente demais e eu gargalhei, sabendo que Jungkook não tinha ido.
''Sílabas, Yang.'' Eu corrigi, voltando a abraçá-la, mas o seu olhar estava voando para trás de mim, e eu, sem outra saída, apenas subi em meus pés, levando-a no colo. ''Este senhor trabalha comigo.'' Eu disse-lhe, e ela sorriu com os dentes, observando o maior.
''Prazer, senhorita Park.'' Jungkook brincou, fazendo-lhe uma vénia, segurando a sua mão em seguida, beijando-a e ficando direito de novo. ''É uma princesa muito bonita.'' Ela acrescentou, recebendo a risada de volta dela, que estava batendo palmas.
''Eu gosto do seu chapéu, senhor...''
''Jungkook.'' Ele respondeu-a, um sorriso em lábios, e as suas mãos subindo, tirando o chapéu e e pousando-o nos cabelos dela. ''Você pode ficar com ele.'' Ele largou o item, ajeitando os cabelos em seguida, e antes que eu soubesse eu estava sorrindo.
E o chapéu acabou caindo para a cara dela, largo demais, e Jungkook apressou-se a ajeitá-lo, apertando-o na parte de trás, desculpando-se, ficando perto de mim.
Daquela vez estava nas minhas mãos, e tudo me dizia para eu chutar Jungkook dali, e seria fácil, agora com Yang Mi, mas era tudo, e eu precisava de alguma coisa.
Não haveria uma desculpa plausível, entende?
''Você gostaria de ir no parque, Yang?'' Eu perguntei-lhe, com um sorriso meio torto, pousando-a no chão, olhando Jungkook, para que ele entendesse.
Ela acenou, insistente.
"E Jungguk virá connosco?" Ela perguntou, sorrindo ao maior.
"Sim, nós precisamos falar sobre trabalho." Eu disse, olhando-o, fazendo-o entender que seria daquele jeito ou de nenhum, mas ele não pareceu importado.
"Vem!" Ela guinchou rapidamente, segurando a mão dele e o puxando. "Qual seu brinquedo preferido?"
Eu neguei a mim mesmo, porque aquilo era culpa minha, no entanto, Jungkook estava segurando a sua mão, sorrindo-lhe e caminhando com ela.
"Eu gosto do escorregão e você?"
"Eu gosto do baloiço!" Exclamou ela, feliz sobre aquilo. "Papai me empurra alto, muito alto! Alto assim!" Ela apressou-se a esticar o braço, mas Jungkook riu, pegando-a de surpresa e esticando o seu braço para cima.
"Alto assim?" Ele perguntou, todo risonho, todo bobo, parando então para me olhar, perceber porque eu não estava com eles.
É, eu era o cara estático na rua, encarando aqueles dois, enquanto a minha filha ajeitava o chapéu do Jeon nos cabelos e Jungkook me sorria, tentando de algum modo reconfortar-me.
Você não faria igual?
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It Ain't My Fault [jikook/kookmin]
Fanfiction[C O N C L U Í D A] Ao conhecer Jeon Jungkook, Park Jimin não esperou que apenas uma hora depois ele já não fosse mais o mesmo, passando de um bom marido a um traidor.