(33) can u walk

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[P O V   P A R K  J I M I N]

14 Horas Para O Casamento

Quando o tempo se torna precioso para você... você começa a valorizá-lo. 

Faltavam catorze horas para o momento final. 

Quando o tempo se torna a sua saída... você começa a contabilizá-lo. 

Faltavam oitocentos e quarenta minutos para aquele momento. 

Quando o tempo começa a ser tudo o que você tem... você começa a desesperar. 

Faltavam cinquenta mil e quatrocentos segundos para o momento. 

E o telemóvel vibrou entre os meus dedos, mesmo que eu não me lembrasse porquê que ele estava ali, ou de como eu tinha vindo parar à cama, e era de madrugada... 

Eu levantei o aparelho em frente do meu rosto, antes de a luz me atingir, o meu dedo já deslizava pelo ecrã, sem realmente fazer alguma coisa. E eu arregalei o olhar, fiquei de pé, vendo Taemin mais quieto do que nunca, saindo do quarto, fechando a porta e finalmente atendendo a ligação.

''Jimin?''

Era muito ruim... Tão ruim. Quem você se tornou, Park Jimin? 

CInquenta mil e trezentos e oitenta e cinco segundos. 

''Oi.'' Eu murmurei, olhando a sala escura, com planos por todo o lado, flores perdidas, tudo. 

''Você pode andar?''

''Andar?'' Eu ri baixinho, porque aquele homem era realmente o mais ruim. Me deixava ruim! 

''Sim, andar, Jimin. Eu estou chegando.'' Ele parecia um pouco chateado, e eu suspirei. 

''Passa das duas da manhã, Jungkook. Você está ciente disso?'' 

''O que estava fazendo acordado?'' 

''Não estava acordado.'' Menti, com a telemóvel contra a orelha, enquanto baixava o corpo, sentado no sofá, buscando os meus ténis e enfiando-os nos pés. ''Me acordou.'' 

''Você pode andar?'' Ele voltou a perguntar, e eu podia ouvir o sinal de pisca do seu carro no fundo. 

''Desde que eu me lembro.'' Disse-lhe, brincalhão. 

''Pelo menos desde a última vez que eu fodi você, não é?'' 

Eu arregalei o olhar, deixando o celular cair contra a almofada do sofá, logo o pegando, atrapalhado. 

''O que você disse?'' Voltei a perguntar, engolindo em seco, apertando os cordões, mesmo que eu estivesse com umas calças moletom vestidas e uma tshirt fina e quase transparente. 

''Saia de casa e ande.'' Ele disse por fim, um segundo antes de desligar a chamada. 

E era menos um segundo. 

Cinquenta mil e duzentos e oitenta e nove segundos. 

No entanto, estúpido como eu era, porque você sabe que eu sou, eu me dirigi para a saída, onde vi a saca de guloseimas largada por Yang Mi ali, pegando-a, junto com a chave de casa, e saindo em silêncio. 

Chegar à calçada foi simples, o díficil foi escolher para que lado ir. 

Pela direita, só para que talvez algo desse certo na minha vida, eu comecei a caminhar, um pouco com frio, mas não interessava realmente, enfiando a minha mão pelo saco comprido de guloseimas, roubando os doces da minha filha, como o bom pai que era, enfiando-os nos meus lábios à pressa. 

E, quando eu ouvi um carro no final da rua, atrás de mim, eu sabia que era Jeon Jungkook, mas eu não olhei, continuando o meu caminho, sempre em frente, espreitando através dos cabelos pelas casas ao meu lado, com todas as luzes apagadas, enquanto eu enfiava pequenos ursinhos pela goela abaixo. 

Jungkook parou ao meu lado, saiu do carro, deixando os faróis baixos, até deixou a porta do carro aberta, vindo até mim, fazendo-me virar e segurando as minhas mãos. E eu sorri. 

Jeon Jungkook tinha vindo por mim! 

Me dê um desconto, dessa vez, só dessa vez... É a última vez que estou pedindo. 

Quantos minutos eu tinha andado? 

Dois? Três? Cinco? 

Quarenta e nove mil e novecentos e noventa e nove segundos. 

E eu acho que um olhar em mim bastou, porque enquanto esfregava os meus braços nus, Jungkook largou depois as minhas mãos, puxando-me contra o seu peito, onde me deixei ser abraçado, mesmo sem o retribuir, com a saquinha de doces entre nós. 

''Eu não posso ficar aqui.'' Eu murmurei, ajeitando a minha cara contra a curva do seu pescoço, aquecida, tão quentinha... 

Você é tão quentinho, Jeon Jungkook... 

Ele me largou com rapidez, e eu o encarei, assustado, mas depois ele se esticou, porque estavamos perto do seu carro, puxando a porta, deixando-a aberta e esperando a minha entrada. E, um pouco encolhido, enquanto puxava a tshirt pelos ombros, eu entrei, fechando a porta de imediato, vendo Jungkook correr para dentro, girar o controlador do ar condicionado para ainda mais quente do que já estava ali. 

E a sua mão segurou a minha, em cima da minha coxa, e ele não disse nada, eu ainda não tinha ouvido a voz dele! 

Eu apertei os seus dedos contra os meus, mesmo que aquilo fosse a coisa mais errada. 

Porque segundos atrás, aqueles tão valiosos, enquanto eu mastigava algo doce, eu pensava em como aquele era o ponto do rídiculo, porque eu já era um traidor que não merecia respeito, mas ali eu passava apenas a ser uma pessoa desiludida consigo mesma, onde não via um futuro brilhante como vira durante todos aqueles segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, em que vivera a melhor juventude da sua vida. 

Não havia nada para mim agora, mas não fazia mal. 

Jungkook conduziu por um tempo, para longe, e parecia não haver luzes nas ruas, mas não para longe o suficiente que não desse tempo para voltar antes de Taemin acordar. 

''Quantas vezes você me beijará?'' Ele perguntou, e pelo menos ele sabia que era a última vez. 

E eu sorri de canto, percebendo como tinhamos parado, como o carro estava desligado e estacionado em frente de um café 24h, que estava vazio e onde o atendente se debruçava sobre o balcão, aborrecido, jogando qualquer coisa no seu celular. 

''Quantas vezes der em quarenta e nove mil segundos.'' 

[C O N T I N U A]

It Ain't My Fault [jikook/kookmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora