(58) someone more than someone

7.5K 1.1K 218
                                    

[P O V   P A R K  J I M I N]

"Porque você está acordado?"

Eu o olhei de relance, assustado, mas demasiado cansado para o demonstrar, desencostando-me do balcão e o olhando, uma caneca de café em mãos.

"Para levar Yang Mi." Eu disse, com o tom sério, sem me deixar cair pelo olhar doce dele. "Porque eu estou farto que você leve ela de manhã, como se fosse normal. Acabou."

"Você quem me disse que a filha era nossa, que não era apenas sua responsabilidade." Ele comentou, descontraído, como se não soubesse que fosse ser gerada toda uma discussão, mas eu apenas bufei. "Não foi?" Ele insistiu, se movendo pela cozinha e servindo café para si.

"Você é tão estúpido." Eu atirei, infantil, vendo-o olhar para mim indignado enquanto eu pousava a caneca meia cheia no balcão. "Eu estou tentando não fazer esse tipo de coisa. Não esqueça que é uma criança, Taemin."

"Não esqueça que está nos levando para baixo, Jimin." Ripostou, mas ao invés de ficar surpreso eu apenas concordei com a cabeça.

E depois daquilo eu saí, vendo como Yang Mi estava se saindo no quarto, porque ultimamente ela nos pedia para escolhermos a roupa dela, mas ela mesma a vestiria.

Eu fiquei encantado quando abri a porta do seu quarto e a vi empoleirada sobre um móvel, tentando ver no espelho qual a melhor maneira de colocar um gancho na sua franja alinhada.

"Vem, Yang Mi." Eu a chamei e ao me ver ela desceu do banquinho e veio até a mim, me entregando o gancho e deixando-me colocá-lo.

E eu sorri-lhe, porque eu não tinha realmente jeito para aquilo, mas pelo menos já não era tão ruim quanto quando ela chegara aos meus braços e de Taemin, com alguns cabelos já chegando em suas orelhas, precisando ser presos e sem nenhum de nós tendo habilidade para tal. 

Ela sorriu-me, pegando a sua mochila pequena ao lado da porta, enfiando-a pelos braços e me olhando, esperando. 

''Vai dar um beijo ao papai.'' Eu disse-lhe e ela concordou, acenando e saindo dali, com cada uma das mãos segurando as alças da mochilinha e seguindo para a sala. 

E, infelizmente, depois disso, o tempo correu rápido no caminho até à escola dela, com a mesma falando de como tinha realmente gostado da noite anterior, que Hoseok era um tio bastante legal, e eu não pensei sequer em corrigi-la, porque ela já o chamava assim há tanto tempo. 

Mas foi depois de a deixar que o meu coração realmente ferveu, porque pelo carro soava o som de ligação vindo, com o Bluetooth ligado ao rádio, mostrando o número da minha mãe no ecrã. 

E eu suspirei, porque não falava com ela desde que havia chegado, mesmo que ela já me tivesse ligado antes, mas ou eu não havia atendido ou tinha mentido e dito que não podia falar naquele momento. 

Mas, daquela vez, eu apenas toquei o ecrã sobre o símbolo verde, respirando fundo. 

''Bom dia.'' Eu acabei dizendo, para que ela entendesse que eu tinha atendido, e também porque era cedo da manhã. 

''Boa dia, Jimin.'' Ela disse-me, o tom severo, mesmo que não fosse costume dela. ''Você quer ir tomar café da manhã? Nós precisamos conversar.'' 

''Eu acabei de deixar Yang Mi.'' Eu disse, e pelo menos daquela vez não era uma desculpa. ''Estou indo para o trabalho, se puder falar pelo celular...'' 

''Taemin não levou ela?'' 

Eu estreitei o olhar, confuso, parando no semáforo. 

''O quê?'' Eu perguntei, de modo a que ela repetisse. 

''Não é Taemin quem tem levado ela?'' 

''Como você sabe isso?'' Eu questionei, surpreso por ela ter aquela informação. 

''Como você acha?'' Ela perguntou-me, irónica. ''Taemin tem falado comigo, ao contrário de você.'' 

''Taemin o quê?'' 

''Jimin, dê um desconto para ele.'' Ela disse, mais meiga de repente. ''Ela está preocupado, muito triste sobre a forma como você o tem tratado, amor. O que vem acontecendo?''

''Mãe, lamento, mas você não sabe como as coisas tem ido entre nós.'' Eu neguei com a cabeça, sem me acreditar que Taemin tinha tido aquela ousadia, me dando vontade de correr para casa e lhe perguntar que merda ele pensa que está fazendo, envolvendo a minha mãe nas coisas entre nós. 

''Sei, Jimin!'' Ela exclamou, segura, e eu revirei o olhar. Claro que ela sabia, ela sabia a versão de Taemin. ''Ele me contou, e eu não estou defendendo ninguém, mas talvez você possa pegar mais leve com ele. Isso de discutir com ele por tudo e por nada não é correto, querido.'' 

''Mãe, eu estou desligando.'' Eu avisei, tirando o cinto de segurança, olhando o meu próprio local de trabalho com desdém. 

''Espere!'' Ela pediu e eu me segurei, pegando as minhas coisas no banco do lado, uma bolsa preta pequena, o celular, com a chamada aberta. ''Jimin, eu sei que provavelmente isso é apenas o lado de Taemin, mas você não tem me deixado saber o seu.'' Disse-me, calma, quase chorosa. 

''Mãe, eu preciso realmente ir trabalhar.'' 

''Jimin...'' Murmurou e eu acabei rolando os olhos, não sobre ela, mas sobre como Taemin estava levando aquilo. ''Eu te amo, muito.'' 

''Eu também.'' Resmunguei, levando a mão à chave conectada na ignição, que ainda permitia a chamada transmitir-se através do rádio. ''Te amo.'' Disse por fim, girando a chave e a puxando, logo saindo do carro e o trancando. 

Era impossível que Taemin estivesse fazendo uma coisa daquelas, tão imaturo, tão jogo sujo. 

E eu estava com raiva, provavelmente ia passar o resto do dia desse modo, porque aquilo começava a ser uma coisa muito injusta, começava sendo muita coisa pesando na minha cabeça, muita culpa, muita raiva, muitos sentimentos misturados. 

Então eu adentrei a empresa com passos rápidos, querendo chegar ao meu escritório e poder pensar um pouco melhor sobre aquilo tudo, porque era necessário realmente tomar uma atitude, eu só não sabia qual. 

''Jimin!'' Seokjin me chamou, vindo de um corredor lateral, e eu o olhei, continuando a caminhar com ele do meu lado. ''Voc-''

''Jin, por favor.'' Eu murmurei, com tanta raiva que o que quer que fosse que ele me fosse perguntar eu iria responder torto, afastando os meus cabelos para trás. ''Pode ficar para depois?'' Eu questionei, e ele ainda era o meu patrão, mas eu sabia que ele iria compreender, porque pelo seu olhar sobre mim via-se que era notável. 

Ele não me respondeu, um pouco perplexo, quase parecendo arrependido, mas eu então eu lhe dei um sorriso todo torto e forçado, abrindo a minha porta do escritório e vendo-o ficar do lado de fora. 

A verdade é que eu não poderia manter qualquer tipo de conversa com alguém naquele momento, porque era impossível para mim guardar pensamentos, guardar um assunto para mais tarde, porque as coisas ficavam simplesmente vindo na minha cabeça, como bombas e bombas chegando, acompanhado de granadas, que uma pessoa normal apelidaria de questões, porque eu estava cheio delas. 

E era minha intenção não correr o risco com ninguém, porque eu também me conhecia em outros pontos, que me diziam que provavelmente eu iria entrar em combustão e soltar toda a pressão em lágrimas, que no final nem de alivio serviriam. 

Então não era para eu estar com alguém, quem quer que fosse, até eu perceber que tinha alguém bem mais do que alguém encostado na minha mesa. 

It Ain't My Fault [jikook/kookmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora