Capítulo 8

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Capítulo 8, Archie.

Durma bem? Ela achava mesmo que tinha me deixado melhor?

Poderia ter tentado, mas me sinto pior quando vai embora do que antes de ter chegado. Ela não podia ser normal, sempre soube...

A conheço desde os meus treze anos, mesmo duvidando muito que ela se lembre. A família Morgenstern deu um jantar para a gente e como nossos pais passaram horas em escritórios, acabei ficando sozinho com suas duas filhas — tanto meus irmãos quanto Rafaela não estavam, eram bebês na época.

Nice foi quem, realmente, me fez companhia, pois Alexis só sabia reclamar do vestido e perturbar uma das criadas por não deixá-la ir ao jardim. Foi quando comecei a dar atenção para aquela garota extremamente... chata!

Tinha um pouco de raiva por ela ser tão complicada, mas achava legal que fosse mais parecida com os meus amigos do que com as outras meninas. Nice, não chegava a ser do tipo "insuportável"— como meus primos apelidavam —, no entanto era exatamente como todos esperavam.

Passamos um final de semana inteiro na casa deles e se troquei mais do que uma dúzia de palavras com Alexis foi muito. Até tentei me aproximar — ela tinha atividades mais empolgantes do que as que tentavam me proporcionar —, só que ela nunca parava para me responder ou parecia ter escutado o que eu disse. O mundo dela era muito mais interessante do que as pessoas ao seu redor.

Então, anos depois, nos encontramos novamente — eu tinha ideia de para que serviria a visita, já ela não — e foi para pedir a mão de sua irmã em casamento. Cheguei até a pensar em negociar com nossos pais sobre o acordo, afinal ela também era uma das filhas. Porém, logo desisti.

Além de que não se compararia um casamento com a primeira na linha de sucessão do que com a segunda, preferia ficar noivo da que conseguia manter os olhos em mim ao invés de me esnobar. Podia até correr o risco de levar um "não".

E agora eu estava aqui, certo de que ela era quem eu sempre procurei.

Imagino muito bem o quão difícil deve ser conquistá-la, só que eu me via cada vez mais a fim de conseguir.

Rodo o anel de compromisso em meu anelar — que ela deveria ter botado, mas ninguém ousou em convencê-la fazer isso. Deixemos que a impressa pense que o fez em um momento mais reservado.

Não suporto a agonia crescente dentro de mim e saio quarto a fora. Quero ir atrás dela, mesmo não sendo o certo a ser feito. Vai pensar que não largo do seu pé, perdendo o pouco de consideração que possa ter ganhado por mim.

Termino fazendo o caminho ao seu quarto tentando achar uma desculpa bem convincente. Boa o suficiente para que ainda queira conversar comigo sem ser por causa dos meus problemas pessoais.

Escuto sua voz, quando alcanço o pé da escada. Vinha acompanha de uma outra mais grave e masculina, paro exatamente onde estava.

"Está tudo certo," ele diz.

"Então te encontro às oito em ponto no lugar em que marcamos," ela diz, entusiasmada.

"Como quiser, princesa."

"Agora vá. Não podem encontrar nós dois juntos."

Sinto meu peito pesar, porém não tenho tempo de tirar mais conclusões — além da óbvia. Os passos dele soam e volto a andar, não quero que me encontre escutando sua conversa.

— Vossa Alteza — diz com uma reverência de cabeça ao me ver.

Não consigo dizer nada para ele naquele momento. Era o empregado que derramou molho nela mais cedo. Então esta era a conversa que precisa ter? Ele era o motivo dela não ter dito nada na hora?

A RespostaOnde histórias criam vida. Descubra agora