Capitulo 9, Alexis.
— Dá para ir um pouco mais devagar? — reclamo, após sentir mais respingos de um líquido mal cheiroso batendo na altura da panturrilha.
— Não! — responde de supetão. — Não quero correr o risco de que me peguem aqui.
Estamos em um dos túneis subterrâneos do palácio, andando a mais de vinte minutos. Não sei onde ele vai dar, se tem realmente um fim — o que começa a me parecer possível —, mas é o único que conheço.
O lugar é estreito, úmido e com uma iluminação bem precária. Existem apenas para que em uma invasão, por exemplo, tenhamos como fugir.
— Seremos barrados na estação de trem... — começo.
— Cale a boca — diz, parando bruscamente.
Quase bato de cara nas suas costas, suas palavras me deixam irritada. Além de ninguém nunca ter falado comigo assim, ele tinha sido rude.
— Está achando... — e tampa minha boca.
— Desse jeito vai chamar a atenção de qualquer um — corre os olhos por mim. — Ainda mais do que já está.
Havia cismado com as minhas roupas, mesmo achando um exagero da parte dele. Vestia camisa branca de gola sob sweater azul-celeste, calça jeans preta, sapatilhas e trazia uma mochila de couro.
— Já chegamos — completa, tirando sua mão calosa do meu rosto para abrir uma portinha de ferro velha e enferrujada.
Saímos em uma viela de casas abandonadas e chão de paralelepípedos. Tudo está molhado, tinha acabado de chover, tento me convencer que a água do túnel fosse mais limpa do que imaginei.
— Sabe que lugar é esse?
— Para a sua sorte, sim. Estamos a dois quarteirões da estação de trem.
— Você mora muito longe daqui? — pergunto, ainda tentando acompanhar os passos dele.
— Uma hora de viagem.
Fico satisfeita, saber que estarei tão longe de casa me conforta.
— Temos dinheiro suficiente para as passagens?
— Acha que uma passagem de trem custa quase meio salário-mínimo? — pergunta, assustado.
— Só acho que peguei pouco dinheiro — tento me explicar. — E me lembro que houveram protestos quanto o aumento do valor.
— Seu pai queria aumentar em trinta por cento!
Não falo mais nada, não me parecia uma coisa tão extraordinária quanto tentou fazer ser.
— O que vocês fazem nos finais de semana? Estou empolgado para saber — digo, segurando mais forte as alças da mochila.
Estou quase correndo, já que ele não irá desacelerar até estarmos "seguros" dentro de um vagão.
— Quando tenho sorte, faço alguns bicos.
— Para de tentar estragar a minha alegria, por favor.
Ele sorri, acho que vai continuar com seus discursos desanimadores, porém não.
— Fazemos comida para a Inebria.
— Inebria?
— Todos os sábados, cada família prepara um prato de comida doce ou salgado para comermos no Círculo Principal, uma praça. Começa mais ou menos umas sete horas e vai noite adentro. Meus irmãos não faltam um.
— Nunca deixou de acontecer? — pergunto, supresa.
— Apenas se alguém morrer até três dias antes. Ficamos de luto em respeito a família.
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A Resposta
Teen FictionSinopse - A Resposta: "Após a morte de Nice Morgenstern, Alexis terá que assumir o trono de Paatros no lugar de sua irmã. Porém, essa nunca foi a vida que quis ou se preparou para ter. Com a presença da família Rosenberg em sua casa e o príncipe Arc...