A invisivel encantadora

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"Ela, sempre tímida, tão tímida que eu nunca a notei. Era quase que impossível reparar naquele ser tão pequeno, tão escondido, tão quieto, mas, ainda assim, tão encantadora..."

— Venha à frente Hyuuga Hinata! - pediu a professora, uma mulher loira que usava um belo decote. Tsunade era seu nome, sim, eu me lembro. Claro que tinha que me lembrar, era a segunda esposa de meu avô!
— Tsunade-sensei, quem é Hyuuga Hinata? - perguntei inocente, realmente não sabia quem era ela, mas isso acabou causando uma sequência de risos, deixando a tal Hyuuga constrangida.
— Uzumaki-san, eu sou a Hyuuga Hinata! - sua voz era tímida, quase não pude ouvi-la. Estava vermelha, talvez por conta do constrangimento que eu a fiz passar.
— Desculpe, não queria... - ela estava prestes a chorar, alguém como ela não deveria gostar de ser o centro das atenções.
— Deixa pra lá. - ela me deu um tímido sorriso, um sorriso encantador. Só então analisei bem a garota em minha frente. Ela parecia uma boneca, seu rosto era meigo, bonito, seus olhos tão azuis que mais pareciam cristalinos, e por isso devia ser necessário as grossas lentes dos óculos que usava, sua pele clara e seus cabelos azuis-marinho, trançados de lado, lhe faziam parecer um anjo. Sua roupas eram bem largas, não marcavam nenhuma parte de seu corpo, a deixando ainda mais "invisível" em meio a tantas outras garotas belas e sensuais, tão belas e sensuais que eram repetitivas, talvez seja por isso que ela me chamou a atenção.

"Quem dera eu tivesse reparado nela há mais tempo..."

— Estão dispensados. Hyuuga-chan, sua apresentação foi perfeita! - a agora Tsunade-obaachan elogiou a apresentação brilhante de Hinata, a qual fiz o esforço de prestar atenção. Era o único momento onde aquela menina não era tímida. Ela simplesmente brilhava, causando inveja em muitas alunas medianas.
— Obrigada, Tsunade-sensei. - ela reverenciou educadamente.
— Mais uma vez a nerd sendo a queridinha da professora... - Shion, uma das garotas que mencionei, zombava da frágil Hinata, que apenas recolhia seu material. A Shion, uma loira de olhos violeta, raros por sinal, com seus 1,71m era bem maior para a menina dis cabelos azuis-marinho, a quem intimidava, que parecia medir 1,62m. Pela reação acuada da menor, não deveria ser a primeira vez, apenas não se era notado, afinal, quem se importa com a invisível da sala? Eu me importo!
— Shion, deixa a menina, ela não tem culpa se você é burra! - me intrometi, deixando a loira incrédula, assim como a azulada, que apenas sorriu me agradecendo.
— Desde quando se importa com a invisível? - perguntou com as mãos na cintura.
— Desde quando você começou com essa palhaçada! - retruquei fazendo Shion bufar e sair da sala, não sem antes derrubar os livros de Hinata.
— Onde já se viu, ele vir contra mim por causa dessa aí! - bufou irritada, com tom de superioridade.
— Obrigada, Uzumaki-san! - me agradeceu enquanto pegava seus livros. A sua voz era fraca, baixa, dava trabalho conseguir decifrar suas palavras.
— Deixa eu te ajudar! - me abaixei pegando os pesados livros junto com ela, que sorria, acho que em agradecimento. - Aqui! - lhe entreguei os livros, acidentalmente tocando em suas finas mãos, o que, não sabia porque, a fez corar.
— Obrigada! - saiu apressada, como se fugisse de algo. Ela fugia de duas coisas, uma, como o idiota que sou, só percebi muito depois, mas a segunda, eu descobriria logo em seguida.
— Achou que ia escapar de mim só porque o Naruto-kun te defendeu? - assim que recolhi meus materiais e saí da sala vazia, pude ver Shion junto de duas amigas, Tayuya e Karin, agarrando Hinata pelos cabelos, zombando de si, de sua aparência diferente, de seus óculos, de suas roupas largas...
— Você é ridícula, garota! - Tayuya a insultava dando tapas em sua face.
— Me solta, Shion! - pedia em lágrimas, lágrimas sofridas.
— Olha, ela ta chorando... - debochou a Karin, me dando vergonha de tê-la como irmã. - Solta ela, Shion! - a loira iria jogar a azulada longe pelos cabelos, mas eu não iria deixar isso acontecer.
— Faça isso comigo que sou do seu tamanho! - separei as duas, amparando Hinata que apenas chorava.
— Qual é, nii-san? - protestou minha irmã.
— Cale a boca. Kaa-chan vai ficar sabendo disso, assim como Jiraya-ojii-san! - ao ouvirem o nome de meu avô, diretor da escola, todas correram, com medo da suspensão da qual não poderia correr. - Você está bem? - perguntei à menina que chorava em meu peito - Há quanto tempo isso te acontece?
— D-d-desde q-que estudo nessa s-sala. - o tremor de sua fala, lhe deixava ainda mais delicada. Eu, com meus 1,80m, fazia com que ela desapecesse no meu abraço.
— Porque nunca contou? - perguntei curioso, afinal, ela devia estudar ali pelo menos à um ano.
— P-porque e-elas sempre me ameaçavam e...
— E... - sua pausa era tão constrangedora que tive que estimular sua fala.
— E ninguém se importa! - sim, era a verdade. Eu sequer sabia de sua existência, de sua admirável inteligência ou de seu nome, como esperar que outros a notassem? - Eu sou invisível, Uzumaki-san!
— Não é mais! - a abracei e levei até Jiraya-ojii-san, ou Ero-sennin, como costumo chamar. Como esperado, minha querida irmãzinha usou de ser neta do diretor para intimidar Hinata, mas ele não parece ter ficado contente com isso.
— Isso é um absurdo! Hyuuga-san, você é a melhor aluna de nosso colégio, fico imensamente chateado com isso. Mil desculpas! - só agora pensei no peso que aquilo tinha. Os Hyuuga eram influentes o suficiente para acabar com o colégio que meu avô lutou tanto para conquistar e era tudo o que ele tinha. Minha irmã e aquelas duas podiam acabar com a vida do Ero-sennin, assim como com a autoestima daquele ser tão puro.
— Não tem de que! - falava cabisbaixa
— Elas só te intimidavam? - mal perguntei e ela começou a chorar, me deixando horrorizado ao levantar as mangas do casaco de moletom que vestia, mesmo sendo um dia quente. Ela estava cheia de hematomas e mordidas.
— C-c-como eu... T-t-tentei reagir da última vez... a K-Karin me mordeu... e elas m-me j-jogaram no chão e me c-chutaram. - falava entre os soluços. Ta, que aquelas três eram mimadas e irritantes eu sempre soube, mas daí a agredir uma garota tão frágil como aquela era demais.
— Naruto, avise Kushina-chan que a quero aqui amanhã, vou avisar os senhores Akuma e Furochisuto. Hyuuga-san, vou querer ver Hiashi-san também.
— Não, Jiraya-sama, por favor! Papai é muito ocupado, ele nunca pode ficar comigo quem dirá resolver os meus problemas. Eu não quero ser um problema. - foi aí que eu me dei conta. Até mesmo o pai dela a ignorava. Ela era brilhante, bonita e encantadora, mas nada disso a fez menos... Menos... Menos Invisível.
— Está bem, mas se isso se repetir, ele precisará saber! - repetir? Não, isso nunca mais iria acontecer, a partir de hoje, ela jamais seria invisível novamente, pelo menos não para mim!
— Eu cuido dela, Ero-sennin. - peguei a mão de Hinata que corou novamente, mas lhe sorri confiante, passando tal confiança para ela - Obrigado, ojii-san! - saí da sala ao lado da minha protegida, sim, ela seria a minha protegida a partir daquilo.

"E foi minha protegida até agora!"

— Uzumaki-san, muito obrigada, não sei como te agradecer! - aquele sorriso dela era tão bonito, tão radiante que eu fiquei feliz de ter ajudado para ele existir.
— Comece me chamando de Naruto, somos amigos agora, não?
— A-amigos? - espera. Ela era tão invisível assim? Ela não tinha amigos? Não, ela não tinha, tanto que pensei que ela iria ficar o dia todo me agradecendo por me tornar amigo dela.
— Sim, amigos! - um carro grande se aproximava, devia ser o motorista dela, já que ela era de uma família bem rica.
— Está na minha hora, mais uma vez, obrigada!
— De nada! - beijei sua testa, quase fazendo-a desmaiar, sem saber o porque daquilo. Não me julga, eu sou idiota! - Até amanhã, Hinata-chan!
— Até, Naruto-kun! - ela acenou para mim e entrou no carro, ainda sorrindo. Assim que ela se foi, peguei minha bike e fui para casa. Teria que enfrentar um furacão ruivo.

— Como assim a Karin tava fazendo bullying com uma menina da escola? - minha mãe sempre foi bem durona na nossa educação, nem sei como a Karin virou uma mimada desocupada o suficiente para atormentar alguém. Será as companhias? Acho que não! Ah, eu esqueci de me apresentar, não é mesmo? Eu sou Uzumaki Naruto, tenho 17 anos, assim como a Karin, minha irmã gêmea, sim, apesar de ruiva e estranha, ela é minha irmãzinha gêmea. Eu sou loiro e tenho olhos azuis, puxados de um homem que seria o meu pai, mas que simplesmente desapareceu assim que minha mãe engravidou de nós, a Karin teve a sorte de se parecer com ela, herdando seus cabelos vermelhos e olhos negros, mas acho que as atitudes dela se parecem com as do tal Minato, julgando pela canalhice dele. Moramos em um bairro simples, de classe média, graças ao esforço da minha mãe.
— Calma, kaa-chan, era só uma nerd! - falava como se aquilo lhe desculpasse, até que levou uma frigideirada leve da mamãe.
— Eu não quero saber, tá de castigo um mês sem sair e me dá seu celular! - a contragosto, minha irmã entregou o aparelho e foi para o quarto.
— Valeu, Naruto! - falou irônica.
— Onde foi que eu errei? - minha mãe se jogou no sofá - Sua oneechan está cada vez mais parecida com seu...
— Com o Minato, kaa-chan! - odiava que alguém dissesse que aquele cara era o meu pai, não, minha mãe fez o papel dele. Trabalhava duro para nos dar tudo o que precisávamos. Minha mãe tinha um pequeno salão de beleza, pequeno mais procurado, graças a Kami-sama, onde muitas madames vinham se embelezar, mas isso era recente. Por muitos anos ela, quando era jovem, da minha idade mais ou menos, foi empregada doméstica, tendo trabalhado na casa do Minato, que foi onde ele a seduziu com falsas promessas. O que aconteceu quando ela engravidou? Eles se mudaram, apenas o pai dele, que eu não faço a mínima ideia de quem seja, lhe entregou uma carta onde ele dizia para ela nos abortar e dava o dinheiro para o procedimento. Minha mãe, como a guerreira que sempre foi, apenas seguiu em frente, dando o dinheiro a um grupo que arrecadava fundos para um orfanato, ela não precisava de nada dele, apenas da gente! Foi mais ou menos quando o colégio fundado pelo Ero-sennin começou a dar lucro. Um colégio de classe média, nem entendo o porque de alguém como uma Hyuuga estudar ali, mas com um ótimo ensino, sendo um dos melhores de Konoha, nossa cidade, perto de Tóquio. Graças a isso, ele ajudou minha mãe, sua única filha, a nos criar, enquanto minha mãe fazia alguns serviços de cabeleireira em salões refinados, juntando dinheiro com sacrifício para montar o seu próprio e, assim, dar tudo o que sempre precisávamos e, se merecêssemos, queríamos. Eu sou muito grato por isso, mas minha irmã... - Karin-oneechan é muito arrogante, misturada com aquelas duas então...
— Ainda bem que você me entende, meu lindo! - ela me abraçou e me beijou, como sempre fazia - Tenho que voltar pro salão, o almoço tá pronto. - estalou as costas e voltou para o puxadinho ao lado, onde ficava seu espaço de trabalho. Eu fui até a cozinha e esquentei meu prato, a comida da mamãe era a melhor do mundo, mas tinha que comê-la rápido, tinha que ir trabalhar no lava-rápido do senhor Haruno. Sim, não sou como a minha querida irmãzinha, eu trabalho pra ajudar minha mãe e conseguir as minhas coisas.
— Naruto-nii-san! - uma garota de cabelos róseos veio me abraçar correndo. Haruno Sakura, filha do meu chefe e minha melhor amiga, sendo mais parecida comigo que minha própria gêmea. - Está atrasado! - seu sorriso virou uma expressão séria, era tão ligada ao lava-rápido quanto seu pai.
— Tive uns problemas na escola hoje... - cocei a cabeça, uma cabeça que só pensava em uma coisa, ou melhor, em uma pessoa. - Conheci uma pessoa invisível hoje, Sakura!
— Invisível? Como assim?
— Senta aí, eu te conto depois. Só posso te adiantar que ela é incrível.

"E olha que aí eu não tinha percebido bem um pouco do quanto Hyuuga Hinata era incrível. Ela mudaria a minha vida para sempre!"

Invisivel | ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora