15 de setembro de 2016 - The Project

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(Quinn)

Três cenas. É tudo que tenho de fazer e vou estar dispensada para gozar a minha folga. Três cenas com a atriz mais chata e intransigente do mundo, mas são apenas três cenas. Vamos lá, Quinn Fabray. Levanta dessa cama e vá desligar o alarme do despertador do seu celular que já deve estar incomodando Santiago no outro quarto às cinco e meia da manhã. Criei coragem e me levantei. Minhas costas doíam depois de três dias no dormitório do estúdio. Voltei para minha casa aproveitando a agenda da semana em gravar externas no Brooklin, onde a série se passava. Três cenas no Brooklin que em teoria deveriam terminar logo, mas a gente nunca poderia saber porque elas seriam feitas por Dianna Collins.

Veja bem, The Project era a nova série de comédia da ABC produzida pela Bad Things, agência produtora de maior crescimento de Nova York. Ao passo que toda a indústria praticamente se concentrava em Los Angeles, a Bad Things ganhou destaque na mídia por ser a empresa responsável por viabilizar projetos de sucesso e se sustentar em Nova York, o que se pensava não ser mais possível devido, inclusive, ao maior barateamento de produção no Canadá. Mas a Bad Things encontrou meios e muitos investidores da própria metrópole, porque se fazia fundamental fazer com que a cidade viabilizasse suas próprias produções. Até mesmo Woody Allen havia trocado as ruas de Manhattan pelas cidades européias para rodar os filmes dele por causa do custo, e isso era muito ruim.

A Bad Things foi montada em 2009 a princípio como uma agência de publicidade dirigida por jovens cineastas do circuito indie. Em 2011 a Bad Things conseguiu a primeira grande conta e fez uma campanha brilhante da Delta Airlines, vencedora de vários prêmios nacionais e internacionais. O dinheiro e a fama fizeram com que a agência crescesse rapidamente e pudesse capitanear investimentos para outros projetos. Em 2014, Gary Abrams conseguiu a primeira indicação a um Oscar de melhor roteiro original e melhor direção, Julian Scottfield uma indicação para o Oscar de melhor montagem, e Lana Reagan uma indicação ao Oscar de melhor direção de arte para o filme indie The Last Chance, que havia ganho Sundance e o festival de Tribeca em 2013, além de ter indicações a Cannes, ao Globo de Ouro e prêmios do sindicato. Apesar de ter ficado sem Oscars, The Last Chance foi o estouro da manada para a Bad Things. Isso e a decente bilheteria que o projeto conseguiu mesmo em circuito restrito.

Barbra Esteves viabilizou junto a investidores da Bad Things a construção dos estúdios em Nova Rochelle, que ficaram prontos em 2016. Era uma estrutura que barateava as produções em Nova York e era grande o suficiente para receber três produções ao mesmo tempo. Eram três complexos sendo que havia um galpão com espaço para carpintaria para a construção de cenários e onde ficavam guardados os equipamentos. Os outros dois galpões eram destinados às filmagens em si, além de ter algumas facilidades, como copa, dormitórios, salas de reunião, vestiários. Havia espaço para se construir fachadas externas caso fosse necessário, mas não era porque Nova Rochelle era uma cidade que conseguia prover bem diferentes cenários. Tinha um centro razoavelmente grande, casas de subúrbio, litoral, bosques caso precisássemos filmar em algum. Além disso, Nova Rochelle era vizinha ao Bronx e ficava a 45 minutos do centro de Manhattan de carro (e com trânsito livre). Melhor impossível.

A Bad Things mostrou que embora realmente fosse complicado e caro fazer qualquer produção em Manhattan ou em NYC, estar presente no estado de Nova York ainda era viável. Não era a toa que as prefeituras tanto de Nova Rochelle quando de NYC eram clientes.

The Project era a primeira produção feita nos estúdios novos em folha. A produção-executiva era de Gary Abrams, Liam Morrison e Lana Reagan. Mas o bebê, por assim dizer, era mesmo de Lana. Ela se afastou da coordenação do departamento de arte da Bad Things para se dedicar exclusivamente a primeira série da produtora. A premissa partia de um grupo amigos jornalistas , estudantes de uma universidade fictícia, que se envolviam num projeto de fazer o próprio centro de notícias baseadas na cidade também fictícia. E eles montam uma redação no apartamento em que dois deles dividiam. Além dos três produtores executivos, havia uma equipe de quatro roteiristas fixos que se revezavam (que incluíam Lana e Gary), os diretores também se revezavam, mas o diretor de fotografia e o diretor de arte eram fixos. Parte da equipe era da produtora (como eu), havia pessoas ligadas a ABC, e alguns outros profissionais contratados exclusivamente para este projeto em específico.

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