Capítulo 3 - Mundo

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Conforme os dias passavam, mais hipóteses eram criadas a respeito da causas do acidente. Nenhuma explicação coerente tinha vindo a publico o que dava margem para surgimento das conspirações.
— Algumas pessoas alegam ter visto rastros envolvendo o avião — comentava uma jornalista para seu companheiro de equipe.
— Besteira — pensou Jimmy antes de desligar a televisão.
No mesmo instante ele olhou para ver como estava a filha. Seus olhos se abriram ao vislumbrar as mãos dela erguidas a frente do rosto.
— Onde eu estou? — ela gritou.
Jimmy correu até ela e a tocou no ombro dizendo:
— Sou eu filha!
— Quem.... — a voz dela parou e então ela começou a emitir um som — Ahhhhhhhhh.... Meu deus o que está acontecendo comigo?! — ela gritou novamente enquanto tentava se levantar.
— Se acalme filha, sou eu, seu pai! — Jimmy tentou segura-la na cama.
Os olhos dela encaravam o teto, incapazes de perceber o homem ao seu lado.
— Quem está aí? Quem está aí? — ela começou a repetir sem parar — Meus deus, eu não consigo falar... está tudo escuro.
O desespero dela fez o próprio Jimmy entrar em pânico, ele apertou a companhia de emergência.
— Me solta! — ela começou a se debater — Onde eu estou?! — as unhas rasgaram as bochechas de Jimmy. Mas ele não deixou ela escapar.
Um grupo de enfermeiras chegou em instantes. Uma delas ajudou a conter a garota enquanto outra ia buscar um sedativo. Lágrimas começaram a cair dos olhos do homem ao ver a droga fazer efeito sobre a filha em cujos olhos sem vida também brotavam lágrimas de desespero.
— O senhor quer um calmante? — perguntou gentilmente Dena.
— Minha filha... Eu nunca vi ela assim — os olhos azuis e cansados do homem estavam vermelhos.
— É preciso entender, não é fácil acordar e se perceber sem poder enxergar ou escutar. Vocês precisaram ser fortes por ela.


Alguém colocou tocar Happy Nightmare do Focus na velha jukebox do bar. Dois homens que jogavam billar, olharam um para o outro ao reconhecerem a musica.
— Isso me faz lembrar das noites que nos reuníamos na casa do Joe — ele estourou o bolão — Você lembra?
— Se eu lembro? Foi nessa época que você começou com seus gostos esquisitos por mitologia e sei lá o que de terror.
O homem que usava uma camiseta abarrotada branca sorriu, se chamava Erryl.
— Deuses obscuros, Monty.
— É, que seja. — o homem que se chamava Monty vestia uma bermuda larga e uma camiseta azul sem estampa. Um estilo bem despojado para um investigador — Você ainda continua com isso, não é?
Erryl tomou um gole da sua cerveja.
— Sim...
— Ainda colecionando objetos esquisitos?
O homem de óculos sorriu.
— Sim
— Por que você não fez arqueologia e vez de se tornar professor, Erryl?
— Pelo mesmo motivo que você escolheu ser investigador, Monty, você não queria ver sua bunda levando tiro nas ruas todo santo dia, não é?
Monty encarou o amigo.
— Ah é mesmo, esqueci que você tem medo do escuro.
O amigo de Monty passou a mão me rosto, com evidente irritação.
— Claustrofobia cara, claustro-maldita-fobia, quantas vezes vou ter que falar que não tem nada haver com escuro?
Monty se limitou a dar um risinho.
— Seu gosto pelo obscuro se contradiz com seus medos, meu amigo.
O Professor só pode concordar com as palavras do homem de bermuda, e em silêncio caminhou em volta da mesa para encaçapar outra bola. Ficaram calados por um momento até Erryl retomar a conversa.
— Você tem alguma informação a respeito da queda do avião dessa semana?
Monty parou para pensar a respeito, tentando lembrar sobre o que ele se referia.
— A respeito da tragédia? — respondeu depois de um tempo — Infelizmente não tive tempo para acompanhar nada, e não chegou nada a respeito no meu departamento. As coisas estão meio loucas por lá devido as mortes esquisitas que tem ocorrido pelo estado.
— Entendo — respondeu Erryl desapontado.
— Mas o que há com o avião? Alguém que conhecia estava nele?
— Talvez — disse simplesmente o Professor.
— Sinto muito cara.
Erryl deu um riso.
— Não é como se fosse um conhecido.
— Então? — Monty esperou por mais explicações.
— Eu estava esperando um pacote vindo da Alemanha. A pessoa que me entregaria poderia estar naquele voo.
— Sério, Erryl? A internet não é mais suficiente? Agora tá pedindo para estranhos atravessarem oceanos para trazer essas esquisitices?
— É uma peça muito importante, Monty.
— E o que era?
— Um livro fossilizado.
— Que? — Monty perguntou enquanto ria.
— Isso mesmo.
— E você pagou adiantado?
— Acha que eu sou idiota, Monty?
O homem de bermudas ponderou enquanto dava a volta pela mesa se preparando para acertar a bola 8 – a ultima na mesa -, acreditando que ainda havia esperanças para seu amigo.
— Só paguei a metade, o restante ele iria pegar quando me entregasse o pacote.
Monty acertou o bolão desajeitadamente, e o mesmo caiu na caçapa.
— Você o quê, Erryl?
— Parece que eu venci — respondeu o professor ignorando a indignação do amigo.
— O cara provavelmente não estava naquele avião. Deve estar curtindo seu dinheiro.
— Acho improvável. — respondeu Erryl.
— Por que? Existe algum código de honra nesse meio?
Erryl encarou o olhar sarcástico do amigo e respondeu simplesmente:
— Pode ser algo do tipo. Além do mas, é só dinheiro...
— Se é só dinheiro, me dê seu salário, pra mim ele é muito mais do que isso, Erryl.
— Enfim — respondeu o Professor tentando encerrar a conversa — Se tiver alguma noticia pode me avisar?
Monty ficou em silêncio e só respondeu após um tempo.
— Pode ser...

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