A GAROTA PERDEU A CABEÇA, pensou Stephen. Ou talvez quando ela caiu tenha danificado o próprio cérebro ao bate-lo contra o crânio e fazer sua cabeça inevitavelmente confusa como se Zonzóbulos tivessem entrado em seu cérebro e montado acampamento. Essas eram as únicas explicações plausíveis para todas as besteiras que estavam saltando da sua boca.
Stephen não estava totalmente convencido de que ela era de fato quem alegava ser. Talvez tudo isso fosse fruto da sua imaginação, e o manicômio poderia estar agora mesmo procurando por uma doida fugitiva vestida de noiva.
No entanto, lá estavam eles, parados em frente ao prédio residencial mais elegante do Upper East Side. O porteiro até havia acenando com a cabeça formalmente para Presley quando ela descera de sua moto, parecendo conhece-la e nem um pouco surpreso pelo estado em que ela se encontrava.
Talvez isso fosse uma ocorrência cotidiana, no final das contas.
- Eu sabia! - Comemorou Presley, com o celular de Stephen em mãos. Quando ele parou a moto em frente ao prédio, a morena não se demorou em pedir o telefone dele emprestado - como se ela não pudesse nem mesmo aguentar até entrar em sua casa para fazer o que tinha de fazer.
Tá vendo? Maluca!, pensou Stephen.
O rapaz hesitou de primeira, achando que talvez ela estivesse querendo ligar para a polícia, mas logo a idéia se dissipou, porque, bem, ele a trouxe em segurança para casa. Então uma segunda idéia veio à sua cabeça: talvez ela quisesse passar o número do celular dela, o que não seria tão ruim, em todo caso.
Ele esticou o pescoço para olhar por cima da tela, mas só viu um emaranhado de letras e então descobriu que era péssimo em ler de cabeça para baixo. - O que você está fazendo?
Ela ergueu os olhos da tela. - Sabia que existe 0,02% de chance de se esbarrar com um assassino em série no meio da rua? Claro, considerando a sua cidade e as suas ocorrências de casos assim, esse número pode ser maior ou menor. - Ela balbuciou. - Nossa, imagina só, você tá andando por aí e de repente esbarra em uma pessoa aparentemente normal, mas não faz a mínima idéia de que na casa dela tem uma geladeira cheia de carne humana. - Ela arregalou os olhos, desconfiada. - O que tem na sua geladeira?
Em primeiro lugar, Stephen nem tinha uma casa, e a geladeira de Dexter congelava a manteiga e derretia o sorvete. Ele deu de ombros. - Água. E na sua?
Presley lançou um olhar intrigado em sua direção, como se tentasse captar algum traço de mentira em seu rosto. Como se existisse realmente alguma chance de Stephen ser um assassino-em-série-estuprador. Ele com certeza estava fora dessa categoria, mas já havia decidido em qual categoria Presley se encaixava: loucura. A garota não disse ou fez uma coisa normal desde que eles se conheceram, a tipo, meia hora atrás.
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As Quatro Estações do Namoro
RomanceEm toda sua vida, Presley Markey foi ensinada que existem muitos tipos de pessoas no mundo. No entanto, depois de vários relacionamentos desastrosos que acabaram em ursos gomosos e sorvete de baunilha, ela descobre que, no mundo do namoro, existem...