Ovelhinha

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" Foi quando meu pai me disse filha

Você é a ovelha negra da família

Agora é hora de você assumir

E sumir... 

 Baby, baby não adianta chamar,

Quando alguém está perdido

 Procurando se encontrar"

-Rita Lee -

Lucille Hayes, este era o nome comum e nada original que a "pequena grande Lucy", como a chamavam em sua cidade natal, tinha

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Lucille Hayes, este era o nome comum e nada original que a "pequena grande Lucy", como a chamavam em sua cidade natal, tinha.
E mesmo sendo dona de uma formidável beleza, Lucy nunca havia se interessado por nada na vida além de futebol e mesas de bilhar, hoobs que tradicionalmente era relembrada pela tediosa madrasta como coisas de "meninos". Mas para ela claramente não eram, já que fora criada no meio de três homens, tendo o pai e os dois meio irmãos, Lucy sempre se sentiu mais confortável nas mesmas atividades que eles, isto até os nada aclamados dezoito anos baterem em sua porta e ela nada feliz ser forçada a abrir:

_Já tivemos está conversa Lucille!- Brada ferozmente seu pai, este um homem quase careca, de jeans gastos e botas de cowboy._Me poupe de sua choradeira, se poupe! Nós poupe!- Inicia pegando um copo e um whisky velho que repetia todas as noites.

_Não estou chorando! Só disse que preciso de mais um tempo!- Exclama informada a garota de jeans claros e botas altas.

_E mais o que?!Um carro? Uma passagem só de ida? Dinheiro?- Desdenha ele que toma de uma vez o líquido do copo que mancha em algumas gotículas a espessa barba do homem._Vê se cresce garota!

Lucille sente um nó na garganta ao ouvi-lo falar isso, pois era exatamente o que sua madrasta/vilã sempre a dizia:

_Não acredito que está ouvindo aquela mulher!- Esbraveja sem pensar, ela que se arrepende em seguida.

Seu pai era um homem conservador, velho e teimoso, mas era poucas as vezes que ele realmente ficava bravo, e Lucy percebeu que aquela era uma destas vezes:

_Pai, eu não...-Antes mesmo de terminar a fala Lucille sente um baque gelado contra si, era a água fria que escorria de seu esguio corpo._Sua maluca!-Tremendo do frio Lucy tenta se limpar da água que a madrasta a lançará bem nas costas.

_Vamos ver se isso a dá um pouco de educação!- Sorrindo perversamente Perséfone segurava com as unhas compridas o balde vazio._Pare de colocar seu pai contra mim, ovelhinha!

_Ovelhinha?!Eu já te mostro...-Lucy ia partir pra cima da madrasta quando sentiu a mão firme de seu pai a jogar para longe da mulher.

_Já chega!- Gritou tão exaltado que suas veias saltaram._Eu já aguentei demais todas as suas brigas, durante anos é a mesma coisa!-Respira fundo o homem que vê temor nos olhos das duas._Desde que sua mãe á deixou aqui...-Começa olhando Lucy com desprezo._Você só traz dor para esta família, não posso permitir mais isso perto dos meus filhos!

_Pai?!- Lucy nem acredita nas palavras dele.

Ela sempre tinha que lidar com o desgosto de seu pai, pois ele a havia "ganhado" de um relacionamento infiel, neste sua mãe de verdade a abandonou logo que nasceu na porta de seu pai com uma insignificância total, e logo seguida ela partiu com o seu marido para longe.

Apesar dessas indiferenças, naquela situação era a primeira vez que ela o ouvia proferir tamanhas palavras que a perfuraram como pregos:

_Você é mesmo uma ovelha Lucy! Uma ovelha negra...-Desabafa o homem que se senta pesado na poltrona da sala._...por favor, só me dê o descanso que sempre lhe pedi!- Sem mais olha-la ele liga a TV e ignora completamente a filha que acabou de destruir.

_Claro, pai...-Lucy engole seco e se remexe um pouco, o choque ainda estridente em sua mente._Nunca mais o vou atormentar...adeus!

Lucy passa como um furacão pela madrasta, esta exibia um sorrisinho de lado apesar de estar mais surpresa que a garota pela atitude do pai. Este enfim tinha terminado de expulsa-la do único lugar que Lucille um dia se sentiu segura.

A morena fez sua mala, respirou fundo e olhou de volta para porta de seu quarto. Milhares de lembranças ao passar por ali a travam como álcool na ferida, momentos felizes como o dia que tinha ganhado o torneio de bilhar, ou o dia triste que correu do medo da tempestade até o colo de seu pai na sala. Tudo se resumia aquela porta, seus cruzamentos e traços, junto ao ranger da madeira desgastada sobre seus pés.
Lucy pensou em voltar a traz e pedir mais uma chance a seu pai, porém percebeu que até ela já estava cansada desse ciclo triste, no fim das contas os dois estavam se torturando por anos de silêncio, e agora que ele desabafou ela não tinha mais dúvidas.
Antes de ir, ela escreveu uma carta de despedida para os meio irmãos sem culpar ninguém pela sua partida, escondeu bem em baixo de seus travesseiros, deu lhes um beijo e partiu.
Segurou firme a mala enquanto passava pela porta de seu quarto, sua madrasta garantindo sua ida a acompanhou até a porta, mas Lucy a dispensou com um aceno.
Vendo a rendição dela Perséfone saiu sem falar nada, de volta para escuridão da casa, como um caramujo de volta a concha.
Lucy carregou a pequena mala pela porta da frente e espiou uma última vez seu pai ainda concentrado na TV, sem dar qualquer sinal de estar ciente dela ali atrás:

_Adeus... ovelhinha.

Sibilou tão baixo que nem seus próprios pensamentos contraditórios pudessem ouvir.

E assim Lucy deixou seu lar para ir em direção ao desconhecido mundo dos adultos expulsos de casa.

E quando ela pegou a maior quantidade de ônibus possíveis com seu pouco dinheiro foi que finalmente chegou em algum lugar que chamou sua atenção. Hayes havia entrado numa incrível cidade luminosa que fez seus olhos curiosos saltarem diante do brilho de luxúria, pecado e tentações que só Las Vegas tinha a oferecer...

 Hayes havia entrado numa incrível cidade luminosa que fez seus olhos curiosos saltarem diante do brilho de luxúria, pecado e tentações que só Las Vegas tinha a oferecer

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Continua?!

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